A China abriu nesta sexta-feira (27) uma investigação junto a todos os seus parceiros fornecedores de carne bovina. A medida, anunciada pelo Ministério do Comércio daquele país, visa a aplicação de medidas de salvaguarda sobre as importações do produto.
Serão apurados os negócios realizados entre 2019 e o primeiro semestre de 2024, em um processo que deverá durar até agosto do próximo ano. Em nota, o governo brasileiro reafirmou seu compromisso em defender os interesses do agronegócio brasileiro, “respeitando as decisões soberanas do nosso principal parceiro comercial, sempre buscando o diálogo construtivo em busca de soluções mutuamente benéficas”.
Conforme o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Luís Rua, a investigação não deve alterar operações comerciais durante o período, permanecendo vigente a tarifa de 12% de Frete Valor que a China aplica sobre as importações de carne bovina.
“É um procedimento comum quando aumentam exponencialmente as importações de algum produto. O objetivo é avaliar se a entrada do produto causa danos à indústria local. E a China aumentou muito as compras externas de carne bovina nos últimos anos, para suprir e complementar o abastecimento de carne suína, cuja produção interna foi prejudicada por conta da ocorrência de peste suína africana”, disse Rua ao JC.
A epidemia da doença, em 2018 e 2019, causou a morte de cerca de 40% do rebanho suíno do país. Desde então, os chineses precisaram ampliar as importações de proteína animal pelo mundo.
A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, consolidando-se nos últimos anos como o maior parceiro comercial do Brasil em proteínas animais. Em 2024, as exportações brasileiras de carne bovina para o país somaram mais de 1 milhão de toneladas, representando aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023.
De acordo com os protocolos, as partes interessadas têm 20 dias para se manifestar à China sobre as investigações. Na prática, será uma análise de documentos, formulários, declarações, informações e dados estatísticos que irão subsidiar a avaliação. Durante os próximos meses, e seguindo o curso e os prazos legais da investigação, o governo brasileiro, em conjunto com o setor exportador, buscará demonstrar que a carne bovina brasileira embarcada à China não causa qualquer tipo de prejuízo à indústria chinesa. E que, pelo contrário, é um importante fator de complementariedade da produção local chinesa.
“O Brasil tem convicção de que a parceria é segura e que não compromete a produção local. Somos uma alternativa à redução de oferta local e trabalhamos de forma a complementar as necessidades dos chineses. Vemos com naturalidade e tranquilidade esse processo”, finalizou Rua.