A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) lança nesta segunda-feira (27) a campanha nacional “Arroz Combina”, com o objetivo de promover o consumo do grão, exaltar a qualidade do arroz brasileiro e combater desinformações disseminadas nas redes sociais. Entre as ações previstas estão o lançamento de um site dedicado ao projeto, parcerias com influenciadores digitais e conteúdos educativos voltados ao público online.
Entre os influenciadores contratados estão os biólogos Átila Iamarino e Mari Krüger, nutricionistas, chefs de cozinha e criadores de conteúdo fitness e culinário, que vão produzir materiais digitais conectando o arroz a hábitos saudáveis, receitas e curiosidades sobre o alimento. Os conteúdos podem ser conferidos no site oficial da campanha (arrozcombina.com), no Instagram (@arrozcombina) e no YouTube.
“Lançamos a campanha para reforçar a valorização do arroz brasileiro e da cadeia orizícola. Com ações educativas e engajamento nas redes, queremos fortalecer a conexão afetiva e cultural da população com um dos pilares da culinária nacional”, afirma o presidente da Abiarroz, Renato Franzner.
Segundo a diretora-executiva da entidade, Andressa Silva, o movimento é uma resposta direta ao momento desafiador enfrentado pelo setor, marcado por desinformação e queda de preços.
“Vivemos um cenário em que circulam muitas informações equivocadas sobre o produto, seu valor nutricional e sua presença no dia a dia. A campanha busca mostrar que o arroz brasileiro é saudável, versátil e produzido com alta qualidade, respeitando normas ambientais e sociais rigorosas”, explica.
Gestada há cerca de um ano, em um momento de preços altos, a campanha ganha ainda mais relevância no atual contexto da cadeia orizícola. Isso porque a situação começou a se alterar no início de 2025, com uma grande oferta global do cereal no mercado, incluindo o retorno da Índia às exportações e a forte produção nos países do Mercosul.
Desde então, os preços pagos ao produtor no final de 2024, de até R$ 120 a saca, caíram vertiginosamente, chegando agora até abaixo do mínimo de R$ 63,64 estabelecido pelo governo federal. Diante deste contexto, o setor produtivo tem buscado sucessivos apoios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A estatal já promoveu leilões de Contratos de Opção de Venda (COV) e anunciou, na semana passada, a antecipação de R$ 300 milhões previstos para a safra 2025/2026 para operações de AGF, PEP e PEPRO, em socorro à cadeia produtiva. Ao todo, a companhia projeta apoiar a movimentação de cerca de 800 mil toneladas.
Ainda assim, o impacto da crise no mercado interno deve afetar a próxima safra. Em um movimento de defesa da viabilidade econômica, produtores sinalizam redução na área plantada – a Conab acredita em cerca de 5%, enquanto a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) aponta que 15% seriam o ideal – e no nível de tecnificação aplicado nas lavouras.
Se confirmado, o movimento deve provocar queda de produtividade e no volume colhido no próximo ano. A expectativa é, assim, enxugar o mercado e recuperar cotações acima dos R$ 80 por saca, valor mínimo para cobrir os custos de produção, conforme o líder arrozeiro Denis Dias Nunes.
Embora a Federarroz alerte para um viés de queda efetiva do consumo interno nos últimos anos, a Conab indica estabilidade, com 10,5 milhões de toneladas ao ano. A estatal pretende estimular a produção, provocando o setor para olhar à frente e buscar aumentar as exportações.
Para Andressa, a valorização do produto no mercado interno é tão importante quanto o esforço para abrir novos destinos externos. Ela destaca que, por meio do projeto Brazilian Rice, em parceria com a ApexBrasil, a Abiarroz vem atuando na promoção das exportações e na consolidação da imagem do cereal brasileiro no mundo.
“Nosso arroz é reconhecido pela qualidade e segurança alimentar, mas ainda enfrentamos barreiras comerciais e desvantagens tarifárias em alguns mercados, especialmente nos Estados Unidos”, observa. “Por isso, fortalecer a percepção positiva do produto dentro e fora do país é estratégico para toda a cadeia.”
Cereal tem importância econômica e cultural
Apontado pela cadeia como item fundamental para a segurança alimentar, o arroz está presente na dieta brasileira em todo o Brasil. Além de integrar receitas típicas, o cereal representa, conforme a Abiarroz, sustento para milhares de produtores rurais, que colocam o País como maior produtor fora do continente asiático. Com padrão de qualidade reconhecido internacionalmente, o grão brasileiro chega a mais de 100 países, consolidando sua presença no mercado de exportação.
O slogan “Arroz Combina” destaca a versatilidade do produto, seu papel em momentos marcantes à mesa, sua importância como alimento saudável e energético, e seu vínculo com a agricultura nacional. A campanha, com previsão de duração de um ano, é financiada pelo Fundarroz — Fundo de Promoção, Pesquisa, Inovação e Incentivo ao Consumo de Arroz — e conta com patrocínio de diversos stakeholders do setor.
“Queremos que o consumidor se reconecte com o arroz brasileiro, perceba sua contribuição para a cultura alimentar e entenda que escolher arroz nacional é também apoiar milhares de famílias e empregos diretos e indiretos”, completa Andressa Silva.
Fundada em 2009, a Abiarroz representa indústrias e cooperativas de arroz em diversas regiões do Brasil, responsáveis por cerca de 70% do arroz beneficiado no País. Por meio do projeto Brazilian Rice, atua na abertura de mercados internacionais e na promoção da imagem do arroz brasileiro, além de desenvolver ações voltadas à sustentabilidade da atividade industrial e à interlocução junto a entidades governamentais.