Uma das principais indústrias de papel e embalagens sustentáveis do Brasil, a Irani celebrou 82 anos. Ao longo de mais de oito décadas, a empresa, que conta com 2,3 mil colaboradores, vem contribuindo para o desenvolvimento econômico e social das regiões em torno das unidades em Campina da Alegria, município de Vargem Bonita (SC), onde foi fundada, em Balneário Pinhal (RS), em Indaiatuba (SP), e Santa Luzia (MG). A companhia ainda conta com escritórios em Porto Alegre (RS) e Joaçaba (SC). Em constante crescimento nesse período, a Irani se tornou referência ao fabricar produtos 100% recicláveis a partir de recursos naturais renováveis e por ter sido a segunda empresa no mundo do setor de papel a emitir créditos de carbono pelo Protocolo de Kyoto. No comando da empresa, Sérgio Ribas, que também é diretor-presidente do Grupo Habitasul, aplica seus conhecimentos em Administração (formado pela UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa) e obtidos nos MBAs pela Universidade de São Paulo e pela Boston University, além do pós-graduação em Administração Pública pela Fundação Getulio Vargas. O executivo tem como propósito mobilizar pessoas e empresas para um mundo mais sustentável e próspero.
Empresas & Negócios - Como é a história da Irani na relação com as questões de sustentabilidade nesses mais de 80 anos?
Sérgio Ribas - A companhia fabrica produtos 100% recicláveis a partir de recursos naturais renováveis e sempre foi pioneira em ter um olhar atento para o crescimento de forma sustentável. Muito antes de a pauta ambiental entrar na rotina das grandes organizações, o conceito de sustentabilidade já tomava corpo na empresa. Afinal, seu negócio vai além da manufatura de papel e embalagem. Simplicidade, ética, transparência, empreendedorismo, inovação, pessoas e clientes fazem parte do nosso dia a dia desde os seus primórdios. A Irani é uma empresa Balanço Carbono Positivo por Natureza e é a primeira empresa brasileira a certificar um inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE), de acordo com a ISO 14064:2006, sendo a segunda companhia do mundo a emitir créditos de carbono pelo Protocolo de Kyoto. Também é signatária e apoiadora Movimento ODS SC da ONU e assumiu compromissos públicos ESG atrelados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, até 2030, de reduzir em 30% o uso específico de água por tonelada produzida, ser autossuficiente em geração de energia renovável, zerar o envio de resíduos não perigosos para aterros e aumentar em 20% o saldo positivo entre emissões e remoções dos gases de efeito estufa.
E&N - Qual o perfil da empresa hoje em termos de faturamento, colaboradores e unidades espalhadas pelo País?
Ribas - As ações de engajamento e estímulo ao bem-estar no ambiente de trabalho impactam diretamente nos resultados do negócio. A Irani registrou recorde de lucro líquido em 2022, atingindo a marca de R$ 378 milhões, o que representa expansão de 32,6% em relação ao ano anterior. Hoje, contamos com 2,3 mil colaboradores em nossas unidades em Campina da Alegria (SC), em Balneário Pinhal (RS), em Indaiatuba (SP), e Santa Luzia (MG). O olhar para as nossas pessoas é premissa para companhia e temos orgulho de estarmos no Top 30 do ranking nacional de Melhores Empresas Para Trabalhar (GPTW - Great Place To Work) de 2023.
E&N - A empresa está alinhada às boas práticas da economia circular?
Ribas - A Irani tem 77% da produção nas unidades fabris de Santa Luzia (MG) e de Campina da Alegria (SC) oriunda da reciclagem de aparas (dado consolidade UDM 3T23). As embalagens pós consumo retornam ao processo produtivo da Irani como matéria-prima em um processo de economia circular. Os plásticos que são retirados em meio às aparas de papel e papelão também são reciclados na planta de reciclagem. Em 2022, por exemplo, foram mais de 1,3 mil toneladas de plástico recicladas, fortalecendo a economia circular em torno das unidades da empresa, além de ser uma ação com foco na sustentabilidade e no meio ambiente.
E&N - A Irani investe em embalagens de papel para ser opção ao plástico?
