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Publicada em 24 de Janeiro de 2024 às 16:25

Setor avícola foca pauta fiscal e novos mercados para suportar crise

Ampliar exportações e melhorar competitividade interna estão na mira das indústrias de frango e ovos, diz José Eduardo dos Santos (D)

Ampliar exportações e melhorar competitividade interna estão na mira das indústrias de frango e ovos, diz José Eduardo dos Santos (D)

ASGAV/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia
Com um desempenho de queda de 5% no volume de abates e também na produção de carne de frango no ano passado em relação a 2022, o setor gaúcho reforçou o alerta e traçou uma agenda intensa de iniciativas para estancar o momento negativo em 2024. Em análise feita nesta quarta-feira, a Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs) apontou como uma das prioridades o avanço do diálogo com o governo do Estado para manter os incentivos fiscais sob a mira do Piratini, bem como a reforma tributária federal.
Com um desempenho de queda de 5% no volume de abates e também na produção de carne de frango no ano passado em relação a 2022, o setor gaúcho reforçou o alerta e traçou uma agenda intensa de iniciativas para estancar o momento negativo em 2024. Em análise feita nesta quarta-feira, a Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs) apontou como uma das prioridades o avanço do diálogo com o governo do Estado para manter os incentivos fiscais sob a mira do Piratini, bem como a reforma tributária federal.
Na série histórica desde 2013, os abates de frangos de corte registraram tímido aumento de 5,9%, saindo de 758 milhões de aves abatidas para 802 milhões. O volume produzido cresceu 16%. E as exportações tiveram desempenho positivo de 3,9%, de 711 mil toneladas para 739 mil enviadas em 2023. Mas a receita com os embarques no ano passado caiu 3,9%, somando US$ 1,4 bilhão, contra US$ 1,5 bilhão em 2022. Em volume, a queda foi de 2,1%, ficando em 739 mil toneladas em 2023.
A desvantagem competitiva das indústrias do Estado em relação às demais unidades da Federação, por questões logísticas que elevam os custos, e o impacto dos eventos climáticos extremos que atingiram o Vale do Taquari, uma das principais regiões produtoras, impuseram a redução na performance em 2023. Por isso, a Asgav sustenta que é preciso, urgentemente, avançar nas negociações com o governo do Estado. E o Grupo de Trabalho da Proteína Animal, criado no ano passado, é o fórum onde deverão ser apresentados todos os números e demonstrar a importância de preservar uma condição tributária que já não é a ideal.

Leia mais: RS tem queda de 19,2% nos embarques de carne de frango em setembro

“Temos, também, de minimizar os efeitos da reforma tributária federal, que vem para melhorar, para otimizar. Mas ainda tem muitos pontos obscuros que nós precisamos trabalhar muito para evitar que recaia sobre o setor uma carga maior do que nós vivemos no atual sistema tributário. A medida provisória da reoneração da folha, que foi publicada, também está em discussão. Então, tudo são coisas ainda que estão no ar, não sabemos o real impacto que isso vai gerar na avicultura de corte e na produção de ovos”, observa o presidente executivo da entidade, José Eduardo dos Santos.
Não por acaso, a chamada guerra fiscal entre os estados seria um dos fatores que fazem mais de 50% dos produtos avícolas consumidos no Rio Grande do Sul em 2023 terem origem em outras unidades. A crise no setor tem levado indústrias a ingressarem com pedidos de recuperação judicial. E não foram poucas, conforme o presidente do Conselho Diretivo da Asgav, Nestor Freiberger. Entre elas está a Languiru, de Teutônia, que em 2021 abateu cerca de 30 milhões de aves e interrompeu as atividades.
Reflexo do momento difícil aparece também no volume de investimentos feitos pelas empresas do setor no Estado. Foram R$ 179 milhões em 2023, valor 42,5% inferior aos R$ 311 aportados no ano anterior.
Agora, um novo aspecto entra no radar das indústrias de transformação de proteína animal. A redução do preço do milho em mercados de mato Grosso e Minas Gerais, por exemplo, de onde boa parte desse insumo é trazida ao Rio Grande do Sul, pode desestimular os produtores em safras futuras. E, com menor oferta, em efeito cascata, a própria produção de aves pode precisar ser ajustada ou redirecionada a outros mercados.
Essa, aliás, é uma das saídas vislumbradas pela entidade para assegurar a continuidade da cadeia. No ano passado, o volume embarcado também caiu. Foram 2% em volume e 3,9% em receita, na comparação com 2022. A intenção é ampliar os negócios externos para reequilibrar a balança.
Internamente, a entidade reconhece que se não conseguir preservar os incentivos fiscais no Estado e ainda houver impacto importante da reforma tributária sobre o setor, será inevitável repassar parte da conta ao consumidor. Mas assegura que o foco ainda será manter os produtos ao alcance do público.
“A gente tem que analisar o histórico do setor. O setor repassou, como vários outros, mas nunca para espantar o nosso consumidor. Temos também uma responsabilidade social de fornecer proteína saudável e acessível à população. Alimentação é essencial. No mundo, há 700 milhões de pessoas passando fome”, ressalta Santos.
Já no segmento da indústria e produção de ovos, houve um aumento de 63,49% desde 2013, chegando a 228 mil toneladas em 2023, representando aproximadamente 3,2 bilhões de ovos produzidos no Estado. A receita das exportações também teve um expressivo crescimento, de 91%, alcançando US$ 21 milhões em 2023. Os embarques de ovos do Rio Grande do Sul fecharam o ano de 2023 com 6,2 mil toneladas enviadas ao exterior, contra 2,7 mil toneladas exportadas no ano de 2022, uma alta de 126,2%.
"Em 2023, o setor conseguiu equilibrar a situação e buscou recuperação. O expressivo aumento nas exportações de ovos também é efeito da incidência da influenza aviária no exterior, em especial nos Estados Unidos, que dizimou quase 70 milhões de aves poedeiras, e em consequência, baixou a produção e oferta de ovos no país e nos seus clientes, além da inflação dos alimentos na União Europeia em detrimento ao conflito Rússia versus Ucrânia", conclui o presidente executivo da Asgav.

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