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Publicada em 10 de Agosto de 2024 às 16:00

Nutrire quer levar alimentação para cães e gatos de 100 países

Executivo destaca o objetivo de dobrar a produção em cinco anos, de forma a ampliar a participação nos mercados

Executivo destaca o objetivo de dobrar a produção em cinco anos, de forma a ampliar a participação nos mercados

Nutrire/Divulgação/JC
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Roberto Hunoff
Roberto Hunoff Jornalista
Desde seu primeiro negócio, uma empresa familiar com pai e irmãos, Gerson Luiz Simonaggio sempre colocou o mercado externo como prioridade estratégica. Foi assim em uma fabricante de embalagens plásticas, da qual foi sócio, e segue como premissa na Nutrire, criada em 2001 para produção de alimentos balanceados para cães e gatos, também conhecida como nutrição petfood. Atualmente, emprega mais de 420 colaboradores em duas plantas produtivas.
Desde seu primeiro negócio, uma empresa familiar com pai e irmãos, Gerson Luiz Simonaggio sempre colocou o mercado externo como prioridade estratégica. Foi assim em uma fabricante de embalagens plásticas, da qual foi sócio, e segue como premissa na Nutrire, criada em 2001 para produção de alimentos balanceados para cães e gatos, também conhecida como nutrição petfood. Atualmente, emprega mais de 420 colaboradores em duas plantas produtivas.
A primeira venda para o exterior foi em 2004, para o Uruguai, iniciando um movimento que alcança 52 países de três continentes e coloca a Nutrire na liderança nacional do ranking de exportação de alimentos pet. O próximo objetivo em andamento é levar, até 2028, os produtos para cães e gatos de 100 países, motivo que orientou investimento de R$ 15 milhões para elevar e qualificar a capacidade fabril, que deverá chegar a 950 toneladas/dia.
Empresas & Negócios - Quais estratégias foram determinantes para a Nutrire ser, atualmente, a maior exportadora brasileira de alimentos para o segmento pet?
Gerson Luiz Simonaggio - Na empresa familiar, que começou produzindo bombas de chimarrão, em 1973, e posteriormente agregou utilidades domésticas, entendia que era fundamental investir no mercado externo para ter diversidade de clientes para não depender exclusivamente das vendas internas. Mas para consolidar este projeto tinha em mente que era necessário investir em tecnologias, embalagens, portfólio diversificado, qualidade e produto adequado ao mercado para ser competitivo. Inicialmente, se vendia por meio de comerciais exportadoras localizadas na fronteira do Rio Grande do Sul. A primeira exportação direta foi para a Argentina, em 1990, que abriu espaços para outros mercados. Foi o período em que a empresa teve um crescimento exponencial. Esta visão reproduzi em uma empresa de embalagens plásticas, na qual fui sócio, e agora é aplicada na Nutrire.
E&N - Como surgiu a Nutrire?
Simonaggio - A empresa de embalagens foi montada por dois sócios, em Bento Gonçalves, para atender o segmento pet. Acabei me envolvendo com a atividade porque atendia os maiores players. Naquela época, o crescimento do mercado pet era de 15% a 18% por ano. Vendo esta evolução deixei a sociedade e investi na Nutrire, que foi criada em outubro de 2001 e entrou em operação no ano seguinte, no local em que estamos até hoje.
E&N - Quando tiveram início as exportações na Nutrire?
Simonaggio - A primeira venda externa foi para o Uruguai, em 2004. Com apoio da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, começamos um intenso trabalho externo, que deve ser contínuo, de muita persistência, de valorização do mercado e dos relacionamentos que se faz. Com participação em feiras, fomos entendendo como funcionam os mercados, encontrando os parceiros ideais e a necessidade de adaptação dos produtos. Também investimos em marcas próprias para atender oportunidades que surgem nos países. Hoje temos 50% da receita proveniente de exportações para 52 países.
E&N - O produto exportado é o mesmo vendido no Brasil?
Simonaggio - Absolutamente o mesmo. O nosso maior desafio é tentar adequar o produto aos 53 países, incluído o Brasil. É um trabalho contínuo, especialmente em P&D e marketing. Importante também encontrar um bom parceiro para ajudar a adequar o produto, além da questão burocrática. O registro da marca em alguns países pode demorar de seis meses a três anos.
