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Habilidades e qualificações não faltam no currículo de Marcelo Rodrigues. Aos 36 anos, formado em Direito pela Pucrs, mestre pela Ufrgs e especialista em estratégia certificado por Harvard, Rodrigues está à frente da criação de inúmeros projetos, como o Amcham Arena e o Amcham SX. Integrante da diretoria da Amcham (sigla para American Chamber of Commerce que, traduzindo para o português, significa Câmara Americana de Comércio) desde 2016, assumiu o cargo de diretor de inovação da Amcham Brasil. Morador de Porto Alegre, Rodrigues é casado com Rebeca e pai de João Henrique, que tem seis meses. É conselheiro da Madeireira Giacomet S/A e vice-presidente da Associação do Museu de Ciência e Tecnologia da Pucrs.
Agora, mais um desafio se soma às responsabilidades do executivo. Ele está à frente do Hub de Descarbonização, iniciativa que reúne empresas brasileiras comprometidas em reduzir sua pegada de carbono e desenvolver soluções e que foi recentemente lançado pela Amcham Nacional. Rodrigues integra o comitê organizador do Hub e atua diretamente na formação de uma comunidade de cooperação. "As empresas buscam cada vez mais ter um impacto socioambiental positivo e o nosso objetivo é propor um conjunto de ações para que isso aconteça. Além de ações internas, é preciso olhar para toda a cadeia produtiva e entender efetivamente qual o seu impacto no mundo", destaca. Abaixo, Rodrigues compartilha mais informações sobre a iniciativa.
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Empresas & Negócios - Qual é a sua avaliação sobre o grau de maturidade do Brasil em relação à adoção de ações e medidas que contribuam com a sustentabilidade?
Marcelo Rodrigues - Muito variado, mas em tendência de crescimento forte, em especial pelas cadeias produtivas das grandes empresas e seus compromissos globais. São oportunidades especialmente importantes o agronegócio, a biomassa, o setor logístico e energético
E&N - Como o Rio Grande do Sul se insere neste cenário nacional?
Rodrigues - Existem muitas oportunidades, e o Rio Grande do Sul tem muito potencial para aproveitar. Desde uma indústria inovadora e cada vez mais conectada globalmente até novos negócios, como energias renováveis que o RS já trabalha há alguns anos e pode ampliar sua capacidade. São oportunidades especialmente importantes o agronegócio, a biomassa, o setor logístico e energético
E&N - A formação de uma comunidade de cooperação pode acelerar a ação de medidas em prol do meio ambiente?
Rodrigues - O mundo demanda soluções em rede e a cooperação é fundamental para que os objetivos sejam alcançados em conjunto. A descarbonização pode funcionar como o tema segurança no trabalho, no qual o apoio mútuo entre organizações gera mais resultados para todos e existe genuína colaboração de diferentes setores e portes de empresas. Acreditamos que veremos um crescimento expressivo da cooperação no tema nos próximos anos, assim como tivemos no tema inovação aberta, para o qual a Amcham desenvolveu o Amcham Lab, que desde 2021 é reconhecido pelo ranking da 100 open startups como o ecossistema de inovação mais eficiente do Brasil.
E&N - O que é e quais são os objetivos do Hub de Descarbonização da Amcham?
Rodrigues - O Hub de Descarbonização da Amcham reúne empresas líderes no país, que compartilham do mesmo compromisso ambiental. O principal objetivo é identificar os principais desafios dessas companhias na descarbonização e conectá-las com startups, universidades e centros de pesquisa que possam oferecer soluções inovadoras. O Hub funciona como um centro colaborativo onde cada empresa traz suas metas e projetos de descarbonização, e a Amcham facilita a colaboração para resolver desafios comuns. Para ter um impacto em toda a cadeia produtiva, é preciso uma grande conexão de diferentes pontos. Percebendo então que as empresas podem trabalhar em conjunto, foi que criamos o Hub de Descarbonização com alguns grandes parceiros, como Bayer, KPMG e ArcelorMittal.
E&N - Quantas empresas fazem parte do Hub de Descarbonização e qual a expectativa?
Rodrigues - Começam com cinco mantenedores, e além de espaço para mais empresas, em breve teremos ações que conectarão centenas de pequenas e médias empresas com atividades de conhecimento e conexão com o tema. Bayer, Ingredion, Arcelor Mittal, Kpmg e Citi são os fundadores.
E&N - Além dos benefícios ambientais, quais são as vantagens para as empresas que se tornam carbono neutras?
Rodrigues - Tornar-se carbono neutro não apenas contribui para a preservação do meio ambiente, mas também coloca as empresas em uma posição de vantagem competitiva. Pesquisas mostram que o público em geral está cada vez mais atento às iniciativas sustentáveis e espera que suas marcas favoritas atuem de forma responsável do ponto de vista ambiental e social. Além disso, o Brasil tem uma oportunidade única de avançar economicamente através da economia verde. O País possui um potencial significativo em energia verde, como hídrica, eólica, solar e biomassa. Além disso, a pauta da descarbonização é uma das grandes questões que atuam como mecanismo mobilizador de inovação. Isso permite às empresas se aliarem para medir o impacto que têm e avaliarem o crescimento que planejam para o futuro.
E&N - O Hub de Descarbonização é voltado apenas para grandes companhias?
Rodrigues - Há espaço para grandes e médias empresas participarem dessa construção. O Hub visa conectar diferentes desafios e endereçá-los de uma forma prática. Estão todos querendo fazer algo, mas precisam de instrumentos. Então, o Hub surge como uma rede de ações concretas dessas empresas, dessas cadeias e de outros possíveis parceiros de negócios.
E&N - Como o Hub pode influenciar a cultura empresarial?
Rodrigues - Um dos principais pontos que identificamos é a possibilidade de colaboração entre as empresas. A gente vê na pauta da descarbonização uma oportunidade bastante grande das empresas coordenarem esforços. Assim como lá atrás se começou a discutir segurança do trabalho, por exemplo, e hoje todas as empresas colaboram, o desejo é de que todos tenham processos e produtos que sejam seguros. Nós vemos também na descarbonização uma oportunidade de colaboração intensa, porque é um diferencial competitivo, mas que precisa ser organizada de maneira ampla e em toda a cadeia produtiva.
E&N - Como é possível participar da iniciativa?
Rodrigues - O processo é aberto e simples. Basta inscrever-se no site do Hub: conteudo.amcham.com.br/hubdescarbonizacao. A partir daí, a empresa passa a integrar os comitês para discutir práticas, pesquisas e metodologias que auxiliem na redução das emissões de GEE e em projetos de transição energética.