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Publicada em 09 de Junho de 2025 às 17:19

Mulheres empreendedoras ganham 32% menos e temem impacto das mudanças

Primeira edição do evento Women in Business ocorreu no final de maio, na cidade de Porto Alegre

Primeira edição do evento Women in Business ocorreu no final de maio, na cidade de Porto Alegre

Women in Business/Divulgação/JC
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A Reforma Tributária deixou de ser uma promessa e entrou oficialmente em sua fase de implementação. Com o período de transição previsto para começar em 2026, empresas que ainda não se prepararam já enfrentam desvantagens em um cenário que especialistas comparam ao impacto de uma nova moeda. A mudança vai além das alíquotas: ela atinge diretamente os modelos de negócio, exigindo revisão de contratos, fornecedores, processos internos e estratégias financeiras. Para as mulheres empreendedoras, o desafio é ainda maior.
A Reforma Tributária deixou de ser uma promessa e entrou oficialmente em sua fase de implementação. Com o período de transição previsto para começar em 2026, empresas que ainda não se prepararam já enfrentam desvantagens em um cenário que especialistas comparam ao impacto de uma nova moeda. A mudança vai além das alíquotas: ela atinge diretamente os modelos de negócio, exigindo revisão de contratos, fornecedores, processos internos e estratégias financeiras. Para as mulheres empreendedoras, o desafio é ainda maior.
No Brasil, elas seguem enfrentando barreiras estruturais como menor acesso a crédito e capital inicial reduzido. Dados nacionais mostram que a receita mediana anual dos MEIs homens é de R$ 77,3 mil, enquanto a das mulheres é de R$ 58,5 mil — uma diferença de 32%. Nesse contexto, a Reforma pode representar um ponto de inflexão, com a criação da categoria de nanoempreendedor e a promessa de simplificação gradual do sistema.
Mas, para isso, é preciso se antecipar. "Entender a Reforma Tributária deixou de ser uma opção e virou uma necessidade. As empresárias precisam se antecipar, porque essas mudanças vão impactar diretamente a gestão e a competitividade dos negócios liderados por mulheres", afirma Juliana Tescaro, diretora do Grupo Studio.
Nesse cenário, a compreensão sobre fluxo de caixa, margens tributadas, incentivos fiscais e reorganização operacional tornou-se urgente — inclusive para pequenos negócios. Para os Microempreendedores Individuais (MEIs), que somam mais de 15 milhões de registros no País e são, em grande parte, liderados por mulheres, as mudanças trazem tanto riscos quanto oportunidades.
A criação da categoria de "nanoempreendedor", que isenta dos novos tributos para rendimentos até R$ 40,5 mil anuais, pode beneficiar negócios de menor porte, mas também exigirá atualização e entendimento das novas regras. A realidade é que a complexidade tributária continua sendo uma barreira, e quem não estiver preparado poderá perder competitividade.
Com o objetivo de ampliar esse debate sob uma perspectiva estratégica e feminina, Juliana Tescaro promoveu no dia 29 de maio, em Porto Alegre, a primeira edição do evento Women in Business. O tema foi "Reforma Tributária — O que muda e como as empresas devem se preparar", com participação da especialista Grazi Mondin.
O encontro reuniu mulheres de diferentes segmentos empresariais e setores públicos para discutir os impactos da nova legislação tributária sobre a realidade das empresas. Juliana destacou em sua fala que "um dos pontos que mais chamou a atenção foi sobre como o consumo passa a ter um papel central no mercado pós-reforma tributária. O consumidor ganhará um poder que antes não tinha, e isso vai influenciar diretamente as dinâmicas de mercado — desde fusões de empresas até a própria arrecadação nos municípios, que perdem parte da autonomia nesse processo. Esse reposicionamento de forças merece atenção."
A vice-presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, Ana Tércia Lopes Rodrigues, também ressaltou a relevância do evento. "Precisamos de mais eventos como esse para fortalecer a pauta da reforma e, principalmente, empoderar mais mulheres nesse debate, que será central nos próximos anos". O encontro contou ainda com a presença de Ana Catarina Dantas Fontes da Cunha Lexau, procuradora municipal de Porto Alegre; Eduarda Vidal Trindade, advogada e empresária especializada em Direito Bancário e Tributário, que lidera uma equipe de 60 colaboradores em vários estados; e Luana Fleck, diretora do Grupo Ouro e Prata.
 

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