O profissional da área contábil é uma das principais linhas de defesa na detecção de fraudes corporativas. Porém, cabe à governança da entidade e de sua administração a prevenção e identificação de possíveis irregularidades.
"O contador também é uma peça chave na implementação de sistemas de controle para bloquear eventuais desvios e procedimentos inadequados nas empresas", informa Marcelo Edgar de Vargas Gais, membro da Comissão de Estudos de Auditoria Independente no Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS).
Gais, que é sócio de auditoria da Baker Tilly RS Auditores e auditor habilitado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Banco Central do Brasil (Bacen), reforça os aspectos éticos e os rigores das normas técnicas inerentes à profissão, bem como à legislação brasileira, que norteiam do trabalho contábil. "Os processos internos de todas as entidades, de uma maneira ou outra, acabam tendo os seus reflexos nas demonstrações contábeis. Então, em caso de falhas ou erros, o contador irá constatar", cita.
O especialista explica que cabe ao contador "duvidar" e confrontar regularmente as informações de todas as transações financeiras corporativas, com o objetivo de diagnosticar possíveis distorções e indícios de fraude ou erro.
Segundo Gais, sistemas de controle interno, como a segregação de funções e a auditoria interna, são essenciais para evitar fraudes e garantir a integridade dos registros contábeis. O especialista lembra que a auditoria externa também auxilia na detecção de fraudes.
As fraudes podem ser por manipulação de demonstrações financeiras: ocultação de passivos, inflação de ativos e reconhecimento de receitas fictícias; apropriação indébita: desvio de recursos financeiros da empresa para proveito próprio; corrupção: suborno e outras formas de corrupção que podem afetar as decisões financeiras da empresa.
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A governança corporativa, com políticas e procedimentos claros, ajuda a reduzir o risco de fraudes e aumentar a confiança dos investidores. As fraudes também podem gerar perdas financeiras significativas para a empresa e seus stakeholders. Além de danos à reputação, com prejuízos financeiros, afetando a credibilidade e valor de mercado. Entre os fatores de risco de fraude estão pressão por expectativas de terceiros e bônus e controle interno fraco.
Já o uso de tecnologia também é um dos fatores importantes contra eventuais fraudes corporativas, porém, ela deve ser integrada com outras medidas. "A prevenção de fraudes requer uma abordagem abrangente, que envolve controles internos eficazes, auditorias independentes, uma cultura de ética e boa governança corporativa", diz.
Gais informa que o CRCRS também atua para auxiliar a classe contábil gaúcha, com uma programação na qual realiza abordagens orientativas em relação a esse tema. "Nós promovemos, inclusive, há poucos dias, um webinar específico sobre fraudes, incluindo os objetivos e a responsabilidade do auditor em relação às fraudes. Também está agendado outro webinar para abordar o assunto no terceiro setor", diz.
O especialista salienta que o CRCRS enfatiza a importância do profissional da área contábil em se ater a essa questão de fraude e adotar medidas conforme o que estabelecem as normas de acompanhamento e monitoramento.