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Patrícia Comunello

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Publicada em 30 de Outubro de 2024 às 18:34

Uma das ferragens mais antigas de Porto Alegre fechará loja e focará e-commerce

Ferragem Igor fechará loja na avenida Protásio Alves, onde começou em 1951

Ferragem Igor fechará loja na avenida Protásio Alves, onde começou em 1951

PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
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Nesta sexta-feira (1° de novembro), uma história de mais de 70 anos chegará ao fim no comércio de Porto Alegre. Uma das ferragens mais antigas da Capital vai fechar o ponto onde tudo começou, no limite dos bairros Bom Fim e Rio Branco, na borda do Centro Histórico em um dos polos de comércio de bairro.
Nesta sexta-feira (1° de novembro), uma história de mais de 70 anos chegará ao fim no comércio de Porto Alegre. Uma das ferragens mais antigas da Capital vai fechar o ponto onde tudo começou, no limite dos bairros Bom Fim e Rio Branco, na borda do Centro Histórico em um dos polos de comércio de bairro.
“Lá, na Igor, tem.” A frase, com pegada de jargão e repetida por décadas pela vizinhança e por clientes mais distantes, não poderá mais ser dita. Tudo porque não vai mais ter a Ferragem Igor no endereço onde estreou em 1951: avenida Protásio Alves, 46, que tem em frente o gigantesco complexo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). A marca pretende continuar e reforçar o braço digital da operação. Também tem outra loja na avenida Bento Gonçalves, na Casa Shop.
Pertinho da Igor, outra marca tradicional no cardápio da região saiu de cena, a Von Von, em 2023.
Tô muito emocionado”, confessa Beno Igor, que herdou o negócio do pai Bernardo Igor, imigrante judeu da Lituânia, ex-república socialista soviética e na fronteira com a Rússia, que desembarcou na cidade em meados dos anos de 1910. “Ainda mais agora que estamos tendo de mexer em tudo aqui e preparar a retirada de mercadorias”, cita ele. "A Igor vai me deixar sempre na lembrança."
Beno Igor herdou o negócio do pai Bernardo Igor, imigrante judeu da Lituânia | PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Beno Igor herdou o negócio do pai Bernardo Igor, imigrante judeu da Lituânia PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Como os proprietários do imóvel queriam elevar o aluguel, e o dono do varejo conta que não houve negociação para permanecer. 

Quando o imigrante Bernardo chegou, atuou como vidraceiro de porta em porta na região. Depois, nasceria a Igor, com serviço de vidros e mais a ferragem "ampliada". “Se vendia até lança-perfume (quando a droga popular no Carnaval ainda não era proibida), confete e brinquedo. Vendia de tudo“, recorda Igor. Também o entorno ainda não tinha nem o HCPA.
O atual dono, que por anos chegou a dividir a administração com outros irmãos, admite que quer “aproveitar os netos”, “um pouco mais a vida”. Igor fez 80 anos em 2024. “Mas não é fácil porque a gente tem a relação com as pessoas. Mas fico feliz porque onde vou me reconhecem”, comenta o comerciante.

A marca Igor já teve mais unidades na Capital, que fecharam nos anos recentes. Duas delas ficavam nas avenidas Assis Brasil e Cristóvão Colombo, a que mais vendia e foi encerrada porque o prédio foi vendido, segundo o dono. Atualmente, há uma loja na Casa Shop, na avenida Bento Gonçalves, na Zona Leste, mas que tem outra gestão. Mesmo sem o ponto físico na Protásio, o varejista pretende seguir com o site para vendas digital dos itens.
Operação sentiu os impactos de concorrentes como grandes redes, supermercados e até farmácia | PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Operação sentiu os impactos de concorrentes como grandes redes, supermercados e até farmácia PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC


Desde os anos de 2010 até o pós-pandemia, a concorrência de grandes redes de materiais de construção e para casa, supermercados e sites e marketplace impactou a bandeira de bairro e com atuação local. Mais recentemente, a oferta de produtos semelhantes por farmácias também acrescentou mais dificuldades, admitem os donos. 
No segmento de ferragens porto-alegrenses, a mais antiga, que ficava no Centro Historico, fechou as portas em 2022. Foi a Ferragem Gerhard, que tinha 98 anos de atividade. Segundo reportagem do JC, a terceira geração dos proprietários estava à frente do negócio a antes de fechar as portas.
A Von Von, que ficava na esquina da rua Ramiro Barcelos com avenida Osvaldo Aranha, encerrou trajetória de 50 anos anos porque não teve sucessão. O fundador, o também judeu Samuel Motyl, morreu em 2021. A família decidiu desativar o ponto, que agora é de uma farmácia, com o apelo irresistível da esquina.

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