Ribas - Um dos desafios do segmento está em desenvolver novas barreiras para o papel visando ampliar o seu uso em prol de embalagens mais sustentáveis. Uma pesquisa, realizada pela Two Sides com 10 mil consumidores em 16 países, demonstrou que o papel é identificado como a solução para embalagens sustentáveis, levando em consideração atributos como biodegradabilidade, facilidade de reciclagem, efetividade em custo, entre outros. O mercado de embalagens sustentáveis também é impulsionado pelo e-commerce, que deve crescer 15% ao ano até 2026, de acordo com projeção do NeoTrust e BTG Pactual.
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E&N - Como é política de gestão de talentos para pessoas negras, pessoas com deficiência e o público LGBTQI ?
Ribas - Cultivar a diversidade e promover a inclusão faz parte da missão estratégica da empresa. Para isso, a Irani conta com projetos como o Gera Acessibilidade, que promove a diversidade e a igualdade de oportunidades, independentemente de gênero, idade, etnia, religião, nacionalidade, estado civil, orientação sexual ou deficiência de qualquer natureza. A empresa criou o Banco de Talentos específico para Pessoas com Deficiência, assim como tem um focado nos profissionais LGBTQI , como forma de pensar constantemente nesses dois públicos e nos talentos sempre quando houver oportunidades que se encaixam nas competências dos inscritos. Também renovou a adesão ao Fórum Empresas e Direitos LGBTI . Além disso, estimula que os colaboradores indiquem profissionais de grupos minoritários para processos seletivos, por meio do programa Eu Valorizo a Diversidade, no qual já recebeu 72 indicações de grupos minorizados e todos os currículos seguem no horizonte da companhia. Em relação às mulheres, desde 2020 a Irani já está alinhada aos ODS da ONU de ter, até 2030, 40% do quadro funcional da empresa preenchido por mulheres e que elas ocupem 50% dos cargos de liderança.
E&N - De onde vêm as árvores utilizadas pela companhia?
Ribas - A Irani conta com quase 34 mil hectares de terras, sendo 82,4% no Meio Oeste este catarinense. As unidades florestais suprem a demanda de madeira para a produção de celulose e energia nas fábricas de papel e embalagem de Santa Catarina, e a demanda de resina para a produção de breu e terebintina no Rio Grande do Sul, além de comercializar madeira no mercado regional. Em SC, a base florestal está distribuída nos municípios de Água Doce, Catanduvas, Vargem Bonita, Ponte Serrada e Irani. As florestas de pinus em SC contam há 15 anos com duas certificações de excelência em manejo florestal e de cadeia de custódia concedidos pelo Forest Stewardship Council FSC®). O selo verde FSC® garante ao consumidor que o produto foi fabricado com matéria-prima proveniente de florestas bem manejadas e certificadas Já no RS, são 5,9 mil hectares, dos quais 3,9 mil hectares de pinus, nos municípios de Mostardas, Tavares e São José do Norte, o que equivale a 17,6% das florestas da companhia.
E&N - O que significa ser a única indústria brasileira pure player de embalagens listada na bolsa?
Ribas - Os resultados da Irani mostram bem isso. A empresa realizou um dos mais exitosos IPOs e Re-IPOs (oferta pública de ações) na B3 entre os anos de 2020 e 2021. Realizado pela companhia em 24 de julho de 2020, o movimento de venda completou três anos em 2023 e gerou resultados significativos à empresa e seus acionistas desde então. A companhia apresentou 175,0% de valorização de suas ações. Os ganhos totais aos acionistas foram de 247,2%, considerando a rentabilidade dos dividendos pagos no período (65,6%). Nestes três anos, a receita líquida da empresa deu um salto superior a 50%, de R$ 1,029 bilhão para R$ 1,685 bilhão.
E&N - Está em curso na Irani um mega investimento, chamado plataforma Gaia, focado na modernização de unidades e autossuficiência energética?
Ribas - Desde 2022, a Irani mantém a estratégia de investimentos na modernização e na automação de seus processos produtivos. Neste sentido, os investimentos até o momento somaram R$ 910,68 milhões e foram direcionados para a Plataforma Gaia, robusto plano de expansão que busca ampliar a competitividade e a capacidade de produção, bem como a suficiência energética da empresa. Todo o portfólio de projetos de expansão é pautado pelo profundo compromisso com o desenvolvimento sustentável.