Um novo levantamento feito pela Kaspersky com 300 líderes de cibersegurança na América Latina revela uma desconexão entre a confiança dos responsáveis pela cibersegurança das empresas e a realidade operacional. Aliás, essa tem sido uma percepção constante, de diversos outros estudos do mercado, nos últimos anos.
Embora 98% dos entrevistados brasileiros afirmem que os dados e sistemas da empresa estão bem protegidos, os números mostram que muitas organizações permanecem vulneráveis.
De acordo com o relatório, 30% das empresas no Brasil não utilizam proteção endpoint (antivírus) e 34% não possuem firewall – tecnologias de proteção consideradas básicas.
Levando em conta soluções avançadas para detecção precoce de ataques, mais da metade (62%) usam serviços de Threat Intelligence (inteligência de ameaças), pouco mais de um terço (34%) já adotaram soluções de detecção e respostas estendidas Extended Detection and Response (XDR). Além disso, 31% usam soluções de endpoint de detecção e resposta Endpoint Detection and Response (EDR) e 42% usam Security Information and Event Management (SIEM) para correlacionar informações e eventos.
A análise de ferramentas e serviços indica que dificilmente a maioria das empresas entrevistadas conseguiria detectar e responder a um ataque em tempo hábil para neutralizá-lo antes dele ser bem-sucedido.
“Essa diferença entre expectativa e realidade evidencia a existência de uma falsa sensação de segurança. A cibersegurança eficaz se apoia em um tripé formado por pessoas, processos e tecnologia. Quando um desses pilares é negligenciado, a proteção corporativa se torna frágil e reativa”, analisa o gerente-executivo da Kaspersky no Brasil, Roberto Rebouças.
A pesquisa mostra também que a adoção de tecnologias avançadas — como XDR (Extended Detection and Response), SIEM (Security Information and Event Management) e EDR (Endpoint Detection and Response) — ainda irá evoluir nos próximos meses: 26% das empresas brasileiras afirmam que planejam implementar XDR, 30% pretendem adotar SIEM e 32% querem investir em EDR no próximo ano, mesmo sem utilizá-las atualmente.
Para os especialistas da Kaspersky, esse movimento demonstra um desejo positivo de evolução, mas traz riscos caso a implantação não seja precedida de planejamento prévio.
“Implementar soluções de alta complexidade sem estrutura interna, pessoal capacitado ou objetivos claros é como construir castelos de areia. As tecnologias falham porque a base é instável”, diz. Rebouças.