O CEO da Tellescom Semicondutores, Ronaldo Aloise Júnior, avalia que o mundo vive um momento ímpar para o setor de tecnologia e o Rio Grande do Sul deve surfar essa onda. "A janela de oportunidades de 2024 a 2028 é excelente para os semicondutores no mundo inteiro. E o fato dessa janela acontecer aqui no Rio Grande do Sul, no momento em que ele se encontra, recuperado, saudável e pronto para se investir, é muito bom para nós. O RS é líder em microeletrônica desde a década de 1980, é um polo, e essa é uma das principais razões de termos vindo para cá”, afirmou Aloise em sua participação no evento Buy RS, realizado na terça-feira 9 de setembro em Porto Alegre.
Com um investimento inicial de US$ 170 milhões, a Tellescom Semicondutores vai implementar sua terceira fábrica no País. A nova unidade da empresa brasileira, que tem 18 anos de atuação, ficará na cidade de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre — as outras duas estão em Manaus (AM).
Aloise destacou que o mercado global de semicondutores atualmente está na casa dos US$ 650 bilhões anuais. “Isso não é mercado digital, é só mercado de chips mesmo. Em cinco, mais ou menos em 2030, esse mercado será de US$ 1,2 trilhão”, salientou. Segundo ele, o boom dos data center e da Inteligência Artificial impulsionou este mercado.
O executivo destacou que há 84 fábricas de semicondutores wafers (lâminas de silício onde os circuitos estão impressos) no planeta. "O mundo precisa de 135 fábricas nos próximos cinco anos", observou.
Aloise lembrou que, nos últimos 40 anos, o desenvolvimento dessas fábricas se concentrou na Ásia, em razão do custo baixo da mão de obra e da alta capacidade técnica na área desses trabalhadores. Segundo ele, a tendência atual é de "reshoring", ou seja, a gradual realocação da fabricação de produtos e a prestação de serviços de um país estrangeiro para o país de origem da empresa. "A tendência é de trazer de volta para os Estados Unidos e para a Europa essas novas fábricas. O Brasil não é tradicional nessa área, mas, na América Latina, é o país que está melhor posicionado. Então, existe a oportunidade de o Brasil entrar nesse processo", aponta.
O gestor pontuou que, nas últimas três décadas, a economia mundial "trocou de andar", deixando de ocorrer no cenário geopolítico e passando a se dar na web. "Essa economia que acontece lá em cima precisa de energia elétrica, precisa de água, precisa de semicondutores e precisa de conhecimento. E o Rio Grande do Sul tem tudo isso, pronto para transformar em economia", concluiu.