E&N - Quais os planos de crescimento no mercado externo?
Simonaggio - Com o projeto de dobrar a produção em cinco anos, queremos ampliar a participação nos mercados e o faturamento. Em 2012, iniciamos um trabalho diferenciado, de profissionalização na área de mercado externo, porque as demandas e exigências, sanitárias e burocráticas, são inúmeras. Temos agentes residentes nos países, representando a marca e prospectando oportunidades. Somente no ano passado, abrimos frentes comerciais em 12 novos países. A ideia é cada vez mais intensificar este trabalho, que também contempla feiras, para dar mais visibilidade ao produto e gerar oportunidade de negócios.
E&N - Como é a representatividade da Nutrire no mercado mundial de comida pet?
Simonaggio - Temos uma presença forte, mas os mercados são muito grandes. Só o dos Estados Unidos é quatro a cinco vezes maior que o do Brasil, considerado o terceiro maior mercado pet. A concorrência é com grandes empresas multinacionais. No Brasil somos o maior exportador de alimento seco para gatos e cães.
E&N - Diante deste quadro, é possível um projeto de produção externa?
Simonaggio - É uma situação bem latente. Cada vez mais temos de estar próximos aos mercados que estão consumindo os produtos. Também existem muitas barreiras protecionistas, dificuldade com algumas matérias-primas e, até mesmo, a possibilidade de o Brasil ter problemas sanitários. Por isso, estrategicamente, é importante termos a possibilidade da produção externa.
E&N - Qual a estrutura fabril da empresa?
Simonaggio - Em Garibaldi, temos duas linhas de produção, com operação 24 horas por dia. São 10 toneladas por hora em cada linha. Esta planta responde por todos produtos direcionados à exportação, além dos mercados da Região Sul. Em Poços de Caldas, em Minas Gerais, inaugurada em 2016, são duas linhas de produção, com capacidade para 16 toneladas por hora no total, em dois turnos, para atender os estados das regiões Sudeste, Norte e Nordeste.
E&N - Estes números devem mudar...
Simonaggio - Estamos investindo R$ 15 milhões para aumento da capacidade fabril em Garibaldi, que será feito de forma gradual até 2028. O projeto envolve recebimento da matéria-prima, laboratório e aquisição de equipamento que automatiza todo o empacotamento. Desta forma, dobraremos a capacidade de empacotamento e, automaticamente, a produção. Resulta, também, em benefícios diretos para o meio ambiente, com redução em cerca de 20% do consumo de filme strech, utilizado na paletização dos volumes. Ainda diminui o consumo de energia e emite menos gases de efeito estufa associado a industrialização. O ganho de eficiência energética é fundamental para o compromisso sustentável. Esse cuidado até alinhado ao projeto Greenlike, iniciado em 2021 com o objetivo de atingir toda a cadeia de fornecimento da empresa, distribuidores, lojistas e consumidores para a conscientização social e ambiental.
E&N - Como a empresa está posicionada no mercado doméstico?
Simonaggio - Quando começamos, eram 55 fábricas; hoje, são mais de 200. Acredito que estejamos entre o oitavo e nono lugar em termos de produção e participação de mercado, e trabalhamos para melhorar esta posição. Hoje, a capacidade instalada nas fábricas em geral está 50% ociosa. É um mercado muito competitivo, porque a exigência é por produtos de qualidade. Um problema sério é a informalidade. Distribuímos amostras grátis nas clínicas, pet shop, agropecuárias e supermercados. Faz muita diferença quando o tutor elogia o produto junto a estes canais. O fato de vendermos em 52 países distintos é um desafio, mas ao mesmo tempo contribui muito para visualizarmos oportunidades e alcançarmos o diferencial competitivo.
E&N - Quais os grandes entraves deste segmento?
Simonaggio - No mercado externo, questão logística, principalmente portos, e o protecionismo. Internamente, surge um novo concorrente todos os meses e tem a carga tributária de 52%. Nos Estados Unidos, o imposto é de 19% e chega a nove por cento em outros países. No Brasil o alimento para animais de estimação é considerado supérfluo.
 

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