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Publicada em 18 de Novembro de 2025 às 13:06

Mudança de sede marca a reconstrução da Languiru em seu 70º aniversário

Languiru migrou área administrativa para prédio mais enxuto

Languiru migrou área administrativa para prédio mais enxuto

/COOPERATIVA LANGUIRU/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
A Cooperativa Languiru, com sede em Teutônia, no Vale do Taquari, atravessou a rua no último dia 13 de novembro, quando completou 70 anos de atividade. O gesto representa um marco simbólico e estratégico no enfrentamento de um dos períodos mais desafiadores de sua trajetória. A sede administrativa, que antes ocupava um prédio de quatro andares, agora funciona em um espaço  ao lado do Agrocenter. Para isso, foi preciso acomodar na mesma estrutura os produtos da área de insumos - que antes ocupavam o prédio onde hoje está a nova administração — e o bazar, que já funcionava ali.
A Cooperativa Languiru, com sede em Teutônia, no Vale do Taquari, atravessou a rua no último dia 13 de novembro, quando completou 70 anos de atividade. O gesto representa um marco simbólico e estratégico no enfrentamento de um dos períodos mais desafiadores de sua trajetória. A sede administrativa, que antes ocupava um prédio de quatro andares, agora funciona em um espaço  ao lado do Agrocenter. Para isso, foi preciso acomodar na mesma estrutura os produtos da área de insumos - que antes ocupavam o prédio onde hoje está a nova administração — e o bazar, que já funcionava ali.
A adaptação para uma operação menor, mais enxuta e eficiente, reflete o redimensionamento necessário após a crise que levou à renúncia da diretoria anterior, em abril de 2023, e a entrada em liquidação extrajudicial em continuidade de operação. A medida foi adotada pela atual gestão em julho daquele ano, após aprovação em assembleia-geral, para proteger bens, sócios e garantir que a Languiru seguisse em atividade. À época, a dívida chegava a R$ 1,1 bilhão.
Desde então, o trabalho vem sendo desenvolvido para devolver fôlego, eficiência e credibilidade à cooperativa, principalmente junto aos sócios e ex-sócios. Na assembleia-geral realizada em setembro deste ano, foram apresentados dados do primeiro semestre: 850 credores já haviam aderido ao plano de recuperação, e 44% da dívida estavam renegociados, quitados ou reestruturados, representando cerca de R$ 490 milhões, sendo R$ 217 milhões quitados.
Hoje, a cooperativa já superou a marca de 50% da dívida renegociada, com adesão de mais de um terço dos 2.916 credores. Somente entre julho e outubro foram mais de 200 adesões ao plano.
O avanço na renegociação e o desempenho eficiente da operação levaram o Judiciário a prorrogar por mais 12 meses a suspensão de processos contra a cooperativa — medida que depende da demonstração de resultados efetivos no plano de recuperação.
Isso demonstra que encontramos o caminho certo para enfrentar a dívida e proteger nossos associados”, avalia Gustavo Marques, superintendente administrativo e financeiro da Languiru.
Enquanto o processo de liquidação extrajudicial em continuidade de operação segue em curso, a expectativa da diretoria é encerrar a medida em 2027, consolidando a reestruturação e assegurando a preservação do funcionamento de uma cooperativa que, mesmo diante de crises, busca um caminho sustentável para os próximos anos.
Para migrar de prédio e também dar uma guinada nos rumos da cooperativa, um dos passos foi concentrar esforços na operação central e em rotas de entrega para os associados, reduzindo de 13 para uma única loja Agrocenter, que funciona como “cartão de visitas” e ponto de fidelização dos produtores. “Essa loja sempre foi a nossa matriz, uma grande loja. Trabalhamos agora com vendedores a campo e com rotas de entrega, levando esse serviço até nossos associados”, explica Marques. O redimensionamento também permitiu redução de estoque e maior eficiência financeira.
A operação da Languiru está hoje dividida em 45% com leite, 45% com aves, 7% na produção de rações e 3% nas vendas do Agrocenter. “O leite e as aves representam a maior parte do faturamento, mas a fidelização junto ao associado é crucial para a sustentabilidade do negócio”, afirma. A cooperativa também mantém negociações para a venda do frigorífico de suínos de Poço das Antas, atualmente em leilão judicial, processo que garante maior segurança aos interessados.
O movimento de recuperação tem se refletido nos números financeiros. Em janeiro de 2024, o faturamento era de R$ 29 milhões, e somou, ao final do ano, R$ 421,4 milhões, com resultado financeiro de R$ 15,2 milhões, mesmo com margens estreitas nos negócios de leite e aves. Para 2025, a perspectiva é apresentar um resultado bastante superior. Em outubro, o faturamento mensal chegou a R$ 50 milhões.
A cooperativa também celebra avanços na estrutura operacional e na produção. No leite, o volume recebido dos 960 associados foi de 9,3 milhões de litros em outubro – número que já foi de 12 milhões no auge da cooperativa, mas que caiu a 5,3 milhões no pior momento da crise. A retomada é resultado da volta da confiança dos parceiros na Languiru, afirma o executivo.
No segmento de aves, a performance também tem viés de alta. A Languiru encerrou 2024 abatendo cerca de 25 mil frangos próprios por dia. Atualmente, a média é de 41 mil aves - um incremento de 64% -, e o objetivo é fechar o primeiro semestre de 2026 com 50 mil aves. O complexo, localizado no município de Westfália, tem capacidade para abater 155 mil aves por dia e também processa 80 mil frangos para a parceira JBS, totalizando mais de 120 mil frangos.

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