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SAFRA

- Publicada em 05 de Setembro de 2023 às 17:54

Novos aportes em estocagem de grãos amenizam déficit de armazenamento no RS

Capacidade de armazenamento no Estado é de cerca de 32 milhões de toneladas

Capacidade de armazenamento no Estado é de cerca de 32 milhões de toneladas


COASA/DIVULGAÇÃO/JC
Pedro Carrizo, especial para o JC
Pedro Carrizo, especial para o JC
A projeção mais otimista para as culturas de verão da safra gaúcha 2023/2024, após dois anos de estiagem, tem provocado a retomada nos investimentos de cooperativas e empresas agrícolas do Estado, sobretudo em infraestrutura de armazenagem. Durante a 46ª Expointer, as cooperativas Cotrijal, Cotripal, Coasa e a cerealista Agrodanieli anunciaram novos aportes em ampliação da estocagem estática, motivadas pela perspectiva de safra cheia, que deve demandar mais espaço.

De acordo com Emater RS, a expectativa é de aumento de 49% frente ao ciclo anterior, podendo alcançar 36 milhões de toneladas ante 24,2 milhões de toneladas da safra 2022/2023. Destaque para o milho e a soja, cujas perspectivas são de um salto de 53,2% e de 73% na produção, respectivamente.

No entanto, se a estimativa da Emater se concretizar, haverá déficit na capacidade de estoque para a próxima colheita de verão. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a capacidade estática de armazenamento no Rio Grande do Sul é atualmente de 32.340.803 toneladas. O Estado é o segundo com maior capacidade, atrás de Mato Grosso.

“Além da safra projetada pela Emater, temos também um estoque de passagem considerável ainda armazenado que tira espaço da próxima colheita. Essa questão logística preocupa, até porque, mesmo com dois anos de seca, já estamos com dificuldade em estocar a produção”, diz o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica.

Uma das maiores do setor no Estado, a cooperativa de Não-Me-Toque firmou acordo de financiamento de R$ 50 milhões via Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). A previsão é injetar de R$ 100 milhões a R$ 150 milhões em expansão este ano na capacidade de estoque, que atualmente é de 1,2 milhão de toneladas. Segundo Mânica, a ideia é ampliar em até 80 mil toneladas este volume até março do próximo ano, quando inicia a colheita da soja.

“Nossa meta é investir no mínimo R$ 100 milhões por ano em armazenagem”, afirma o presidente da Cotrijal.

Com aporte de R$ 50 milhões assinados em financiamento do BRDE, a cooperativa Cotripal, com sede em Panambi, também retomará o plano de expansão de armazenamento de grãos, anunciado em 2022 e mantido em stand by após mais um ano de estiagem, conforme noticiou o Jornal do Comércio. A capacidade de armazenagem atual da cooperativa é de 384 mil toneladas.

Segundo o presidente da Cotripal, Germano Dorwich, a unidade de Coronel Barros terá prioridade no valor financiado. O local, que atualmente funciona como um ponto de recebimento de grãos, terá um aporte de R$ 27 milhões para passar a armazenar e secar, principalmente soja e trigo. A capacidade de armazenagem em Coronel Barros aumentará em 700 mil sacas, ou 42 mil toneladas.

Metade da obra será entregue até a colheita safra de soja, para o recebimento deste grão. A outra metade (e finalização) será em julho de 2024, informa a cooperativa.

Outra a anunciar investimentos na área de armazenagem é a Cooperativa Agrícola Água Santa (Coasa), que conquistou financiamento de R$ 45 milhões via BRDE e antecipou que parte do aporte será para ampliar a capacidade de estoque, de 4,2 milhões de sacas ao ano para 4,5 milhões de sacas ao ano. A expectativa é que a obra seja entregue entre o fim de 2023 e início de 2024.

Por fim, a Agrodanieli Indústria e Comércio Ltda projeta concluir já no próximo ano uma nova estrutura para recebimento e armazenagem de grãos com capacidade para 63 mil toneladas. Para viabilizar a continuidade do projeto, a empresa cerealista celebrou um financiamento de R$ 50 milhões com o BRDE durante a Expointer.

“Esses investimentos vão ajudar, mas não resolvem o problema porque as obras de ampliação demandam tempo. Precisamos de um programa de investimento de uns quatro anos para conseguir suprir a falta de capacidade de armazenagem no RS”, acrescenta Mânica.

BRDE contribui para ampliação da capacidade de estoque

Todas as cooperativas listadas e a Agrodanieli assinaram termos de financiamento com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para o andamento das obras. Os negócios envolvendo novas estruturas de armazenagem e beneficiamento de grãos somaram R$ 195 milhões, o que representa 37,6% do total financiado pelo BRDE durante a Expointer, calculado em R$ 518 milhões.

Além desse montante, cerca de R$ 83,4 milhões já haviam sido financiados antes da feira para ampliação e modernização das estruturas de armazenagem e beneficiamento de grãos. Ao todo, o BRDE financiou R$ 278,4 milhões para aumentar a capacidade estática do agronegócio neste ano.

Importante salientar que boa parte dos projetos não se resume apenas à ampliação da capacidade de estocagem de grãos (silos), mas envolvem também melhorias no fluxo de recebimento dos grãos (moegas, secadores, máquinas de pré-limpeza e aquisição de equipamentos diversos).

Financiamentos do BRDE para armazenagem de grãos nos últimos anos



2022: R$ 197.051.319,55
2021: R$ 77.007.994,00
2020: R$ 117.227.888,00
2019: R$ 81.068.975,00
Fonte: BRDE