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Planejamento Urbano

- Publicada em 20 de Julho de 2023 às 21:26

Sem novos cortes de árvores, obras seguem no Parque da Harmonia

Com obras realizadas pelo consórcio Gam3 Parks, até o momento foram retiradas uma centena de árvores

Com obras realizadas pelo consórcio Gam3 Parks, até o momento foram retiradas uma centena de árvores


/ANA TERRA FIRMINO/JC
Bruna Suptitz e Isabelle Rieger
Bruna Suptitz e Isabelle Rieger
As obras do Parque da Harmonia, em Porto Alegre, protagonizam polêmica pelo menos desde o início do mês, quando vieram à tona denúncias sobre o corte de árvores no local - seja pela quantidade, seja pela forma como a intervenção foi realizada. Após as mobilizações, que repercutiram em duas reuniões na Câmara Municipal, o corte das árvores foi suspenso, e seguem as obras que fazem parte do contrato de concessão.
Até o momento, em um total de, em torno de 1,2 mil árvores, 103 foram cortadas - o consórcio Gam3 Parks, que detém a concessão do parque em conjunto com o trecho 1 da Orla do Guaíba, destaca que o montante representa 8% do total das árvores do local. Para ambientalistas, a referência é o número que teve o corte autorizado - 432, equivalente a um terço do total.
Embora a paisagem tenha despertado críticas nas últimas semanas, Carla Deboni, arquiteta da Gam3 Parks, diz que os cortes começaram em dezembro do ano passado e foram realizados, em sua maior parte, entre janeiro e fevereiro. O que chamou atenção agora foi a retirada da camada da superfície vegetal, "mas, o quanto antes, vamos retomar a plantação para que tire a impressão de terra arrasada", sustenta. A representante do consórcio argumenta, ainda, que a área é de aterro e que foi identificada a necessidade de realizar um sistema de saneamento, que motivou a derrubada da vegetação.
Para Paulo Brack, coordenador do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), o fato de ser aterro não justifica a intervenção. "Isso não diminui o povoamento que houve na área", defende. A entidade é uma que está à frente das mobilizações contrárias às intervenções em andamento e encaminhou na tarde desta quinta-feira, 20, um novo ofício ao Ministério Público Estadual com pareceres do que chama de "danos ao Parque da Harmonia".
No documento o InGá aponta "omissão e ausência de análise técnica pelo órgão ambiental acerca de degradação ambiental causada à fauna, à flora e à vegetação e a outros aspectos ambientais, decorrentes da falta de licenciamento ambiental do empreendimento na concessão". As informações apresentadas complementam denúncia feita no início do mês e a entidade volta a pedir a suspensão das atividades por parte da empresa concessionária.
Mesmo assim, as obras seguem. O primeiro parecer do Ministério Público, do dia 6 de julho, considerou "desnecessária" a paralisação. Em duas semanas, o consórcio projeta encerrar a atual etapa de intervenção, necessária para dar ao parque a condição de receber o Acampamento Farroupilha. "Após o evento, serão realizadas as edificações", informa Carla. Sobre a polêmica, ela afirma que "assumimos o compromisso de não cortar nenhuma árvore sem fazer a devida avaliação" e que todas as supressões serão compensadas, sendo que parte será replantada no próprio parque.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, responsável pelas informações sobre a obra por parte da prefeitura de Porto Alegre, não atendeu a reportagem.
 

Grupo se manifesta contra as intervenções no parque

Manifestantes reivindicam o fim das obras no Parque da Harmonia

Manifestantes reivindicam o fim das obras no Parque da Harmonia


/Isabelle Rieger/Especial/JC
Com cartazes em punho e gritos de "Salvem o Harmonia", no último domingo, 16, o Parque da Harmonia foi palco de manifestação contrária às obras. Grupos de ambientalistas e representantes políticos marcharam pela extensão da área e pelo Trecho 1 da Orla de Guaíba. Os coletivos pedem a paralisação imediata das ações realizadas pela concessionária Gam3 e reclamam das intervenções realizadas, considerando-as como desrespeitosas para a fauna e a flora da região.
"Queremos a formalidade do processo, até porque o projeto inicial está sendo contestado", alega Paulo Brack, coordenador do InGá, em referência à declaração de um dos sócios do consórcio. Ele fala em descaso por parte do poder público, que concedeu a licença para a realização das obras. "Consideramos que não houve resposta em relação à situação da flora e da fauna, o destino dela, a situação atual. O que que está sendo feito em relação a isso?", questiona.