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Publicada em 29 de Setembro de 2025 às 17:24

Caminhões a gás avançam nas estradas, mas o abastecimento ainda é desafio

Felix relata que, desde o ano de 2020, em torno de mil caminhões rodam com a nova matriz

Felix relata que, desde o ano de 2020, em torno de mil caminhões rodam com a nova matriz

BRENO BAUER/JC
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Thiago Copetti
Especial para o JC
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Menos poluentes, especialmente pelo lançamento reduzido de partículas prejudiciais aos seres humanos, em comparação com o diesel, os caminhões movidos a gás são uma das apostas da Scania na área de sustentabilidade. Ampliar o número de veículos rodando nas estradas com GNV, GLP e GNC, porém, ainda depende de um fator externo, sinaliza Alexandre Felix, gerente de negócios da Scania Brasil.
“Já colocamos, desde o ano de 2020, em torno de mil caminhões com essa matriz nas estradas. Do litoral sul ao nordeste, se consegue chegar tranquilamente com a rede de abastecimento disponível, o maior problema é no Interior do Brasil”, explica Felix.
A expansão desse modelo, diz o executivo, atende desde uma demanda de empresas que querem ter em seus balanços de ESG um fator diferencial de logística sustentável - e acaba levando transportadoras a aderir ao sistema.
O que temos feito é nos aproximar diretamente das companhias de gás de cada Estado para mostrar que há demanda, verificarmos com estãos os projetos de redes de abastecimento Brasil afora e tentar apoiar essa malha”, ressalta Felix.
Apesar dos benefícios, o avanço da tecnologia enfrenta obstáculos importantes. O principal deles é a infraestrutura de abastecimento. O executivo estima que o Brasil possui cerca de 2.000 postos com GNV, concentrados principalmente nas regiões Sudeste e Sul. No caso do GNC e do GLP, a presença é ainda mais restrita, dificultando rotas de longa distância e limitando o uso a trajetos urbanos ou regionais.
Na Transposul, a Scania começou a comercializar seus primeiros caminhões semi-novos com cilindros para armazenamento a gás. Essa segunda geração de caminhões sustentáveis, explica o executivo, dá a largada para um novo avanço do setor.
“A empresa que coloca um caminhão a gás no comércio de usados sinaliza que ela está também adquirindo novos veículos e, assim, dando a possibilidade de outras empresas comprarem o seu modelo movido a gás”, explica o gerente de negócios da Scania.
O executivo, ressalta, porém, que os preços desses modelos, hoje, são equivalentes aos de motor a diesel.
“Inicialmente custavam cerca de 25% mais, porque os motores eram importados. Como nacionalizamos essa produção e a demanda aumentou, os preços praticamente se equalizaram”, assegura Felix.
Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o número de caminhões licenciados com motorização a gás cresceu mais de 60% entre 2022 e 2024, embora ainda represente menos de 3% da frota total de pesados no país.
Os caminhões a gás têm atraído atenção principalmente por seu menor impacto ambiental. De acordo com o IBAMA e estudos do setor automotivo, veículos movidos a GNV e GNC podem emitir até 20% menos CO₂ do que seus equivalentes a diesel, além de produzirem quantidades significativamente menores de material particulado e óxidos de nitrogênio (NOx), substâncias associadas à poluição do ar e a doenças respiratórias.
Além do menor impacto ambiental, outra vantagem está no nível de ruído. Caminhões a gás são até 50% mais silenciosos, o que os torna ideais para operações urbanas noturnas e entregas em centros urbanos com restrições de ruído.

Energia solar sobre rodas

Carreta sustentável Ambipar

Carreta sustentável Ambipar

Ambipar/Divulgação/JC
Com capacidade de geração de 3 kWh, a Ambipar vem atendendo com caminhões dotados de painéis solares à demanda de clientes que, na terceirização, também buscam aumentar a sustentabilidade de seus negócios. O modelo foi um dos destaques da companhia na Transposul, conectado às baterias veiculares ao sol.
O sistema de baterias consegue armazenar até 11,5 kWh, de acordo com Hélio Matias, vice-presidente de logística da Ambipar. "Isso significa que nós podemos realizar até três descargas com a energia acumulada da primeira carga", explica o executivo, falando sobre a autonomia possível do equipamento.
Ainda que tenha um custo de instalação adicional, Mattias assegura que o tanque montado com o acréscimo das placas solares, das baterias de bombas, dos mangotes e todo o equipamento necessário para fazer a descarga, ao final é em grande parte compensada
"É difícil mensurar o ganho econômico. Em um primeiro momento, traz ganhos ao cliente que vai deixar de utilizar os seus próprios equipamentos, a energia que ele compra da rua e bem como o custo de manutenção dos equipamentos", pondera o executivo.
Atualmente a Ambipar opera com dois tanques em fase final de plano piloto em estudos, e avaliando a viabilidade de ampliar a frota solar. Em testes estão  o tempo para cada descarga e quanto demora para recarregar. "Os primeiros resultados são altamente alvissareiros e nos dizem que o equipamento tem condições de ser utilizado em larga escala", antecipa Mattias.
Além dos caminhões tanques e carretas sustentáveis, a empresa vem os acoplando a caminhões movidos 100% a biodiesel, que reduzem até 77% a emissão dos gases de efeito estufa.
"Ou seja, a gente está colocando dois projetos em um só: o caminhão movido 100% a biodiesel e uma carreta sustentável. É um projeto disruptivo, inovador. Hoje, o mundo globalizado busca as reduções, não só na parte de CO2, mas também na parte social e de governança. Então, esses são dois grandes  projetos que a Ambipar veio apresentar na Transposul", destaca Mattias.

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