Entidades representativas da Emater-RS e extensionistas estão preocupados com a nova troca no comando da autarquia – a sexta em cinco anos e meio da administração do governador Eduardo Leite. A eleição e posse do substituto da veterinária Mara Helena Saafeld, que assumiu a Emater em abril do ano passado, está marcada para a próxima segunda-feira (1º/7).
O Fórum de entidades construiu uma carta aberta, questionando qual a intensão do governo e que enfatizando esperar que a nova mudança não seja por motivos pessoais, particulares ou políticos. No documento, que deverá ser entregue ao governador e aos secretários de Desenvolvimento Rural (SDR), Ronaldo Santini, e da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Clair Kuhn, que já foi presidente da Emater, também apontam a fragilização da empresa, cujo orçamento vem sendo reduzido ao longo dos últimos anos, com impacto sobre o atendimento da extensão rural às famílias de agricultores gaúchos. As entidades afirmam que apesar do enxugamento no orçamento e nos quadros da Emater entre 2014 e 2022, os extensionistas tem se esforçado para que o atendimento às famílias de agricultores não seja comprometido. No período, os recursos para a autarquia caíram de R$ 331 milhões para R$ 213 milhões.
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Desde a primeira gestão de Leite no Piratini, estiveram à frente da Emater Ibere Mesquita Orsi, Geraldo Sandri, Edmilson Pelizzari, Alex da Silva Corrêa e Cristian Wyse Lemos, até chegar à atual presidente. Luana Lucas Alves, presidente da Associação de Extensionistas Sociais Rurais do RS, que integra o Fórum Permanente de Entidades representativas da Emater, disse ao Jornal do Comércio que uma reunião estava agendada com Santini para tratar do assunto na terça-feira (25), mas o secretário teria desmarcado. Procurada, a SDR respondeu que irá se manifestar após a eleição.
De acordo com a dirigente, as sucessivas trocas enfraquecem a instituição, com quase 70 anos de atuação na assistência técnica e na extensão rural e social. “Nesse momento de calamidade que enfrentamos, são os extensionistas que estão lá na ponta ajudando o Estado no atendimento das famílias. É um descaso com a instituição e com o trabalho desenvolvido”.
Relatório técnico elaborado pela Emater, que apresenta uma análise detalhada dos impactos das chuvas e cheias extremas, ocorridas no Estado do Rio Grande do Sul, mostra que foram mais de 9,1 mil localidades atingidas, construções e instalações de 19,1 mil famílias rurais, 48,6 mil produtores nas culturas de grãos prejudicados, afetando a cadeia de suprimentos e a economia estadual. Ainda, 405 municípios informaram perdas de fertilidade e solos por erosão hídrica em 2,7 milhões de hectares e prejuízos em cerca de 200 agroindústrias.
“Quais os planos para a Emater, afinal? O quadro de profissionais perdeu pelo menos 850 colaboradores desde 2014. E há previsão de 200 desligamentos, por meio de um plano de demissões. Nossa preocupação é real”, reclama Luana.