Já viu aquela frase pendurada em bares, minimercados e botecos: "Fiado só amanhã"? É exatamente o mesmo sentimento que tenho em relação ao título deste artigo. Quando chegará a nossa vez? Por que nosso futuro parece cada vez mais distante? Onde está a solução para encurtarmos essa distância?
Atualmente, o Brasil oferece diversos benefícios para a população mais carente, como o Bolsa Família, cujo objetivo é desenvolver a cidadania e não apenas promover o assistencialismo. Mas você sabe qual a diferença entre esses dois conceitos?
Assistencialismo refere-se ao alívio imediato de necessidades básicas, como comida, abrigo ou dinheiro, sem necessariamente promover a autonomia dos beneficiários a longo prazo. Já a cidadania está ligada ao acesso a direitos fundamentais, como educação, saúde, trabalho e moradia, promovendo a inclusão social e a autonomia dos cidadãos.
Agora que entendemos essa diferença, fica claro que a autonomia deveria ser o objetivo final. Ou seja, os auxílios deveriam diminuir à medida que os cidadãos se tornam mais autossuficientes. Contudo, a realidade parece ser outra. E não, eu não sou contra os benefícios sociais. Pelo contrário, sou a favor, desde que sejam usados de forma adequada.
Um exemplo claro é o seguro-desemprego. É um ótimo auxílio em momentos de necessidade, mas será que é sempre utilizado da melhor maneira? Quantas pessoas conhecemos que aguardam pacientemente o momento de serem demitidas só para garantir o benefício? Ou aquelas que forçam sua demissão para "não perder seus direitos"? Isso realmente desenvolve cidadãos ou "cidadões"?
Este contexto nos leva ao recente caso envolvendo o Bolsa Família e as apostas online, também conhecidas como bets. Parte dos recursos de um benefício criado para garantir a sobrevivência de milhões de brasileiros foi parar nas mãos de plataformas de apostas. Segundo fontes recentes, cerca de R$ 3 bilhões foram enviados para esses sites por 5 milhões de beneficiários via Pix, apenas em agosto de 2024.
Esse dado é alarmante e deveria chocar até mesmo aquele brasileiro que, por exemplo, está afastado pelo SUS, simulando uma enfermidade para continuar recebendo benefícios enquanto vive em condições privilegiadas. Como podemos aceitar que um programa financiado pelos impostos de todos os cidadãos, destinado a reduzir a pobreza e garantir sua dignidade, seja utilizado pelas famílias em apostas online? A pergunta que surge é: de quem é a culpa? Muitos apontam o governo como o principal responsável, mas será que a culpa recai apenas sobre ele?
Como disse Roberto Shinyashiki: "Quem quer fazer alguma coisa encontra um meio. Quem não quer fazer nada encontra uma desculpa." Temos muitos benefícios sociais no Brasil, como o Bolsa Família, o Seguro-Desemprego, o Vale Gás, Auxílio Estudantil, entre outros. O problema não está apenas na existência desses auxílios, mas em como eles são utilizados e fiscalizados.
Então, qual seria a solução? Uma resposta óbvia e antiga: educação. O Bolsa Família já condiciona o recebimento do benefício à frequência escolar de menores de 18 anos. No entanto, será que essa educação está realmente funcionando? A cultura do "jeitinho" e da malandragem persiste porque, em muitos lares, a educação formal não é vista como o caminho para o sucesso.
Enquanto continuarmos a idolatrar influenciadores sem formação e desvalorizarmos o papel da educação, veremos essas situações se repetirem. A solução passa por fortalecer o sistema educacional e, principalmente, por conscientizar as famílias da importância de investir no futuro através do aprendizado e concomitantemente é essencial que o governo implemente barreiras ao uso indevido dos recursos e incentive uma cultura de responsabilidade financeira entre os beneficiários através da educação financeira e regulamentação mais rígida.
Por fim, deixo uma reflexão: vale a pena para alguns políticos investir em educação? Será que um povo crítico e bem-educado colocaria muitos dos nossos atuais líderes no poder?