A Cooperativa Arrozeira Palmares, com sede em Palmares do Sul, no Litoral Norte, realizou nas últimas semanas sua primeira operação de exportação direta de arroz com casca. A iniciativa foi viabilizada por meio de uma corretora que intermediou a venda a uma trading com atuação na América Central – especialmente em países como Nicarágua, Costa Rica e Venezuela.
A operação envolve 3,5 mil toneladas do cereal, cujo embarque ainda está sendo realizado, que sairão pelo Porto de Rio Grande. Segundo o presidente da cooperativa, José Mathias Bins Martins, o principal objetivo da exportação foi dar vazão à produção dos associados em um período em que os preços no mercado interno estavam em queda contínua.
"Estávamos com o arroz girando na casa dos R$ 65. A exportação foi feita a R$ 70 a saca, mas com os custos de frete e encargos, acabou resultando em R$ 64,93 para o associado – ou seja, praticamente o preço de mercado", relatou.
A operação busca enfrentar o atual cenário de baixa liquidez e criar alternativas comerciais para os produtores, acrescenta o dirigente.
“Como cooperativa, temos limitações de compra. Diante do travamento do mercado, abrimos uma nova frente. A exportação nos permitiu dobrar o volume adquirido em apenas um mês e garantir a liquidez dos nossos associados.”
Apesar de não gerar ganhos imediatos em termos de remuneração, o movimento teve repercussões positivas na dinâmica de mercado.
"Depois disso, o mercado parou de cair. Houve uma estabilização e até uma pequena reação de quatro a cinco reais na saca. Não posso afirmar com certeza que foi resultado da nossa operação, mas que coincidiu com ela, coincidiu", afirmou Bins Martins.
A cooperativa, com 64 anos de fundação, tem capacidade para beneficiar 1,5 milhão de fardos por ano, o equivalente a 45 mil toneladas de arroz, considerando o peso médio de 30 quilos por fardo. Atualmente, são 170 associados, com uma área plantada estimada em 22 mil hectares de arroz irrigado.
Embora nem toda a produção dos cooperados passe pela estrutura da cooperativa – parte é vendida diretamente no mercado –, o volume processado em Palmares do Sul representa um contingente significativo da safra da região. A operação de exportação, portanto, funcionou como uma alternativa estratégica para enfrentar a sazonalidade de preços e a ausência de compradores no mercado doméstico.
A ação também ocorre em um momento em que entidades do setor, como a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), buscam junto ao governo federal medidas emergenciais de apoio aos produtores, como a retomada dos leilões de contratos de opção de venda. Após semanas de negociação, originada em demandas do setor, a Conab deve anunciar nesta terça-feira (15), em coletiva que será realizada na superintendência da estatal em Porto Alegre, medidas alternativas para socorrer produtores e a indústria. O tema será tratado em reunião da Federarroz na noite desta segunda, quando o teor da proposta será apresentado pela diretoria da entidade.
A COOPERATIVA
- 170 associados ativos
- Atuação em 8 municípios: Capivari do Sul, Cidreira, Mostardas, Osório, Palmares do Sul, Santo Antônio da Patrulha, Tavares e Viamão
- Capacidade de beneficiamento de 1,5 milhão de fardos por ano
- 9 variedades de arroz no portfólio
- Distribuição para mais de 1.500 pontos de venda no Brasil
- Marca própria consolidada: Arroz Palmares
- Único arroz do Brasil com certificação de Denominação de Origem