Dirigentes de 11 cooperativas do Rio Grande do Sul, de diferentes segmentos, participaram, em maio, de uma missão técnica no País Basco (Espanha) para ampliar conhecimentos sobre governança e gestão. O grupo visitou a Corporação Mondragon, grupo empresarial que é referência mundial no tema e cujo modelo é objeto de estudo por universidades como Harvard e MIT, nos Estados Unidos.
A experiência, promovida pelo Sistema Ocergs, foi um reconhecimento às vencedoras do Prêmio SomosCoop Excelência em Gestão RS.
“O maior conglomerado de cooperativas do mundo está em Mondragon, destino também reconhecido por seus centros de inovação e pesquisa. O objetivo da missão foi proporcionar conhecimento para desenvolvermos, ainda mais, o cooperativismo gaúcho”, ressalta a gerente de Comunicação e Marketing do Sistema Ocergs, Simone Zanatta, que integrou o grupo formado por cerca de 40 pessoas.
Foram cinco dias de imersão. Os insights detalhados da viagem serão compartilhados com as cooperativas vinculadas ao Sistema Ocergs em um workshop virtual marcado para o dia 5 de junho.
“A ideia é compartilhar os conhecimentos adquiridos e vislumbrar possíveis aplicações, visando à melhoria da governança e gestão das cooperativas”, acrescenta Simone.
Entre as percepções da viagem, destaque para o compromisso das cooperativas bascas com o desenvolvimento local, a partir de investimentos em saúde, educação e tecnologia — o que também é uma prioridade para as cooperativas gaúchas. Mas há, entretanto, espaço para fortalecimento do vínculo comunitário, especialmente junto às novas gerações.
Outro exemplo que chamou atenção – e que pode servir de inspiração para o Rio Grande do Sul e o Brasil – é que as cooperativas de Mondragon não atuam isoladamente, mas formam uma rede interligada, com fundos comuns de apoio em tempos de crise.
“A prática de realocação de colaboradores entre cooperativas, especialmente em momentos de instabilidade ou dificuldade em alguma operação, ajudaria a manter a força de trabalho qualificada, preservando empregos de qualidade e fortalecendo a intercooperação”, avalia o diretor geral da Escola Superior do Cooperativismo (Escoop), José Máximo Daronco.
Unir cooperativas de variados ramos para traçar oportunidades em comum e negociar produtos entre si foram outras soluções citadas como passíveis de serem adotadas no contexto gaúcho.
Com foco voltado ao modelo de gestão e governança, o diretor administrativo e financeiro da Cooperativa Santa Clara, Alexandre Guerra, foi um dos participantes do roteiro. Ele avaliou que a missão foi valiosa para reforçar a importância do sistema cooperativo, tanto internamente quanto para a sociedade.
"Tivemos a oportunidade de conhecer diversos segmentos do cooperativismo, como crédito, educação, eletrificação, industrial, entre outros. O que mais nos chamou atenção foi a forma como o sistema é incorporado à cultura das cooperativas e da sociedade, por meio da divulgação constante e repetição dos propósitos e valores cooperativistas".
O dirigente relatou ter observado um sistema de governança unificado, que abrange todos os segmentos e define até mesmo faixas de remuneração mínima e máxima para os cooperados trabalhadores.
"É evidente o espaço destinado à escuta, ao debate e à reflexão sobre o cooperativismo como sistema econômico. Na sociedade como um todo, o cooperativismo está enraizado como um diferencial. Vimos, na prática, um modelo em que todos compreendem a importância de trabalhar com um propósito comum, defendendo o interesse coletivo. Como um exemplo, visitamos uma cooperativa industrial, um segmento forte do cooperativismo, onde todos, inclusive os trabalhadores, são cooperados e participam ativamente das decisões e do planejamento da indústria", contou Guerra.