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Patricia Knebel

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Publicada em 10 de Junho de 2025 às 11:22

Relação entre corporates e startups é simbiótica, aponta Karina Lima

Head de startups da AWS destaca amadurecimento na implantação de projetos de IA em 2025

Head de startups da AWS destaca amadurecimento na implantação de projetos de IA em 2025

Marianne Tortorella/Divulgação/JC
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Com 20 anos de experiência em tecnologia em grandes multinacionais, Karina Lima, head de Startups da Amazon Web Services (AWS), tem uma carreira marcada pela reestruturação de times de alta-performance com propósito e pelo desenvolvimento de estratégias de crescimento de receita por expansão geográfica. Metade da sua jornada foi dedicada ao ecossistema de startups, o que lhe permite hoje entender os desafios e belezas da simbiose entre as corporates e jovens empresas.
Com 20 anos de experiência em tecnologia em grandes multinacionais, Karina Lima, head de Startups da Amazon Web Services (AWS), tem uma carreira marcada pela reestruturação de times de alta-performance com propósito e pelo desenvolvimento de estratégias de crescimento de receita por expansão geográfica. Metade da sua jornada foi dedicada ao ecossistema de startups, o que lhe permite hoje entender os desafios e belezas da simbiose entre as corporates e jovens empresas.
Nascida em uma favela do Rio de Janeiro, Kakal, como é chamada, estudou Artes e Administração, possui MBA pela COPPEAD/UFRJ e extensões pela Kaospillot na Dinamarca, Economia Comportamental na Universidade de Chicago, Inovação na Universidade de Tel-Aviv e ESG na EADA/ Barcelona.
Durante bate papo para o podcast Better Future, uma iniciativa do Jornal do Comércio, ela falou sobre o avanço da Inteligência Artificial. “A expansão dos Small Language Models (SLMs), dos agentes autônomos e a formação profissional nessa área são as principais apostas da AWS para acelerar a adoção da inteligência artificial no mercado brasileiro em 2025”, destaca.
Mercado Digital – Como você avalia a evolução da maturidade na relação entre as corporates e as startups?
Karina LimaMover uma grande corporação é muito mais difícil do que mover uma startup. As startups trazem muita agilidade para entrar nesse mundo novo que a era digital nos apresenta. Por outro lado, apoiar essas startups com demandas de negócio reais, que vão ajudá-las a alcançar o break even (ponto de equilíbrio) e serem mais saudáveis do ponto de vista de negócio, é fundamental, e é isso que a colaboração traz.
A relação entre as corporates e as startups é simbiótica, elas se interdependem — e é uma interdependência saudável, se a gente souber aproveitar bem. Claro que tem desafios, mas hoje em dia existe um respeito maior por essa diferença, e ela é bem-vinda, pois é o que chacoalha os dois lados para buscarem um equilíbrio maior.
Vemos iniciativas muito legais que vão desde o governo apoiando essa colaboração através do Open Innovation e também as grandes corporações hoje com suas próprias ‘garagens’, promovendo competições em torno de um desafio de negócio que a grande empresa, sozinha, demoraria muito mais tempo e gastaria mais recursos para resolver. Eu sou uma entusiasta dessa colaboração. A AWS, proativamente, promove essas conexões, o que vale também as universidades.
Da mesma forma, a colaboração entre grandes empresas e startups tem sido essencial para acelerar a transformação digital, um termo que a gente usa há muito tempo, mas que, para muitas empresas, ainda não chegou. A adoção tecnológica em larga escala não acontece sozinha.
Mercado Digital – Muitas startups estão desde o dia 1 com a AWS, como é o sentimento de ver essas empresas crescendo?
Karina – Dá aquele orgulho quase maternal. As startups foram os primeiros grandes clientes da AWS aqui no Brasil na adoção de nuvem. São unicórnios brasileiros que começaram conosco lá atrás, muito pequenos, e continuam até hoje. É o caso do Nubank, C6, iFood, Hotmart, Wellhub (antiga Gympass).
Aliás, dá muito orgulho do ecossistema empreendedor brasileiro. Independente de ser uma startup ou um pequeno ou grande empresário, existe essa beleza da gente ver que, mesmo em um ambiente de instabilidade, de um país em desenvolvimento, esses empreendedores têm a capacidade de gerir o negócio como se estivessem em cima de uma cama elástica. Isso também faz do nosso empreendedor o mais resiliente. Um empreendedor que consegue entender que ele vai passar por uma crise de curto prazo, mas que lá na frente consegue recuperar o fôlego, adapta o negócio e volta a crescer.
Mercado Digital – Qual que é o maior desafio hoje para essa adoção da IA nas empresas, sobretudo pequenas e médias?
Karina – É preciso informação e conhecimento, e nós, empresas, temos um papel fundamental em falar mais sobre isso. Também é fundamental entender que solução funciona para cada perfil de necessidade e, mais do que isso, o seu negócio precisa mesmo de uma IA? Às vezes, não precisa, basta uma revisão de processo. Essa cultura da AWS de trabalhar de trás para frente, a partir do problema que se está tentando resolver, para mim é a melhor forma de saber se você precisa investir em IA ou em qualquer outra tecnologia. Isso faz com que a gente preserve investimento. Se a gente tiver essa resposta, já está com metade do caminho andado.
Mercado Digital – O ano de 2025 vai ficar marcado como o da implementação mais robusta de soluções de IA pelas empresas?
Karina – Sim, estamos começando a ver implementações mais concretas de Inteligência Artificial. Uma tendência muito forte é a chegada do Small Language Models (SLMs), os pequenos modelos de linguagem que fazem muito sentido para as empresas do Brasil. Não temos que sair reinventando a roda, isso é muito custoso. Os agentes de IA, como o Amazon Q, também já são realidade. Já está acontecendo e, cada vez mais, as empresas terão mais flexibilidade para montar suas soluções, em um ambiente democrático, em que podem ter liberdade para usar o que quiserem.
Mercado Digital – Nessa direção, formar pessoas segue sendo o desafio número um?
Karina - Fundamental. Precisamos de talentos. Não tem como adotar tecnologia sem formação de pessoas, e levamos esse compromisso muito a sério. Para você ter uma ideia, até o ano passado, a AWS formou mais de 33 mil pessoas em inteligência artificial, junto com diversos parceiros.
Mercado Digital – Você tem uma formação bastante diversa, que inclui artes, administração, economia comportamental e inovação em diferentes países. De que forma essa trajetória multidisciplinar contribui para a sua carreira hoje?
Karina — É fundamental, especialmente nesse mundo de hoje, onde, com a inteligência artificial generativa, não sabemos mais o que esperar do futuro. Antes, a gente pensava em ciclos de formação de 30 anos: faculdade, especialização, mercado de trabalho e aposentadoria. Esses ciclos se reduziram para cerca de seis meses.
A cada semestre surge uma nova necessidade de aprendizado. O que aconteceu comigo não foi intencional, mas me ajuda demais. Cresci numa comunidade do Rio de Janeiro, com uma mãe professora que dizia: "A herança que você vai ter de mim é educação, o resto você se vira”. Ela fez faxina para pagar a própria faculdade e ver esse esforço para mim, foi muito importante.

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