Telmo Costa, fundador e CEO da Meta, consultoria de tecnologia e inovação com foco em transformação e evolução digital, não abre mão de suas corridas ao amanhecer e de viajar com a família para lugares que considera especiais em meio a uma agenda atribulada. Agora, está dedicado ao foco da Meta, que é o de transformar e evoluir digitalmente empresas por meio da tecnologia para melhorar processos e criar oportunidades de negócios. Graduado em Administração com ênfase em Análise de Sistemas pela Pucrs e pós-graduado em Marketing, é integrante do Young Presidents Organization - YPO, organização global de lideranças. Em sua trajetória, foi presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) e da Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Rio Grande do Sul (ADVB/RS), além de membro do Movimento Brasil Competitivo (MBC).
Empresas & Negócios (E&N)- A Meta atua da definição da estratégia digital à entrega de soluções tecnológicas completas. Na prática, o que isso significa?
Telmo Costa - Reforçando a evolução do nosso modelo de negócios e de entrega, tivemos a criação dos Meta Hubs, uma nova forma de apresentar o que já oferecemos para o mercado, que são o centro da empresa tanto dentro de casa, quanto para o cliente, com times ágeis com autoridade de conhecimento das práticas digitais que entregam soluções para os desafios dos nossos clientes e da nossa empresa. Os Meta Hubs são compostos por profissionais que desenham, gerenciam e implementam as soluções para a Meta e para os clientes. Atualmente, são formados pelo Hub de Estratégias Digitais; Hub de Soluções Digitais; Hub de Automação, Dados & Inteligência Artificial; Hub de Plataformas de Gestão e Hub de Melhorias de Performance e Suporte.
E&N - De que forma a pandemia impactou nos negócios e quais aprendizados ficaram?
Costa - Aprendemos a importância da comunicação direta e em tempo real com as equipes, a clareza para todos da estratégia, a proximidade ainda maior com clientes e colaboradores, trabalhando com senso de urgência e em antecipação. A pandemia trouxe muitos desafios globais, econômicos, de saúde pública, de relações de trabalho e a tecnologia nos ajudou a enfrentar essas questões. As empresas aceleraram seus processos de digitalização, o que exigiu investimentos em ferramentas, sistemas, qualificação e gestão de pessoas, mas o que a gente percebeu na Meta e, também, dentro dos nossos clientes, que é a maior transformação que a pandemia promoveu foi na cultura das empresas. A adaptação das pessoas aos novos formatos e fluxos de trabalho, de processos e de gestão, foi bastante rápida graças à tecnologia. Esse investimento trouxe ganhos de produtividade e de digitalização de processos que levariam anos para se consolidar.
E&N - A companhia tem atuação global: são 300 clientes em 8 países, com uma equipe de aproximadamente 3 mil pessoas, em 350 cidades e 14 países. Como administrar e gerir algo dessa dimensão?
Costa - Na Meta, a base de tudo são os nossos valores e o nosso propósito! Tudo o que fazemos no nosso dia a dia tem uma relação direta com isso. Trabalhamos para que nossos líderes estejam próximos das equipes e para que o nosso processo de comunicação seja direto e transparente, fazendo com que cada colaborador se sinta parte da jornada. No paralelo, também investimos na transformação digital da própria Meta. Mapeamos a jornada do colaborador e criamos uma plataforma de tecnologia cognitiva, que nos permite acompanhar cada membro do nosso time ao longo de todo o ciclo de permanência dele conosco, além de acelerar o processo de onboarding e dar mais efetividade ao acompanhamento de performance. Para a construção da plataforma, contamos com soluções de cinco startups de RH, que são parceiras da Meta Ventures, nossa Corporate Venture Capital, com foco no chamado "Smart RH". Com isso, também geramos sinergia entre as soluções ofertadas pelas startups e as necessidades das empresas que são clientes da Meta. Estamos desenvolvendo uma relação de crescimento e evolução com estas startups, compartilhamos expertises e conexões para fazer com que elas possam escalar e prosperar.
E&N - A representação mais recente foi aberta neste ano em Waterloo, no Canadá. Como estão os resultados e quais objetivos desta unidade?
Costa - A Meta foi uma das empresas brasileiras pioneiras em se estabelecer em Waterloo, cinturão de inovação canadense, em 2020. Hoje, temos mais de 100 funcionários nesta operação, que são responsáveis pelo atendimento a 35 clientes do Canadá e EUA. Junto a essas empresas, trabalhamos com projetos de transformação de modelos de negócio, por meio de inovação e novas tecnologias. São companhias muito competitivas e inovadoras, a exemplo da Paradise Mobile, fundada por um grupo de investidores que está criando nas Ilhas Bermudas um ecossistema de testes em telecomunicação, como piloto para projetos de produtos e serviços inovadores no uso de tecnologia 5G. Para compartilhar um pouco do ecossistema de inovação de Waterloo com nossos clientes, neste ano levamos um grupo de 15 executivos brasileiros ao Collision, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, em parceria com o Instituto Caldeira, um dos principais hubs de inovação da região.
E&N - A Inteligência Artificial tem evoluído rapidamente, o que causa polêmica em sua utilização. Muitas pessoas temem que a IA substitua o trabalho humano e que possa chegar a extremos como retrata o filme Matrix. Qual sua avaliação sobre isso?
Costa - Para nos adaptarmos a esse cenário em constante evolução, lançamos o projeto Meta Ágil e Cognitiva que nos permitiu transformar a Meta e trazer para dentro de casa o que ofertamos no mercado. Estamos fazendo transformação e evolução digital de dentro para fora e isto permite que tenhamos conhecimento profundo das dores e desafios dos nossos clientes. Atuamos em verticais de negócio que são determinantes para o sucesso de iniciativas de transformação digital e disrupção para negócios. Com isso, é possível começar o projeto em qualquer etapa em que o cliente se encontra.
E&N - Em março, em parceria com a Ayga, que já foi uma acelerada, foi criada uma nova empresa, com investimento de R$ 25 milhões, Flowen, uma plataforma de controle de consumo de água com IOT e já em testes pela Corsan. Como funciona esse sistema?
Costa - A receptividade à proposta de valor e aos produtos da Flowen tem sido impressionante. O propósito da Flowen é revolucionar o mercado através de uma tecnologia inovadora, desenvolvida por nós, aqui no Brasil, para preservação dos recursos hídricos e combate ao desperdício de água. Com investimento de R$ 25 milhões, A Flowen une internet das coisas (IoT) e big data para a gestão e o monitoramento eficiente de uso e consumo das águas. Além disso, inovamos mundialmente no mercado de medição inteligente (smart meters) com um medidor de água ultrassônico (IoTA), que verifica com precisão o consumo e permite a gestão remota de operações, como a ligação e o corte remoto de água. O produto é destinado não apenas a concessionárias públicas, privadas e distribuidoras, mas também a empreendimentos e parques industriais de todos os tamanhos.