Produtores, indústrias e lideranças do setor lácteo iniciaram nesta quinta-feira (30/10) um movimento coletivo em defesa do leite brasileiro. Organizado pelo Conseleite/RS, o esforço busca conter o ingresso excessivo de leite importado, que vem desequilibrando o mercado nacional e ameaçando renda e empregos no campo e nas cidades.
Em documento enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva; ao vice-presidente Geraldo Alckmin; aos ministros da Agricultura, Carlos Fávero; do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; e de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; além do diretor da Conab, Edegar Pretto, o colegiado solicita três medidas emergenciais de apoio ao setor produtivo.
A primeira é a adoção de um benefício fiscal para indústrias que adquirirem leite em pó produzido no Brasil, tornando sua compra mais competitiva em relação ao produto importado. Atualmente, supermercados e indústrias alimentícias, como fabricantes de pães e chocolates, são os principais importadores de leite em pó.
O segundo pedido prevê a compra governamental de, no mínimo, 100 mil toneladas de leite em pó nacional, destinadas a programas sociais e escolas. O terceiro requer a aplicação de uma sobretaxa emergencial de 50% sobre leite em pó e queijo muçarela importados da Argentina e do Uruguai, pelo período de 36 meses.
Para o coordenador do Conseleite, Darlan Palharini, a mobilização busca sensibilizar o governo para as dificuldades enfrentadas por produtores e indústrias. “O problema não é novo, mas chegamos a um ponto crítico. Não há como competir com a avalanche de leite e queijos do Prata que chega ao Brasil. Precisamos de apoio ou o setor nacional não resistirá por muito tempo”, afirma.
Palharini destaca que, no campo, tem sobrado leite, fato agravado pelo início da safra, período em que, tradicionalmente, cresce a produção devido ao clima. Na indústria, a rentabilidade está comprometida, pois empresas nacionais encontram dificuldade em competir com o leite em pó importado. Com margens reduzidas e mercado abastecido pelos importados, muitas plantas industriais estão em risco.
“É fundamental o apoio do governo neste momento crítico, para que o setor avance em produtividade e competitividade e, no futuro próximo, consiga enfrentar o mercado globalizado de forma autônoma”, conclui o dirigente.