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Patricia Knebel

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Publicada em 25 de Dezembro de 2024 às 19:54

TJRS é referência global em resposta às catástrofes climáticas

Balestrin, Vanessa e o desembargador Hermann apresentaram projeto nos EUA

Balestrin, Vanessa e o desembargador Hermann apresentaram projeto nos EUA

Patricia Knebel/Divulgação/JC
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Sete meses depois das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) se tornou um exemplo mundial de como a inovação tecnológica e a agilidade na tomada de decisões podem mitigar os impactos de desastres climáticos.
Sete meses depois das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) se tornou um exemplo mundial de como a inovação tecnológica e a agilidade na tomada de decisões podem mitigar os impactos de desastres climáticos.
A instituição, que realizou a migração de sua infraestrutura tecnológica em tempo recorde devido às enchentes de 2024, apresentou esse case durante programação do AWS re:Invent 2024, que ocorreu em dezembro em Las Vegas e reuniu mais de 60 mil pessoas.
No evento, o caso do TJRS foi acompanhado por líderes globais, que estão atentos aos efeitos das mudanças climáticas e reconhecem a importância da celeridade no contexto da transformação digital. O projeto mostrou como a migração de sistemas para a nuvem garantiu tanto a continuidade dos serviços judiciais quanto a evolução tecnológica da instituição, que hoje conta com recursos mais avançados do que tinha anteriormente.
No primeiro semestre de 2024, com as enchentes em Porto Alegre, as águas do Guaíba atingiram áreas fundamentais para a operação do TJRS. Com a urgência de manter a prestação jurisdicional, a equipe técnica do Tribunal, em parceria com a AWS e o Serpro, tomou a decisão de migrar os sistemas para a nuvem, algo que precisava ser feito no menor prazo possível para não interromper as atividades da Justiça.
“Estávamos com programação de nove meses que virou três semanas”, comenta Paulo Cunha, Head of Public Sector South America da AWS.
O desembargador e diretor de segurança do TJRS, Ricardo Hermann, enfatiza que foi um feito realmente heroico, motivado pelo senso de comunidade e pelo comprometimento das pessoas envolvidas na operação.
“Fizemos um esforço enorme nosso para não parar um serviço público essencial e uma série de fatores foram muito positivos: dentre os colaboradores internos, nós temos um corpo de servidores excelente no tribunal, que tem que ser reconhecido, além de colaboradores externos e de uma liderança que compreendeu a relevância e a importância de tomar uma decisão tão corajosa naquele momento”, elogiou.
Para realizar a migração, mais de 200 TB de dados, 80 máquinas virtuais (VMs), 50 integrações e um banco de dados de 12 TB foram transferidos, garantindo o funcionamento dos sistemas judiciais mesmo com apagões e infraestrutura alagada. O esforço para manter o funcionamento do sistema trouxe lições valiosas para organizações do mundo todo.
“É um aprendizado que provavelmente vai servir para muitas outras empresas também”, avalia a diretora de Tecnologia e Informação do TJRS, Vanessa Barbisan. O resultado da migração foi um sucesso, destaca a executiva. “A gente fez até uma atualização tecnológica. Mudamos o banco de dados por um que roda na nuvem. Hoje o sistema está completamente estável. Uma realidade que não era essa antes da enchente. Então, podemos dizer, sim, que saímos melhor desse período desafiador", aponta.
Chegar a esse ponto, no entanto, não foi fácil. A gestora reconhece que, em um cenário tão adverso, é preciso saber conduzir a situação. “As pessoas que eu estava liderando estavam todas passando por dificuldades também. Como é que eu, como líder, poderia fazer com que elas trabalhassem além dos problemas particulares que estavam vivendo? A resposta: através do propósito de conseguir manter o sistema de justiça no ar e servir a população do estado”, reflete, elogiando o time.
O desafio enfrentado não foi apenas técnico, mas logístico também. O TJRS conseguiu executar a transição tecnológica em um contexto bastante adverso. “A gente migrou para a nuvem em condições de falta de óleo diesel para manter o data center e o gerador funcionando, trabalhando à noite e com as pessoas indo de barco”, lembra o assessor da presidência do TJRS para tecnologia e inovação, Alsones Balestrin.
“Isso foi superado exatamente por essa missão de manter o judiciário, que é um bem de primeira necessidade, funcionando”, acrescenta.

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