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Publicada em 24 de Junho de 2024 às 18:02

Vacas leiteiras passaram mais tempo em estresse térmico neste outono

Áreas de sombra, água em abundância e dieta menos calórica são manejos importantes para proteger os plantéis

Áreas de sombra, água em abundância e dieta menos calórica são manejos importantes para proteger os plantéis

FERNANDO DIAS/SEAPI/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Ventres leiteiros de propriedades rurais gaúchas enfrentaram quase 10% mais tempo de estresse térmico no outono de 2024 em relação ao período anterior. Além das perdas de animais e na coleta nas propriedades, por conta das chuvas extremas em maio, o impacto da combinação de temperaturas elevadas e alta umidade relativa do ar sobre os animais provocou diminuição no volume diário de produção e exigiu mudanças no manejo dos plantéis.
Ventres leiteiros de propriedades rurais gaúchas enfrentaram quase 10% mais tempo de estresse térmico no outono de 2024 em relação ao período anterior. Além das perdas de animais e na coleta nas propriedades, por conta das chuvas extremas em maio, o impacto da combinação de temperaturas elevadas e alta umidade relativa do ar sobre os animais provocou diminuição no volume diário de produção e exigiu mudanças no manejo dos plantéis.
É o que diz o Comunicado Agrometeorológico 71, editado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, divulgado nesta segunda-feira (24). A situação foi verificada com maior intensidade no mês de março, nas regiões Oeste, no Alto e baixo Uruguai, Central e também em Campo Bom e Porto Alegre.

Leia mais: Produção gaúcha de leite é afetada por fortes chuvas

Conforme a médica veterinária Adriana Tarouco, pesquisadora do DDPA, as maiores estimativas de perdas médias diárias de produção de leite são atribuídas às vacas com mais potencial de produção. Isso se deve à elevada produção de calor corporal, devido às altas taxas metabólicas destes animais, dificultando as trocas calóricas com o ambiente, em situações que conciliam temperatura e umidade relativa do ar elevadas.
De acordo com o estudo, que é desenvolvido trimestralmente desde 2022 em 10 regiões ecoclimáticas do Estado, ao longo das quatro estações do ano, vacas com produção entre 25 quilos e 40 quilos de leite ao dia tiveram queda média estimada para o trimestre variando de 3,3 quilos, em abril, a 5,9 quilos, em março. A maior redução foi estimada para Santa Maria, onde vacas com média diária de 40 quilos produziram 6,9 quilos a menos por dia no terceiro mês do ano.
Já vacas que produzem 5 quilos e 20 quilos de leite por dia tiveram redução média em março estimada 1,7 quilo e 3,5 quilos diários, respectivamente. Em abril, os ventres com produção de 5 quilos ao dia apresentaram queda de 1,5 quilo, e os com produção de 20 quilos apresentaram diminuição de 2,9 quilos. Já em maio, as estimativas de redução variaram de 1,6 quilo ao máximo de 3,1 quilos diários.
As maiores perdas foram estimadas para as fêmeas com produção diária de 20 quilos em Campo Bom e em Uruguaiana, com perda de 3,9 quilos no rendimento no mês de março, e em Santa Maria, redução de 4 quilos ao dia, em maio.
Situações de estresse térmico exigem manejo diferenciado para salvaguardar os animais. Adriana observa que entre as medidas essenciais para manter a saúde do plantel, o volume e a qualidade do leite estão a oferta de áreas de sombreamento, contra sol, frio e chuva, e água em abundância e de qualidade. A implantação de sistemas integrados, com florestas, por exemplo, também é eficiente.
Igualmente, a dieta oferecida aos animais precisa ser replanejada com menor oferta calórica nos períodos de altas temperaturas.
“A temperatura corporal desses animais deve variar entre 36,5°C e 38,5°C. Caso contrário, eles passam a consumir menos alimentos, reduzem a lactação e têm inclusive alterações endocrinológicas que afetam a reprodução. As vacas não entram em cio ou mesmo sofrem perdas embrionárias”, explica a pesquisadora.
De acordo com ela, condições extremas para o rebanho bovino são consideradas quando a temperatura supera os 42°C e a umidade relativa do ar está acima dos 70%.
Felizmente, esses períodos de estresse ocorreram em regiões aonde o volume de produção de leite no Rio Grande do Sul não é tão grande. Mas, ainda assim, a Fronteira Oeste concentra uma bacia leiteira razoável. E cuidados especiais são importantes”, completa Adriana.

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