Quando os portões do Parque Estadual de Exposições Assis Brasil se abrirem ao público neste sábado, em Esteio, o complexo estará pronto para a 47ª Expointer. Mas o esforço para colocar tudo em ordem a tempo foi grande. Na quinta-feira (22), faltando menos de 48 horas para o início, o mutirão de trabalhadores em todos os lugares era gigantesco. É a mostra ganhando forma.
A enchente de maio causou grandes estragos e exigiu consertos e reformas importantes. Mas também atrasou o cronograma de trabalho e até mesmo colocou em dúvida a realização desta edição da mostra. Por isso, a correria de última hora era até mesmo de se esperar.
Foi preciso empenho para ajustar os detalhes, montar os estandes, acomodar os animais e para dar a eles tempo de adaptação. Muitas propriedades trazem seus reprodutores de longas distâncias, em viagens cansativas, e a mudança de ambiente e rotina, além do cansaço, altera comportamentos e exige atenção.
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Não por acaso, uma égua Mangalarga recebia soro na veia, administrado pelo tratador junto à sua baia, no Pavilhão dos Equinos. O animal viajou 1.380 quilômetros a bordo de um caminhão, desde Jacareí (SP), sede do MyHaras, até Esteio. O trajeto foi cumprido em dois dias, com partida na noite de segunda-feira (19) e chegada na quarta (21).
Mais adiante, no Pavilhão dos Ovinos, duas ovelhas Hampshire Down da Cabanha Dom Pastor, de Mato Leitão, dividiam o mesmo espaço. Não por economia, mas por estratégia do tratador. Uma delas demorou a se ambientar e parou de comer.
“Até a água do parque é diferente, tem mais cloro. E os animais estranham. Por isso, decidi colocá-la junto com a outra. Ovelhas gostam de disputar alimento. E isso já bastou para que ela voltasse a comer”, contou o tratador Aílson Cabral. Atento, ele percebeu a necessidade e se antecipou, para que o animal não sofresse com perda de peso e outros problemas de adaptação.
Situação contornada, ele ajudava o colega Lairton Christmann, que acompanha três exemplares da mesma raça trazidos pela Cabanha Joia da Montanha, de Sinimbu, na tosa dos animais para o julgamento que acontecerá na terça-feira (27).
“A lã precisa ter 2 centímetros de altura. Nem mais, nem menos. E os jurados fazem até medição para confirmar. Por isso, é preciso ser detalhista e deixar tudo nivelado”, observou Christmann.
A cada pequeno trecho percorrido no parque, a feira ia ganhando corpo, forma, estrutura e cheiro. Na metade da manhã, dezenas de bovinos de diferentes raças estavam na fila para o banho. Xampu, esponja, água e atenção especial, num momento de relaxamento para os animais antes da chegada do público.
Grandes estruturas de empresas iam sendo erguidos em uma velocidade que um leigo consideraria impossível serem concluídos. Aos poucos, tudo foi sendo colocado em seu lugar. No espaço destinado às máquinas e implementos agrícolas, o trabalho estava mais adiantado. Estandes gigantescos, com equipamentos sofisticados, eram organizados para atrair o público e despertar a concretização de negócios.
Imponentes plantadeiras, colheitadeiras, tratores, pulverizadores, entre outras atrações para diferentes perfis de atividade rural, atraíam a atenção. Enquanto isso, as equipes tratavam de finalizar a montagem dos locais.
Novidade na Expointer, o Boulevard construído junto ao Pavilhão do Gado Leiteiro abriga espaços comerciais de diferentes segmentos em uma área coberta, em frente à administração do parque. Floricultura, lojas de produtos para pets e vestuário, por exemplo, estarão funcionando no local, que ganha novo visual e status na feira.
E, ainda mais adiante no parque, os estandes no Pavilhão da Agricultura Familiar ainda estavam sendo montados. Nos 7 mil metros quadrados do espaço, abrigará 413 empreendimentos, 11% a mais do que em 2023, na 25ª edição do espaço na feira.
Praticamente vazia, a estrutura destoava da imagem tradicional ao longo das mostras anteriores. Mas a partir de sábado, será um dos principais pontos de visitação e comercialização de produtos. “Estamos trabalhando há cerca de 15 dias na montagem. A gente estranha ver esse espaço ainda silencioso e sem cor. Parece que não vai dar tempo. Mas vai estar tudo pronto no sábado, podem ficar tranquilos”, brincou o diretor de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Eugênio Zanetti, que circulava pelo local.