A inadimplência entre gaúchos e porto-alegrenses deu uma paradinha. Não cresceu e nem reduziu em agosto, segundo a última rodada do Indicador de Inadimplência calculado pela CDL Porto Alegre, divulgada nesta quarta-feira (14). No Estado, a taxa ficou em 29,3%, praticamente igual a de julho, que ficou em 29,4%. Em Porto Alegre, os atrasos atingem 31,6% das pessoas,
mesmo nível do mês anterior.
Desde fevereiro, quando a série do indicador calculado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) começa a ser formada, a taxa se elevou cerca de meio ponto percentual nas duas dimensões.
A CDL-POA usa como principal fonte para formar o perfil de pagamentos dos consumidores a base de informações restritivas da Boa Vista, com a situação de limitação de crédito, cheque ou protesto. A entidade aponta que o índice regional está acima da média nacional de 28,8%.
Nesta quarta-feira, a Fecomércio-RS também liberou nova edição da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores Gaúchos (Peic-RS), que aponta maior nível de atraso, de 39,4%, mas que teve recuo em relação a julho e interrompeu a sequência de 14 altas marginais consecutivas para o indicador.
"Contudo, o percentual segue muito acima da média histórica (27,7%) de atrasados", observa a entidade. Fecomércio-RS e CDL-POA seguem metodologias próprias de cada indicador, por isso taxas nominais diferentes.
A CDL-POA estimou que 2,6 milhões de residentes no Estado e 368,4 mil em Porto Alegre estão com débitos em atraso. O economista-chefe da entidade e coordenador do indicador, Oscar Frank, aponta efeitos da deflação de preços e das transferências de recursos via Auxilio Brasil, além do pagamento de benefícios para grupos como caminhoneiros e taxistas.
"As medidas do governo contribuíram para evitar aumentos do índice (inadimplência) em comparação com julho, opinou Frank, em nota, mas o economista-chefe observou que "o cenário econômico permanece desafiador" para o orçamento das famílias. Frank cita preços altos no acumulado de 12 meses, além de juros que encarecem financiamentos.
Outra frente, que é da geração de renda, o economista cita a "retomada consistente do emprego", mas valores abaixo do início da pandemia. "Fruto da perda do poder de compra do Real e dos níveis consideráveis de informalidade, cujos rendimentos, via de regra, são inferiores aos que possuem carteira assinada", associa o especialista.
O indicador de inadimplência também mostrou que as mulheres atrasam mais as contas (44,8% dos devedores), seguida por homens (43,3%) e 11,9% de pessoas que se consegue definir o gênero (nomes que, por exemplo, são compartilhados por ambos os sexos, que estão na base da Boa Vista). Em Porto Alegre, a taxa é de 47,3% entre as mulheres, 42,8% entre homens e 9,9% de não identificados.
A Peic-RS mostrou ainda que 95,2% das famílias estão endividadas, nível levemente superior a julho, que estava em 94,3%. A disparada do endividamento (que não significa atraso, mas sim existência de débitos para honrar) é visível no confronto com agosto de 2021, quando a condição atingia 79,3% das pessoas acima de 18 anos.