Uma das mais tradicionais confeitarias de Porto Alegre chamou a atenção após fechar uma das operações no bairro onde começou há quase 40 anos. O motivo? Segundo os donos da Confeitaria Maranghello, redução de fluxo e falta de segurança pesaram na decisão, mas a razão principal foi outra. A marca, hoje com três lojas, vai abrir a quarta em uma das regiões icônicas do comércio da Capital.
A Maranghello vai desembarcar no Centro Histórico. Com isso, a empresa reforça um movimento que tem mais marcas. A coluna Minuto Varejo já mostrou diversos exemplos. Um dos mais recentes é o do Mercado Café Haiti, que abriu na rua Siqueira Campos, onde foi Mamma Mia até o pré-enchente. Mas há mais unidades de cosméticos e também de gastronomia, como cafeterias. Dados apurados pelo SindilojasPOA mostram que cresceu o número de comércios, pós-pandemia, e com novos perfis.
Na avenida Praia de Belas, a unidade funcionou até dia 28 de maio. A casa onde ficava a confeitaria foi do jornalista Cândido Norberto, falecido em 2009, e que atuou por décadas em grupos de comunicação. A operação ficava na esquina com a rua Bastian. Além do cardápio de doces, que é o carro-chefe da marca, havia também bufê para almoço, atendendo a demanda de quem trabalha na região.
Filial na rua Bastian com avenida Praia de Belas foi residência de Cândido Norberto
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O ponto abriu em janeiro de 2021. Como a região foi uma das mais impactadas pela pandemia de Covid-19, com trabalho remoto adotado por órgãos da Justiça, a queda de demanda é sentida ainda até hoje pelos negócios. O próprio Praia de Belas Shopping foi fortemente afetado e, mais recentemente, recompõe o movimento. Uma das apostas é ter mais atrativos de lazer e gastronomia.
A falta de segurança está ligada a furtos de fios de cobre de aparelhos de ar-condicionado. O comércio da região sofre com esses ataques. Segundo a Maranghello, foram diversos casos, mesmo tendo segurança privada.
Hoje a confeitaria tem unidade no Menino Deus, na rua Almirante Gonçalves, que é a principal, além de produção, e mais duas: na avenida José Bonifácio (onde foi Maomé), na vizinhança do Parque da Redenção, e no Shopping Total.
A quarta loja será na Praça da Alfândega, na esquina com a rua dos Andradas e onde foi uma filial da lancheria Subway. A reforma para abertura está em andamento. A previsão é em junho já estar funcionando.
No Centro, a Maranghello terá os doces e também refeições para dar conta da demanda. A unidade vai abrir cedo, por volta das 7h30m, e funcionar até as 18h ou mais. Vai depender do comportamento do fluxo.
"Este ponto na rua dos Andradas foi oportunidade que surgiu. O Centro Histórico sempre foi local importante para mim. Meu pai tinha banca no Mercado Público", conta a fundadora da confeitaria, Elena Maranghello.
"O Centro fez parte da minha história e sonhava em voltar", descreve Elena, com emoção, adiantando que uma das expectativas é já aproveitar o fluxo da Feira do Livro.
"Temos muitos clientes no Centro que frequentam outras lojas. Eles ficaram felizes com a notícia. Queremos estar junto nessa retomada da região após a enchente", pontua a proprietária.
A unidade terá os funcionários da operação da Praia de Belas e mais contratados. Hoje a Maranghello tem cerca de 70 pessoas em toda a operação. A unidade do Centro deve seguir ambiente e padrão que foram levados à loja da José Bonifácio.