A Universidade Feevale conquistou uma patente que reconhece oficialmente uma inovação tecnológica inédita que transforma resíduos em matéria-prima para fôrmas de calçados.
A invenção, desenvolvida pelos pesquisadores Carlos Leonardo Pandolfo Carone, Fernando Morisso, Patrice Monteiro de Aquim, Angela Beatrice Dewes Moura e Cláudia Trindade Oliveira, trata do reaproveitamento de resíduos industriais e agroindustriais. Mais especificamente, o resíduo de rebaixamento de couro Wet-Blue e a serragem de acácia-negra para a fabricação de fôrmas para calçados, peça essencial no processo de montagem do sapato.
Participaram da invenção, também, Leonardo Lucas Paulos Chika, Sandra Tessaro e Júlia Maia Heckler.
A tecnologia patenteada envolve uma nova formulação composta por polietileno de alta densidade (PEAD), laminado sintético de poliuretano reciclado (LAM) e um dos dois resíduos citados — o Wet-Blue, típico do setor coureiro, ou a serragem da acácia-negra, derivada da atividade agroindustrial.
Essa composição é transformada em um compósito capaz de substituir com desempenho técnico equivalente – e, em alguns pontos, superior – os materiais tradicionalmente usados na produção de fôrmas de calçados, como madeira e PEAD virgem.
“A inovação apresenta potencial redução de passivo ambiental, principalmente para as empresas do setor calçadista, obedecendo as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Há reintrodução de resíduos com forma de matéria-prima, possibilitando a diminuição dos custos de processo e aumento de valor agregado ao produto”, explica Carone. Segundo ele, a solução representa um avanço concreto na busca por alternativas mais econômicas e sustentáveis no setor produtivo calçadista.
A proporção ideal obtida pelos pesquisadores — 80% de PEAD, 17% de poliuretano reciclado e 3% de resíduo de couro ou serragem — possibilita a produção de fôrmas com ótimo desempenho técnico e processabilidade.
A proposta elimina ainda a necessidade do uso de insumos químicos auxiliares como plastificantes, compatibilizantes e aglomerantes, que costumam ser comuns em compósitos similares.