Ter ou Ser? Uma introdução ao pensamento humanista (Paidós-Planeta, 256 páginas, R$ 62,90), clássico moderno do grande psicanalista, filósofo e sociólogo alemão Erich Fromm (1900-1980), alemão radicado nos Estados Unidos, é uma crítica profunda ao materialismo em favor de uma vida com significado, na qual as pessoas tenham valor não apenas por bens que tenham, mas sobretudo por avançar em autoconhecimento e convívio melhor com o mundo e com os outros. Quase cinquenta anos depois de seu lançamento, a obra de Fromm permanece atual, numa sociedade de consumo em que as pessoas valorizam exageradamente o dinheiro, bens e luxos, ao invés de valores humanos, éticos e espirituais.
Erich Fromm era um humanista radical e pensava que as pessoas eram resultado de fatores culturais e biológicos, ao contrário de Freud, que privilegiava os aspectos inconscientes do psiquismo. Fromm analisou com acuidade o surgimento da era industrial, a perspectiva do progresso ilimitado, as promessas de domínio da natureza e abundância material, além da garantia da liberdade pessoal.
O fato é que essa sonhada realidade não chegou para todos. A prosperidade econômica se concentrou em poucas pessoas e nas nações ricas. Crescemos na ciência e na tecnologia, mas deixamos para trás valores humanistas e não conseguimos lidar com desigualdades várias. Fromm aborda a necessidade de buscarmos novas pessoas e novos mundos. No final da obra, escreveu: "Nossa única esperança reside na atração energizante de uma nova visão. Propor essa ou aquela reforma que não mude o sistema é inútil no longo prazo, já que não traz consigo a força propulsora de uma forte motivação. O objetivo 'utópico' é mais realista do que o 'realismo' dos lideres de hoje. A realização da nova sociedade e do novo Homem somente é possível se as antigas motivações do lucro, do poder e do intelecto forem substituídas por novas: ser, compartilhar, compreender; se o caráter mercadológico for substituído pelo caráter produtivo e amoroso; se a religião cibernética for substituída poar um novo e radical espírito humanista."
Nas últimas décadas, em vista de causas mundialmente bem conhecidas e diante, especialmente, da precariedade do atendimento médico público, sabe-se que o mal dos séculos XX e XXI é a depressão. A Organização Mundial da Saúde previu que, em 2030, ela será a doença mais comum no mundo. Os custos pessoais e coletivos são imensos e, segundo a OMS, estima-se que 450 milhões de pessoas são afetadas diretamene por transtornos mentais, a maioria delas em países em desenvolvimento. Nas Américas, depois dos Estados Unidos, o Brasil é o país com mais prevalência de depressão.
No momento é preciso falar não só de depressão, psicose, esquizofrenia e outras doenças mentais . É preciso falar de outro mal que afeta milhões no mundo, a ansiedade, que aumentou dramaticamente no mundo. A OMS estima que no mundo há 300 milhões de pessoas portadoras de ansiedade. Muitos falam que ela se tornou uma epidemia global - e o Brasil é o líder do ranking.
O filme Divertida Mente 2, dirigido por Kelsey Mann, trata da ansiedade de uma menina de 13 anos e teve como consultor científico das emoções o Dr. Dacher Keltner, psicólogo de 62 anos, professor da Universidade da Califórnia. A psicóloga Lisa Damour, especializada em mudanças mentais de meninas, também participou como consultora. Não por acaso, o filme já foi assistido por 20 milhões de pessoas no Brasil. É o filme mais visto em nosso País em todos os tempos, e o primeiro a atingir a marca. Em nível global, o filme já tem a segunda bilheteria na história do cinema e, pelo visto, vai chegar em primeiro.
No Divertida Mente 1, a protagonista Riley tinha onze anos e cinco emoções básicas integravam a animação: alegria, tristeza, raiva, nojo e medo. Riley tinha mudado de cidade e sua vida tinha se tornado uma bagunça. Neste Divertida Mente 2, Riley tem treze anos e está às voltas com novas emoções: ansiedade, inveja, tédio e vergonha. Elas decidem que a personalidade da jovem precisa renovação e aí assumem o comando da mente da garota.
A ansiedade, o ser laranjinha, toma conta da cena e joga as demais emoções para longe. Riley vai enfrentar desafios típicos da adolescência, como competir numa partida de hóquei e fazer amigos no ensino médio, enquanto descobre sobre si mesma e sobre quais caminhos pretende percorrer no futuro. Ela é a estrela do time, tem duas melhores amigas e pais compreensivos. Prestes a ingressar num acampamento de três dias, tem sua vida jogada de cabeça para baixo. A razão? A chegada da puberdade, com sentimentos de ansiedade, vergonha, tédio e inveja.
Os sentimentos embaralhados na mente da adolescente, apresentados com clareza, ciência, agilidade e humor, encantam crianças, adolescentes e adultos e já se pode antever que um Divertida Mente 3, quando Riley entrar na vida adulta, vai interessar. Nove anos depois do lançamento de Divertida Mente 1, a história segue com sucesso. O filme mostra que foram bem aproveitados os elementos do primeiro filme e apresentadas inovações.
Pacto Antenupcial Obrigatório (Thoth Editora, 176 páginas), de Cristiana Gomes Ferreira, Doutora e Mestre em Direito Privado pela Ufrgs e sócia da Garrastazu Advogados, propõe a construção de um novo modelo à luz da Análise Econômica do Direito e da Economia Comportamental. Após longos estudos e alentada pesquisa, a consagrada e experiente autora sugere o pacto antenupcial obrigatório.
Tratado geral das grandezas do ínfimo (Alfaguara, 112 páginas, R$ 90,00), do grande poeta Manoel de Barros (1916-2014), traz versos com o minúsculo universo das coisas e dos seres do Pantanal. Ciscos, formigas, lesmas e passarinhos estão na primeira parte do livro. Na segunda os haicais sobre a vida, o andar e os humanos. Nas páginas finais há fotos e documentos do autor.
A vendedora de cangas (Alcance, 302 páginas, R$ 78,90), de Pio Furtado, médico, escritor e professor, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, apresenta contos e novelas. Airton Ortiz, na apresentação, disse: "Pio reúne 15 contos e novelas,com uma linguagem surpreendente, de tirar o fôlego pela inventiva, mas sem perder a clareza do seu riquíssimo e inovador vocabulário. Uma aula de construção textual."
Certa dose de ansiedade é positiva, para ir adiante na vida, vencendo os desafios que surgem nas diferentes fases do caminho. É preciso conhecer a si mesmo, observar bem em volta e aos que nos cercam e não deixar que a ansiedade tome conta. Sobretudo, a melhor maneira de lidar com a ansiedade, para que não se torne angústia e bloqueio indesejado, é falar sobre ela e sobre suas causas. Divertida Mente 2 diverte e ajuda a todos nessa "era da ansiedade" e, claro, quando necessário, psicoterapias e medicação estão aí para que possamos viver com mais calma, prazer e alegria.
(Jaime Cimenti)