Com uma produção de 93,41 quilos de leite, em cinco ordenhas, a vaca holandesa Ferraboli 455 Hollywood, da Granja Ferraboli, de Anta Gorda, foi a grande vencedora adulta do concurso leiteiro da 45ª Expoleite e 18ª Fenasul. A propriedade também faturou o melhor desempenho na categoria Jovem, com Ferraboli 479 Kingboy, que entregou 73,63 quilos. O certame, iniciado na quarta-feira (14), foi encerrado no final da tarde desta quinta, com o tradicional banho de leite.
A propriedade repete, assim, o desempenho da Expointer 2024, em amba as categorias. Na ocasião, Festleite Ferraboli 407 Supersire, então com 5 anos, arrematou o primeiro lugar na categoria Adulta, com a produção de 110,41 quilos de leite em 24 horas, recorde estadual. E na categoria Jovem, Ferraboli 622 Crushabull, também da raça holandesa, venceu, com a produção de 84,81 quilos.
Um dos donos do estabelecimento, Diogo Ferraboli, comemorou a performance e projetou novos desempenhos do plantel.
“As duas vacas estão na primeira participação em feiras. A adulta ainda está longe do seu auge produtivo. Quem sabe, se o produtor de leite for valorizado, ela volta na Expointer, para nos trazer mais alegrias?”
Quem também não escondeu entusiasmo foi o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) e da Federação Brasileira das Associações de Criadores e Animais de Raça (Febrac), Marcos Tang. Segundo ele, além dos números expressivos nas ordenhas, os animais também resumem a qualidade da raça.
“Como criador e apaxonado, gosto de ver animais inteiros, que mostram tranquilidade, saúde, indicam no andar que estão confortáveis. Com úberes firmes, em função das ordenhas feitas na hora certa, são a prova da boa condução e manejo. E são campeãs”, observou.
Outro destaque do dia foi a maior linguiça do mundo, com 187,7 metros de comprimento, assada no parque Asis Brasil, como uma das atrações do 2º Campeonato Pan-Americano de Assadores Ancestrais, organizado pelo chef Edi Dagrê e a Associação Gaúcha de Churrasqueiros e Chefs. A iguaria começou a ser preparada às 7h e ficou pronta por volta do meio-dia.
Outra atração da mostra, que segue até o fim de semana, é a competição de parrilleros e assadores, onde são esperados cerca de 300 chefs de 14 países. E o domingo promete a preparação do maior carreteiro do mundo, com 10 toneladas de alimentos, que podem servir cerca de 20 mil pessoas. A iniciativa movimentará cerca de 500 pessoas na produção e quatro retroescavadeiras para mexer a panela, confeccionada especialmente para o evento.
A feira segue até domingo, das 8h às 22h, com acesso gratuito ao público, mas há cobrança de estacionamento. O evento conta com cerca de 3 mil animais inscritos, seminários, eventos técnicos e 40 agroindústrias familiares.
O coordenador de feiras da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag-RS), Jocimar Rabaioli, observou que o movimento de público no Pavilhão da Agricultura Familiar tem sido calmo durante o turno do dia, mas melhora substancialmente à noite. E projeta grande expectativa para o final de semana.
“Toda a variedade de produtos está aqui. Doces, queijos, cachaças, vinhos, espumantes, geleias, biscoitos, pães, cucas, salames e copa. Além de flores, artesanatos e facas, por exemplo, junto com a Multifeira de Esteio. Nossa expectativa é trazer um bom público ao evento, como aconteceu em 2023”, observou.
Na quarta-feira, o evento foi aberto em tom de desabafo e cobrança ao governo federal, que ainda não respondeu às demandas dos produtores rurais para a suspensão das dívidas e a renegociação do passivo de longo prazo. Sequer a resolução do Conselho Monetário Nacional permitindo a prorrogação das parcelas, prometida pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e também por técnicos do Ministério da Fazenda, aconteceu.
Marcos Tang lembrou que as dificuldades permanecem, um ano após a enchente que atingiu o Estado. Ressaltou a necessidade de prorrogação dos prazos de dívidas contraídas e que já estão vencendo e cobrou mais agilidade.
"Estamos, sim, muito tristes com a inércia, principalmente do governo federal, porque a maioria dos produtores de leite, na atividade da porteira para dentro, está renegociando dívidas direto nos bancos, mas com as condições (impostas) das instituições."
Gedeão Pereira, presidente do Sistema Farsul, destacou o acúmulo de perdas por conta do clima desde 2020, ano em que o Estado teve quebra de 50 milhões de toneladas.
"Não podemos negar que o Rio Grande do Sul está no epicentro de uma mudança climática que nos distância dos outros estados brasileiros", comentou, lembrando a situação de endividamento dos produtores e a ausência de ações por parte do governo federal.
"O governo estadual tem sido parceiro, mas não estamos tendo esse entendimento pelo governo federal. Nada veio, e os sistemas estão exauridos. Se não vier uma ajuda a longo prazo, veremos pela primeira vez uma redução de área de plantio no Estado", alertou.