A substituição gradual do tradicional formato exclusivamente numérico do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) para um novo modelo alfanumérico pela Receita Federal vai ocorrer a partir de julho de 2026. Para a contadora Paula Abreu, graduada pela Pucrs e especialista em Perícia Judicial e Extrajudicial, as corporações vão enfrentar desafios operacionais e o contador terá papel estratégico nesse processo de transição.
Paula explica que essa transição exige adaptação, conhecimento técnico e orientação segura, o que posiciona o contador como uma peça chave. "Afinal, é o contador quem vai conduzir empresas, escritórios e sistemas à conformidade com o novo formato", cita.
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Segundo a contadora, o profissional contábil pode assumir um papel de facilitador dessa mudança, porém, ressalta que esses profissionais devem buscar conhecimento sobre o assunto e saber sobre os possíveis impactos para os seus clientes. "Esta é uma oportunidade de valorização dos serviços, fornecendo suporte e orientação a seus clientes sobre este assunto", destaca.
A contadora explica que a mudança anunciada pela Receita Federal visa ampliar a capacidade de registros diante do crescimento acelerado de empresas no Brasil, especialmente MEIs e startups. "Isso trará impactos significativos na rotina das organizações e dos profissionais da Contabilidade também no Rio Grande do Sul", projeta.
Paula diz que a principal alteração está na estrutura do número de identificação das empresas, que passará a incluir letras. Essa expansão permitirá um número exponencialmente maior de combinações, evitando o esgotamento do modelo atual. "Por outro lado, a mudança exigirá que empresas atualizem seus sistemas internos, ERPs, softwares contábeis e cadastros para aceitar o novo formato", informa.
A profissional detalha que documentos fiscais como NF-e, NFS-e e declarações acessórias também precisarão ser adaptados, o que demanda atenção redobrada na emissão e preenchimento de documentos. "A transição será gradual e não afetará os CNPJs já existentes", salienta.
Segundo a especialista, apenas novas inscrições seguirão o novo padrão, o que dá às empresas tempo para se preparar. "Ainda assim, é essencial que contadores, equipes de TI e empreendedores iniciem imediatamente os ajustes necessários para evitar falhas operacionais e inconsistências fiscais, garantindo, desse modo, a conformidade sem penalidades imediatas", aconselha.
Paula comenta que, para os profissionais da contabilidade, o novo CNPJ representa uma mudança estrutural que impacta diretamente sua rotina. Ela explica que sistemas como Sped, eSocial, EFDs e softwares internos precisarão ser atualizados para validar e processar os novos dados. Além disso, será necessário revisar cadastros, orientar clientes sobre o preenchimento correto de documentos e garantir que integrações com bancos e fornecedores estejam compatíveis com o novo formato. O acompanhamento contínuo da legislação será indispensável.
A contadora reforça que o profissional contábil pode assumir um papel consultivo essencial, especialmente para pequenas e médias empresas que desconhecem os impactos da mudança. "As áreas mais afetadas dentro das empresas serão a fiscal e a de Tecnologia da Informação (TI), responsáveis pela emissão de notas e envio de obrigações acessórias", cita.
A especialista destaca o papel das entidades de classe contábeis, como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS), na mediação com a Receita Federal e na promoção de treinamentos e capacitações. Para os profissionais que ainda não se atualizaram, o conselho é claro: buscar conhecimento, estudar os impactos e aproveitar a oportunidade de valorização da profissão. Com preparo técnico e postura proativa, o contador pode liderar a transição e consolidar sua importância estratégica no cenário empresarial brasileiro.