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Publicada em 27 de Maio de 2025 às 21:12

Brasil cogita enviar missão a clientes estratégicos de carne de frango

País mira UE, China, Japão e Coreia do Sul para flexibilizar embarques

País mira UE, China, Japão e Coreia do Sul para flexibilizar embarques

EMPRAPA SUÍNOS E AVES/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Uma missão com representantes do governo do Estado e do Ministério da Agricultura poderá ser enviada nas próximas semanas dias a países estratégicos no contexto das exportações brasileiras de produtos avícolas. O movimento, que vem sendo discutido, deverá ser retomado nesta quarta-feira (28), em Brasília, durante encontro do secretário da Agricultura, Edivilson Brum, com o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério, Luis Rua.
Uma missão com representantes do governo do Estado e do Ministério da Agricultura poderá ser enviada nas próximas semanas dias a países estratégicos no contexto das exportações brasileiras de produtos avícolas. O movimento, que vem sendo discutido, deverá ser retomado nesta quarta-feira (28), em Brasília, durante encontro do secretário da Agricultura, Edivilson Brum, com o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério, Luis Rua.
A ideia é desencadear uma ação conjunta na tentativa de reduzir o impacto e a abrangência dos embargos à venda de carne de frango no mercado internacional depois da confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja comercial de Montenegro. E passa por fortalecer junto aos mais de 150 clientes externos a assertividade das medidas adotadas para conter e eliminar o vírus do sistema produtivo comercial gaúcho.
Até agora, 50 países, incluindo os da União Europeia, mantêm bloqueio das importações de frango de todo o território nacional, conforme o Ministério da Agricultura, e são responsáveis por 45% do volume dessa proteína exportada pelo Brasil. Em abril, 210 mil toneladas, de um total de 463 mil enviadas ao exterior, foram para aqueles destinos, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Conforme o secretário Edivilson Brum, o Ministério teria manifestado intenção de intensificar as negociações em visitas à União Europeia, à China, ao Japão e à Coreia do Sul, por exemplo.
"Os coreanos importam do Brasil 70% da carne de frango que consomem. É óbvio que eles vão flexibilizar. Precisam comer", observa Brum. 
A questão é alinhar como e quando será feito esse movimento. Ainda não há definição se as embaixadas desses países serão visitadas ou se isso ocorrerá somente após os 28 dias que consolidam a eliminação do vírus em Montenegro. 
Mas, embora seja atribuição da União, o RS quer participar ativamente do processo e deve escalar técnicos das áreas econômica e veterinária de entidades do setor, com a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav-RS), para argumentar junto aos governos desses parceiros comerciais. 
Com o foco rapidamente controlado e debelado na granja infectada, o governo federal quer mostrar diretamente todas as medidas adotadas até agora e a eficácia e a robustez da estrutura de enfrentamento a crises como essa. E, assim, justificar os pedidos que desde a última sexta-feira (23) vêm sendo feitos pelo governo brasileiro para regionalização dos embargos à exportação de carne de frango, contou Luis Rua ao Jornal do Comércio.
Já vínhamos conversando com os mais de 150 países com os quais temos relações de fluxo comercial de produtos avícolas desde a confirmação da presença da enfermidade, no dia 15. Mas agora estamos pleiteando formalmente a flexibilização das restrições. E com uma atenção muito especial para ajudar o RS, que está enfrentando sucessivas dificuldades”, acrescentou.
Rua retornou da China no dia 21, após quase duas semanas no país, e esteve no centro das conversas com o governo do presidente Xi Jinping quando o caso se confirmou. De acordo com ele, a celeridade e a transparência ao comunicar e manter atualizados todos os parceiros comerciais do Brasil sobre as ações que estavam sendo adotadas foram valiosas.
Desde aquele momento, estamos abastecendo nossos mais de 40 adidos agrícolas nos setores de comercialização das embaixadas brasileiras com informações do departamento técnico do Ministério. A mensagem que levamos é de pedido aos países que avaliem o sistema de regionalização dos embargos e o bloqueio apenas para Montenegro. Alguns acolheram. Outros já tinham essa condição estabelecida em acordo e mantiveram posição. Mas temos mais de uma centena de países com os quais o fluxo segue normalmente ou com vetos apenas a produtos do RS ou de Montenegro”.
O secretário do Ministério da Agricultura acrescentou que mesmo cargas que já haviam sido embarcadas e estavam em trânsito para seus destinos estão sendo negociadas com os governos desses países. O México, por exemplo, avisou que apenas produtos acabados pelo menos 28 dias antes do surgimento da gripe aviária serão recebidos. Mas há diálogo em curso para tentar liberar o desembarque de cargas posteriores a essa data e que estão navegando.
"Nossa impressão, no geral, é positiva. Todo o trabalho feito no local do foco e a adoção rápida de providências para solucionar o problema são importantes para sensibilizar os parceiros”.
O esforço mostrou efeito junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que na sexta-feira mudou seu entendimento sobre o alcance do surto de influenza aviária no Brasil e passou a reconhecer oficialmente que o caso está restrito à região de Montenegro. A posição da entidade reforça o discurso do Brasil e do RS na busca pela restrição das vendas a um raio de 10 quilômetros no entorno da granja onde o caso foi identificado.
 
  • EMBARGO AO FRANGO
    Suspensão das exportações de todo o Brasil: China, União Europeia, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, Filipinas, África do Sul, Jordânia, Peru, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Bolívia, Sri Lanka, Paquistão, Albânia, Namíbia, Índia e Kwait
    Suspensão para o Estado do Rio Grande do Sul: Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido, Bahrein, Cuba, Macedônia, Montenegro, Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão, Ucrânia, Rússia, Bielorrússia, Armênia, Quirguistão e Angola
    Suspensão para o município de Montenegro: Emirados Árabes Unidos e Japão

    PESO NA BALANÇA
    49 países proibiram a entrada de carne frango oriunda de todo o Brasil
    Essas nações são responsáveis por 45% do volume dessa proteína exportada pelo País
    Em abril, 463 mil toneladas foram enviadas ao exterior
    Dessas, 210 mil toneladas tiveram como destino países que agora travaram as importações
    De janeiro a abril, o Brasil embarcou 1,7 milhão de toneladas, com faturamento de US$ 3 bilhões
    O RS exportou 243,3 mil toneladas para 16 destinos e faturou US$ 415,3 milhões

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