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Publicada em 15 de Julho de 2025 às 18:07

Projeto do Memorial da Evolução Agrícola fomenta cultura no Dia do Jovem Rural

Enquanto o Brasil registra a menor população rural da história, jovens do Noroeste do RS fortalecem sua identidade e sua relação com o território

Enquanto o Brasil registra a menor população rural da história, jovens do Noroeste do RS fortalecem sua identidade e sua relação com o território

Memorial da Evolução Agrícola/Divulgação/JC
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Jovens gaúchos celebram o Dia do Jovem Rural com educação, cultura e comunicaçãoEnquanto o Brasil registra a menor população rural da história, jovens do Noroeste do RS fortalecem sua identidade e sua relação com o território com apoio do Memorial da Evolução AgrícolaCelebrado nesta quinta-feira (15), o Dia do Jovem Rural faz alusão a um tema significativo ao futuro da agricultura brasileira: a permanência da juventude no campo. Esse grupo enfrenta desafios significativos para seguir na vida rural com dignidade e perspectivas reais de desenvolvimento.
Jovens gaúchos celebram o Dia do Jovem Rural com educação, cultura e comunicação
Enquanto o Brasil registra a menor população rural da história, jovens do Noroeste do RS fortalecem sua identidade e sua relação com o território com apoio do Memorial da Evolução Agrícola

Celebrado nesta quinta-feira (15), o Dia do Jovem Rural faz alusão a um tema significativo ao futuro da agricultura brasileira: a permanência da juventude no campo. Esse grupo enfrenta desafios significativos para seguir na vida rural com dignidade e perspectivas reais de desenvolvimento.
De acordo com o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo menos 4,3 milhões de pessoas deixaram as zonas rurais entre 2010 e 2022. Hoje, apenas 12,6% da população brasileira vive no meio rural, o menor índice já registrado. Entre os jovens, o êxodo é ainda mais expressivo e é resultado da desigualdade no acesso à educação, cultura, conectividade e renda.
Conhecendo esse cenário, uma iniciativa do Memorial da Evolução Agrícola (MEA), no Noroeste do Rio Grande do Sul, une educação, cultura e comunicação para fortalecer a identidade dos jovens que vivem no campo. O memorial, que é uma iniciativa do Ministério da Cultura e do Instituto John Deere, ofereceu oficinas de fotografia, redes sociais e vídeo para alunos da Casa Familiar Rural – Filhos da Terra, em Campina das Missões (RS).
A escola de Ensino Médio com qualificação em agricultura familiar possui 85 alunos de diversos municípios da região Noroeste. Desde o primeiro ano, os estudantes constroem um projeto profissional de vida voltado para a melhoria da propriedade rural de suas famílias.
“Nosso diferencial é oportunizar ao jovem o vislumbre da propriedade familiar como fonte de renda, qualidade de vida e pertencimento. A escola é do campo e no campo”, destaca Mariéle Röpke, diretora da escola.
A estudante Laura Beatriz Weirick, de 18 anos, vive com a família no meio rural, em uma trajetória marcada pela superação e amor pela terra. “Minha família sempre viveu da agricultura. A gente já plantou muito e hoje trabalhamos com criação de gado. Quando criança, eu era muito ligada ao campo, mas depois me distanciei um pouco disso. Foi a escola do campo que me trouxe de volta”, afirma.
Laura relata que adora estudar na Casa Familiar porque se sente acolhida e já faz planos para o futuro no meio rural. “Quero fazer faculdade de Agronomia, porque é o sonho da minha mãe e também o meu. Mas quero continuar conectada ao campo”, destaca Laura.
Juventude que comunica sua identidade
Foram quatro encontros formativos com os oficineiros Luis Felippe Gabriel da Silva Vieira (fotografia), Jorge Alberto Salles (vídeo) e Otávio Vicari (redes sociais). As oficinas oferecidas gratuitamente pelo MEA capacitaram os jovens a criar conteúdos digitais sobre suas vivências rurais, com técnica, criatividade e visão estratégica.
“Eles aprenderam sobre roteiro, edição, algoritmo, criação de pautas e gestão de perfis. A ideia era mostrar que eles podem ser criadores de conteúdo e não apenas usuários passivos”, explica Otávio Vicari. Divididos em grupos, os estudantes criaram perfis com identidade própria: Agro Tendel, Tudo Rural, Dia a Dia do Leite e Raízes do Leite.
“Cada um no grupo tinha funções específicas: um cuidava da fotografia, outro da edição, outro da apresentação, outro da escrita... Foi uma experiência de equipe, onde cada jovem descobriu seu talento”, completa Otávio. Esses conteúdos irão compor a curadoria do espaço do MEA na feira Hortigranjeiros, em Santa Rosa (RS), ampliando a visibilidade da juventude rural e suas narrativas para o público gaúcho.
Para Mariéle, iniciativas como essa são fundamentais para que os alunos reconheçam a potência de suas realidades e compreendam o campo como um espaço de inovação, no qual se sintam parte ativa e integrada.
“As oficinas do MEA, principalmente de fotos e vídeos, me encantaram. Aprendemos a mostrar para o mundo o que somos. Foi lindo, foi profundo. Levarei pra vida inteira”, conta Laura, estudante da Casa Familiar. Para ela, a experiência reforçou o orgulho de viver no meio rural e a vontade de comunicar essa identidade com autonomia e criatividade.
“O trabalho com a juventude rural é essencial para fortalecer os vínculos entre território, cultura e futuro. Quando esses jovens se enxergam como protagonistas de suas histórias, capazes de comunicar suas vivências e transformar suas comunidades, toda a região se beneficia”, afirma Karina Muniz, diretora do MEA.
Ela complementa ainda que ações como essa representam um investimento direto na valorização das pessoas e na permanência das famílias no campo.

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