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Minuto Varejo

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- Publicada em 13 de Junho de 2023 às 11:17

Americanas admite fraude financeira em rombo bilionário

Um dos efeitos da crise foi redução da área da loja em shopping de Porto Alegre, fechada para obras

Um dos efeitos da crise foi redução da área da loja em shopping de Porto Alegre, fechada para obras


PAULA SÓRIA/ESPECIAL/JC
O que era suspeita acaba de ser confirmado. O rombo bilionário que colocou em risco uma das maiores varejistas brasileiras foi causado por fraude de demonstrações financeiras e com envolvimento de ex-executivos da companhia. É o que diz fato relevante publicado no começo da manhã desta terça-feira (13) pela Americanas.
O que era suspeita acaba de ser confirmado. O rombo bilionário que colocou em risco uma das maiores varejistas brasileiras foi causado por fraude de demonstrações financeiras e com envolvimento de ex-executivos da companhia. É o que diz fato relevante publicado no começo da manhã desta terça-feira (13) pela Americanas.

• LEIA TAMBÉM: Americanas apresenta plano de recuperação judicial com aporte de R$ 10 bilhões

A varejista entrou em recuperação judicial (RJ) em janeiro deste ano no Brasil e ainda nos Estados Unidos, após vir à tona passivo de mais de R$ 20 bilhões. O caso levou à instalação deuma Comissão parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso.
Depois disso, a conta ultrapassou R$ 40 bilhões. No Rio Grande do Sul, a crise gerou redução do tamanho da operação logística em Gravataí e de tamanho de loja, como a do Moinhos Shopping, em Porto Alegre. 
O comunicado foi assinado por Camille Loyo Faria, diretora financeira e de relações com investidores da companhia. O relatório com "achados preliminares" foi apresentado por assessorres jurídicos na reunião do Conselho de Administração nessa segunda-feira (12). Os dados estão ligados a fatos narrados em Fato Relevante de 11 de janeiro de 2023 sobre lançamentos contábeis, diz a nova nota, e foi baseado em documentos entregues pelo comitê de investigação independente e documentos complementares identificados pela Administração e seus assessores.
Após conhecer o conteúdo, o Conselho de Administração orientou que os dados sejam levados a "autoridades competentes", além de avaliar medidas visando "ao ressarcimento dos danos causados pela fraude em suas demonstrações financeiras".
"Os documentos analisados indicam que as demonstrações financeiras da Companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas. Os documentos que deram origem ao relatório demonstram ainda os esforços da diretoria anterior para ocultar do Conselho de Administração e do mercado em geral a real situação de resultado e patrimonial da Companhia", afirma o Fato Relevante.
São descritas em linhas gerais como se davam as fraudes. Entre as situações, estão "contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (“VPC”), incentivos comerciais usualmente utilizados no varejo, que teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores".
Os lançamentos, dz a nota, teriam somado R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022. Ost valores não foram auditados na época. A cifra não tiveram lastro financeiro associado e "se deram majoritariamente na forma de lançamentos redutores da conta de fornecedores". O saldo teria ficado em R$ 17,7 bilhões. "A diferença de R$ 4 bilhões teve como contrapartidas lançamentos contábeis em outras contas do ativo da Companhia", explica a nota na área de relações com investidores do site da varejista.  
Para agravar a situação financeira, a gestão passada contratou financiamentos em bancos "sem aprovações societárias, todas inadequadamente contabilizadas no balanço patrimonial da companhia em setembro de 2022 na conta fornecedores, segundo o relatório. 
Um dos alertas do documento é que, como as operações que levaram à atual crise, não foram auditados, pode ter mudança de valores e do impacto para a estrutura contábil e financeira. "A expectativa da Administração é de que o impacto nos resultados mais recentes seja significativo", previne o relatório.

O comunicado lista nomes de executivos envolvidos nas ações consideradas fraudulentas, entre eles do ex-CEO Miguel Gutierrez, dos ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.