O Ministério dos Transportes instituiu grupo de trabalho para acompanhamento da estruturação e recebimento de sugestões para o Projeto EF-170, que trata da concessão da Ferrogrão.
O grupo será coordenado pela pasta e contará com a participação de agentes da sociedade civil organizada, como entidades representativas de indígenas. A criação do grupo está em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 18 de outubro.
Há dez anos no papel e com custo estimado em R$ 21 bilhões, a Ferrogrão é um projeto de 933 quilômetros que pretende ligar a cidade de Sinop, em Mato Grosso, ao Porto de Mirituba, no Pará, formando um corredor de exportação para grãos produzidos na Região Centro-Oeste.
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A obra é cara ao agronegócio, que busca diminuir os custos do escoamento de grãos via trilhos. Empresários do setor esperam, com a implantação da ferrovia, reduzir o preço do frete em R$ 60,00 a tonelada, o que representaria um ganho de R$ 6 bilhões anuais para as empresas. Já ambientalistas criticam a ferrovia sob o argumento de que estimulará a ocupação ilegal das terras indígenas, mais desmatamento e emissões de carbono.
A portaria dos Transportes diz que o GT terá foco nos aspectos de "viabilidade socioambiental e econômica", nos instrumentos de "gestão de riscos socioambientais" e nas premissas de "participação e controle social" do Projeto da EF-170. A ideia é que a equipe identifique as partes interessadas no projeto e proponha os termos das condicionantes socioambientais para os estudos de viabilidade da Ferrogrão.
O GT também discutirá as circunstâncias em que será promovida pelo responsável, em conformidade com a legislação de regência, a consulta aos povos indígenas e comunidades tradicionais. "A elaboração e pactuação de um plano de consulta não será objeto deste Grupo de Trabalho, devendo ser realizado posteriormente ou paralelamente junto aos povos indígenas e comunidades tradicionais afetados", cita a portaria.
A equipe será formada por servidores da pasta e terá a participação, como convidados, "com direito a voz e voto", dos seguintes entes da sociedade civil: Rede Xingu ; Instituto Kabu; representantes dos autores da Ação Direta de Inconstitucionalidade 6553, protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo PSOL em 2021.
"Fazendo-se necessário, o Grupo de Trabalho poderá convidar e solicitar apoio técnico do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Infra S.A., Ministério dos Povos Indígenas, Fundação Nacional dos Povos Indígenas e quaisquer outras entidades e instituições, públicas ou privadas, que possam colaborar com os trabalhos", diz o ato. "O Grupo de Trabalho terá duração de 180 (cento e oitenta) dias, passível de prorrogação", acrescenta.
O presidente da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), Flávio Acatauassú, falou sobre a importância da Ferrogão para o escoamento de grãos nas regiões Norte e Centro-Oeste do País em audiência pública realizada no Senado Federal.
Em sua apresentação, o executivo falou sobre os custos logísticos envolvidos no transporte de cargas do país e os custos da não implementação da Ferrogrão. Ao responder aos questionamentos, explicou que a via rodoviária (BR 163) está com sua capacidade comprometida para atender à crescente demanda de escoamento de grãos na região.
"A Ferrogrão terá o mesmo traçado da BR 163. Não irá concorrer com a rodovia, mas sim complementar sua capacidade de transporte, juntando-se aos modais rodoviário e hidroviário, atuando em conjunto para oxigenar os Portos", detalhou.
A Ferrogrão está projetada para interligar os Portos de Mirituba, no Pará, ao município de Sinop, no Mato Grosso. A obra terá função estruturante importante para o escoamento da produção de milho, soja, algodão, açúcar e etanol, assim como para movimentação de combustíveis, fertilizantes e produtos manufaturados na Zona Franca de Manaus, dentre muitos outros.
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