Vinicius Brum
Vice-presidente da unidade de negócios da Falconi
Não é de hoje que as contas públicas enfrentam limitações de recursos, enquanto as necessidades sociais e estruturais do País seguem em expansão contínua. Nesse cenário de “cinto apertado”, os gestores enfrentam desafios em garantir mais qualidade com menos recursos, seja em relação ao orçamento ou ao tempo disponível.
Segundo dados da plataforma Tesouro Nacional Transparente, em 2024 a carga tributária bruta do governo geral atingiu 32,32% do PIB, 2,06 pontos percentuais acima do registrado em 2023. Embora menor do que o pico de 33,90% registrado quatro anos atrás, o número ainda reflete um ambiente de forte compromisso fiscal e pouco espaço orçamentário.
Nesse contexto, não basta recorrer a cortes lineares de despesas. O verdadeiro caminho é a gestão inteligente dos recursos públicos, apoiada em metodologias sólidas, dados e tecnologia. Plataformas de controle orçamentário em tempo real, indicadores de desempenho e análises preditivas já permitem identificar gargalos, reduzir desperdícios e redirecionar recursos para áreas estratégicas. Assim, governos podem ampliar serviços sem aumentar impostos ou comprometer entregas essenciais.
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Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) estima que elevar a qualidade das escolas pode aumentar o PIB em até 2,2 pontos percentuais ao ano. Casos práticos mostram que é possível alcançar ganhos expressivos de eficiência e ampliar a capacidade de investimento dos governos. No Rio de Janeiro, em 2024, foram implementadas políticas públicas para a educação, com base em gestão eficaz, planejamento e indicadores acompanhados em todos os níveis. A cidade saltou da 14ª para a 8ª posição no IDEB nos Anos Iniciais e da 11ª para a 5ª nos Anos Finais.
Não podemos mais fazer cortes aleatórios de gastos. O desafio é transformar cada real investido em impacto social mensurável. A gestão inteligente, aliada à tecnologia e à capacitação de gestores, é a chave para transformar restrições em oportunidades e entregar mais valor à população. O futuro do serviço público brasileiro depende dessa mudança de paradigma.