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Publicada em 28 de Maio de 2025 às 21:48

Estudo da Fiergs mostra poder de retomada das exportações após embargos

Ricardo Santin diz que rapidez do RS com respostas eficazes à gripe aviária repete performance com doença de Newcastle

Ricardo Santin diz que rapidez do RS com respostas eficazes à gripe aviária repete performance com doença de Newcastle

XINHUA/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Com agências
Com agências
Estudo realizado pelo Sistema Fiergs mostra que os prejuízos econômicos com a interrupção das exportações de produtos avícolas por conta do caso de gripe aviária em uma granja comercial de Montenegro podem ser minimizados pela adequada resposta sanitária, com a consequente retomada dos negócios. Desde a confirmação do primeiro foco em estabelecimento comercial do Brasil, em 16 de maio, dezenas de países interromperam ou restringiram as compras do Brasil.
A análise considera o cenário observado no ano passado, quando houve foco da doença de Newcastle em Anta Gorda, no Vale do Taquari. Nove dias após a confirmação do surto, em 17 de julho, a doença foi encerrada oficialmente no Estado.
"O que percebemos é que a rápida resposta dada à crise sanitária de Newcastle foi crucial para mitigar os efeitos de longo prazo. Os embarques de setembro, por exemplo, mostram que houve recuperação bastante rápida tanto na quantidade exportada quanto na receita de exportações de aves, com valores acima da média histórica para o mês e para o mesmo período de 2023", explica o economista-chefe do Sistema FIERGS, Giovani Baggio.
No mês de julho, os impactos não foram expressivos. Houve queda de 2,6% (-1,6 mil toneladas) e de 4,2% na receita (-US$ 4,8 milhões) em comparação com a média histórica para o mês. Isso pode ser explicado, em parte, pelo embarque das exportações antes do bloqueio.
Em agosto, porém, a queda foi brusca, chegando a 38,4% no volume embarcado (- 24,2 mil toneladas) e 32,5% na receita (- US$ 36,4 milhões) na comparação com a média histórica para aquele mês. Já em setembro, o Estado exportou 65 mil toneladas, mais do que a média histórica de 63,8 mil toneladas, e acima, inclusive, na comparação com o mesmo mês de 2023 (58,4 mil toneladas). As receitas também foram superiores nos dois casos: US$ 125,1 milhões. A média histórica para o mês é de US$ 112,9 milhões, e o mesmo período de 2023 registrou US$ 111,1 milhões.
"A experiência pregressa com Newcastle realça a importância da agilidade e eficácia nas medidas de controle. O futuro do ramo reside no fortalecimento da biosseguridade, diversificação de mercados, inovação e manutenção da confiança global. Apesar da cautela imposta pelo cenário atual, a resiliência e o potencial da avicultura gaúcha sinalizam um futuro de adaptação e crescimento sustentável", avalia o presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier.
A avaliação é corroborada pelo presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. Segundo ele, o RS mostrou capacidade rápida de apresentar respostas eficazes quando houve o episódio de Newcastle. E já vem mostrando agora a mesma força e seriedade no manejo com a gripe aviária.
O RS protagonizou o caso de Newcastle, enfrentou enchentes e agora esse foco de gripe aviária. E, em menos de 10 dias, apresentou um relatório que está sendo muito elogiado pelos organismos internacionais de saúde animal. Isso melhora ainda mais a nossa imagem lá fora”, avaliou o dirigente.
Santin também destacou que mesmo sofrendo um violento impacto nas exportações em agosto de 2024, o Estado alcançou grande recuperação, fechando o ano com apenas 6% de queda. Enquanto isso, as exportações brasileiras chegaram a cair 18% no País, mas mostraram recuperação a um saldo positivo de 3%.
Isso é mais um sinal da capacidade de enfretamento, da resiliência na recuperação do Rio Grande do Sul”, acrescentou.
Para o secretário da Agricultura, Edivilson Brum, a qualidade da resposta dada nos dois casos – Newcastle e gripe avária – permitiu o rápido controle da situação e a eliminação dos vírus nas granjas, impedindo a propagação e a infecção de outros estabelecimentos comerciais.
"Ficamos muito felizes com o trabalho muito competente, realizado de forma transversal, envolvendo o Serviço Veterinário Oficial, a Fepam e outros agentes importantes. Torcemos que dê tudo certo", complementou.

RS foi o terceiro Estado que mais exportou em 2024 

No acumulado dos embarques entre julho e dezembro do ano passado, e comparando com o mesmo período de 2023, houve retração de 8,4% nas quantidades exportadas (-31,6 mil toneladas) e de 8% na receita (-US$ 57,6 milhões). Já ao longo de 2024, o abate de aves diminuiu 6,9% no Rio Grande do Sul. O Estado exportou 708,8 mil toneladas, com uma receita de US$ 1,3 bilhão para 132 países. Em 2023, foram 761 mil toneladas.
Mesmo com a queda, o RS foi o terceiro Estado que mais exportou. Os países que mais importaram o produto do Estado, em volume, no ano passado, foram Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e China. Desses, Arábia Saudita e China foram os que também mais contribuíram para a retração.
Em 2025, em decorrência da gripe aviária, União Europeia, China, Argentina, Uruguai, Chile, México, África do Sul, Canadá, Coreia do Sul, Iraque e Jordânia já suspenderam totalmente as compras do Brasil, impactando as vendas gaúchas do ramo. No ano passado, esse conjunto de países respondeu por 27,9% dos embarques do ramo (US$ 365,1 milhões).
A União Europeia foi a que mais contribuiu para o montante: destino de 9% das vendas, ou US$ 118,2 milhões. Os países que suspenderam parcialmente as compras do estado (Japão, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Filipinas) representam 30,4% do total US$ 398,9 milhões) vendido ano passado.

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