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Internacional

- Publicada em 29 de Outubro de 2021 às 17:12

Biden e Macron trocam elogios após crise dos submarinos, mas francês ainda espera 'prova de amor'

Biden admitiu a Macron que as ações dos EUA no episódio poderiam ter sido melhores

Biden admitiu a Macron que as ações dos EUA no episódio poderiam ter sido melhores


LUDOVIC MARIN/AFP/JC
O encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, nesta sexta-feira (29), pôs fim - de acordo com os dois líderes - à crise diplomática desencadeada pelo acordo norte-americano com Reino Unido e Austrália para a construção de submarinos nucleares.
O encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, nesta sexta-feira (29), pôs fim - de acordo com os dois líderes - à crise diplomática desencadeada pelo acordo norte-americano com Reino Unido e Austrália para a construção de submarinos nucleares.
Batizado de Aukus, o pacto de segurança irritou os franceses porque significou o cancelamento de um contrato bilionário assinado em 2016 com os australianos. Agora, segundo Macron, é hora de olhar para o futuro. "O que realmente importa agora é o que faremos juntos nas próximas semanas e nos próximos meses", disse o francês durante um discurso em sua embaixada no Vaticano, após o encontro com Biden.
Mais cedo, o norte-americano havia se reunido com o Papa Francisco. Biden acabou se atrasando por uma hora e meia para a reunião com Macron, mas após a conversa, em que trataram de mudanças climáticas, ações de combate ao terrorismo na África e defesa da Europa, os dois líderes posaram para as câmeras dando um aperto de mão.
Macron disse que o encontro com o democrata foi importante para marcar o início de um "verdadeiro projeto conjunto" com os EUA. Desde o impasse diplomático criado pelo Aukus, segundo o líder francês, houve "um esclarecimento indispensável sobre o que constitui a soberania e a defesa europeias e o que elas podem trazer para a segurança global".
Questionado, mais tarde, se a confiança em Biden foi completamente restaurada, Macron deu uma resposta que pode indicar que o relacionamento entre as duas lideranças ainda pode conter alguns espinhos. "A confiança é como o amor: declarações são boas, mas provas são melhores".
O líder norte-americano admitiu que as ações dos EUA no episódio poderiam ter sido melhores. "Acho que o que aconteceu foi, para usar uma frase do inglês, o que fizemos foi desajeitado. Não foi feito com muita elegância", disse o presidente dos EUA. "Tive a impressão de que aconteceram certas coisas que não tinham que ter acontecido. Mas quero deixar claro: a França é um parceiro extremamente, extremamente valioso - extremamente - e um poder por si mesma."
Biden disse que tinha a impressão de que a França já estava ciente de que seu acordo com a Austrália não estava indo bem na ocasião do anúncio. À época, ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, descreveu o Aukus como "uma punhalada nas costas" e disse que Biden agiu como o ex-presidente Donald Trump, de maneira "unilateral, brutal, imprevisível".
Nesta sexta, o líder norte-americano procurou encher Paris de elogios, dizendo que os EUA não têm um aliado mais antigo e mais leal do que a França, e que não há lugar no mundo em que os dois países não possam trabalhar em cooperação.
Utilizando quase as mesmas palavras, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que deve se encontrar com Macron durante o fim de semana, também procurou reforçar os laços com o vizinho europeu. "A França é um de nossos melhores, mais antigos e mais próximos aliados, amigos e parceiros", disse Boris a jornalistas a caminho da cúpula do G20 na Itália. "Os laços que nos unem são muito mais fortes do que a turbulência que existe atualmente no relacionamento. É o que direi ao Emmanuel (Macron), um amigo que conheço há muitos anos."
Essa foi a primeira vez em que Biden e Macron se encontraram desde o início da crise diplomática. Desde então, os dois presidentes se falaram por telefone ao menos duas ocasiões. Na primeira delas, concordaram que "a situação (no caso Aukus) teria sido beneficiada por consultas abertas entre aliados sobre questões de interesse estratégico para a França" e outros parceiros europeus dos EUA.
Na mesma conversa, combinaram o encontro desta sexta-feira e Macron decidiu que seu embaixador retornaria a Washington na semana seguinte - gesto diplomático que botou panos quentes na relação entre as lideranças. No jargão das relações internacionais, convocar um embaixador, como fez o líder francês à época, é um movimento que expressa forte insatisfação com o país que abriga os diplomatas.
A segunda ligação telefônica ocorreu na semana passada. Segundo comunicado da Casa Branca, "os dois líderes revisaram os esforços contínuos de suas equipes para apoiar a estabilidade e a segurança no Sahel e para aumentar a cooperação no Indo-Pacífico". Também ficou agendada a visita da vice-presidente Kamala Harris a Paris em novembro.
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