Gabriel Margonar e Thiago Copetti, especial para o JC
Após dois anos sem montar suas estruturas, estandes e palestras, devido às enxurradas que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024, a Transposul recebeu profissionais de logística e transporte ávidos por novidades. No Centro de Exposições da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), 27 mil pessoas percorrem caminhos que levam o setor ao futuro - acima dos 22 mil esperados pelos organizadores. Sustentabilidade e tecnologia conduziram os visitantes ao longo de quatro dias e estimularam a geração de mais de R$ 1,5 bilhão em negócios.
Visitas e negociações foram incentivadas, ainda, pelo fato de que, a partir de agora, a feira será bianual. Como o próximo evento ocorrerá apenas em 2027, a Transposul de 2025 ganhou ainda mais peso. Foram mais de 120 expositores, 70 palestras e muito networking.
“Encerramos quatro dias de evento com público recorde e vendas que certamente também atingiram patamar histórico. O tempo ajudou, o clima foi excelente e terminamos com aquele gostinho de quero mais”, brincou o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Rio Grande do Sul (Setcergs), Delmar Albarello.
Ao sair da feira o público transportou para sua bagagem pessoas e para as empresas a clara visão de como se faz uma logística sustentável e tecnologia - além de uma visão mais abrangente de gestão de pessoas, legislação e de tendências macroeconômicas e políticas.
Para o coordenador institucional da TranspoSul, Leandro Bortoncello, a edição de 2025 foi extremamente bem aproveitada por montadoras, pequenos comerciantes e empresas de serviços.
“Todos relataram fechamento de muitos contratos e já pediram inscrição para a próxima edição ainda na saída, para não perder espaço”, comemorou Bortoncello.
O executivo avaliou que, em tempos de Selic nas alturas (15% ao ano), ajudou na assinatura de contratos o maior volume de subsídio de juros oferecido pelas montadoras, estratégico para estimular negociações.
“Esse diferencial facilitou a tomada de decisão de muitos empresários, mesmo diante de um cenário econômico nacional que não é favorável. Isso contribuiu para que o volume de negócios fosse significativamente superior ao que se previa”, destacou.
Ao longo de quatro dias, um batalhão formado por cerca de 70 especialistas apontaram caminhos essenciais para quem lidera empresas de transporte e logística. Comunicação autêntica, uso estratégico da inteligência artificial, gestão sustentável de resíduos, equilíbrio emocional, ESG, conectividade, reforma tributária, pejotização e compliance com a ANTT formaram a “cartilha do gestor” revelada no congresso - um guia prático para enfrentar os desafios de hoje e preparar o setor para o futuro.
Um dos painelistas do evento, o ex- governador Germano Rigotto alertou que a polarização política e a falta de responsabilidade fiscal têm travado o crescimento do Brasil e impedido avanços em infraestrutura. Rigotto defendeu concessões e parcerias público-privadas como caminho para melhorar rodovias, portos e ferrovias, mas cobrou regulação mais eficiente para evitar abusos.
Segundo Rigotto, sem estabilidade política e reformas estruturais, o País continuará perdendo competitividade e o transporte de cargas seguirá enfrentando altos custos e gargalos logísticos.