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Internacional

- Publicada em 16 de Março de 2021 às 15:46

Covid-19: Uruguai estende faixa de vacinação a maiores de 50 e inclui brasileiros com dupla cidadania

Gaúchos da fronteira dizem que é um privilégio contar com a vacina no país vizinho

Gaúchos da fronteira dizem que é um privilégio contar com a vacina no país vizinho


Claudio Reyes/AFP/JC
A vacinação para pessoas de 50 a 70 anos começou na segunda-feira (15) em regiões do Uruguai que fazem fronteira com o Brasil, no momento em que autoridades do país se mostram preocupadas com a situação da pandemia do lado brasileiro. O governo uruguaio destinou parte das doses que sobraram de outras regiões para reforçar a vacinação na fronteira e tentar blindar o país da ameaça de novas variantes, como a P1, de Manaus. Além disso, a situação na fronteira com o Rio Grande do Sul é considerada o maior problema atual, segundo informou o vice-governador do departamento de Rivera, José Mazzoni.
A vacinação para pessoas de 50 a 70 anos começou na segunda-feira (15) em regiões do Uruguai que fazem fronteira com o Brasil, no momento em que autoridades do país se mostram preocupadas com a situação da pandemia do lado brasileiro. O governo uruguaio destinou parte das doses que sobraram de outras regiões para reforçar a vacinação na fronteira e tentar blindar o país da ameaça de novas variantes, como a P1, de Manaus. Além disso, a situação na fronteira com o Rio Grande do Sul é considerada o maior problema atual, segundo informou o vice-governador do departamento de Rivera, José Mazzoni.
A artesã Miriam Moreira, de 58 anos, estava entre os brasileiros com cidadania uruguaia que já se vacinaram contra a Covid-19. Miriam tornou-se cidadã após o casamento com um uruguaio e vive em Rivera, no Uruguai, divisa com Sant'Ana do Livramento (RS). A vacina mudou a rotina das pessoas que moram do lado brasileiro, já que as duas cidades - Sant'Ana do Livramento e Rivera - são conurbadas, sem controle migratório. Mas, para se vacinar no Uruguai, é preciso marcar com antecedência.
O Ministério de Saúde uruguaio permite três diferentes formas de agendamento. "Marquei por WhatsApp. Em dez minutos realizei o agendamento. Três dias depois, estava imunizada", contou Miriam. As autoridades dos dois municípios têm adotado protocolos diferentes no enfrentamento da pandemia.
No lado brasileiro, Livramento sofreu com o fechamento do comércio e, atualmente, está sob o impacto da bandeira preta no mapa de distanciamento controlado do Rio Grande do Sul, o que indica risco altíssimo de contágio. Já Rivera vem ocupando, desde o ano passado, o título de cidade uruguaia com maior número de casos no interior. Ainda assim, o governo local mantém restrições bem mais flexíveis do que as adotadas no lado brasileiro, inclusive com o comércio funcionando normalmente.
Os gaúchos da fronteira dizem que é um privilégio contar com a vacina no país vizinho. "Estou muito feliz por morar em uma cidade de fronteira e poder receber a imunização. Acho que no Brasil vai demorar um pouco mais. Agradeço muito ao Uruguai por ter me dado essa oportunidade", afirmou Miriam.

Confirmação de novas faixas etárias deve ocorrer nesta terça-feira

Segundo o Ministério da Saúdo Uruguai, a partir desta terça-feira (16) haverá a confirmação de outras faixas etárias para a imunização no país. Miriam aguarda a segunda dose, já marcada para o dia 5 de abril. "Assim que eu tomar a última dose, quero voltar a levar uma vida mais próxima do antigo normal. Espero que, aos poucos, isso aconteça.”
No Uruguai, desde segunda-feira, podem se vacinar moradores das cidades de Artigas, Bella Unión, Rivera, Rio Branco e Chuí. O governo do presidente Luis Lacalle Pou tem pressa, porque teme o aumento de casos importados do Brasil. No domingo (14), o Uruguai registrou três recordes negativos: maior número de contágios em um dia (1.587), segundo maior número de mortes (14) e maior número de internados em UTI (124).
Nove dos 19 departamentos uruguaios estão na chamada zona de risco: Salto, San José, Florida, Rio Negro, Montevidéu, Cerro Largo, Taquarembo, Artigas e Rivera. O ministro da Saúde uruguaio, Daniel Salinas, afirmou que o momento é um dos mais complexos da pandemia e é preciso "reavaliar" a abordagem da Covid. O Sindicato Médico do Uruguai pediu medidas para reduzir a mobilidade de pessoas e a Federação Médica do Interior (Femi) afirmou que o governo precisa olhar os dados de cada região de maneira diferente.
Lacalle Pou se reúne com seus ministros nesta terça para decidir se adotará medidas restritivas. A Cátedra de Enfermidades Infecciosas da Universidade da República, a mais tradicional do Uruguai, também se manifestou em defesa da menor circulação de pessoas.
O departamento de Rivera é o primeiro a estar perto do colapso no sistema hospitalar. A região viu a ocupação das unidades de terapia intensiva chegar a níveis de saturação, de acordo com informações da Sociedade Uruguaia de Medicina Intensiva (Sumi).
Há 23 leitos em Rivera e foi organizado um plano de complementação regional para que os pacientes possam ser deslocados para outras regiões. Autoridades uruguaias vêm expressando preocupação com o que ocorre no Brasil, onde a pandemia saiu de controle, como no caso do Rio Grande do Sul, que tem hospitais lotados, principalmente em Porto Alegre.
"Estamos ameaçados pela situação epidemiológica brasileira. A rapidez com a qual nos vacinamos vai ser fundamental para que o vírus deixe de sofrer mutações no nosso país. Enquanto o vírus estiver circulando, pode sofrer mutação", afirmou o ministro uruguaio, na semana passada.
Julio Pontet, presidente da Sumi, afirmou que o Uruguai atravessa "seu pior momento" na pandemia e destacou que a entidade está produzindo um plano de contingência para minimizar todos os problemas decorrentes da saturação dos hospitais. A cidade de Rivera, que tem uma população de cerca de 60 mil pessoas, tem 828 casos ativos de Covid-19 e acumulou nos últimos sete dias uma média de 79 contágios para cada 100 mil pessoas, o mais alto do país. "Hoje, nosso maior problema, sem dúvida, é o que está acontecendo no Brasil", afirmou José Mazzoni, vice-governador do departamento.

Carga de 1,5 milhão de doses da Coronavac deve chegar ainda nesta semana para impulsionar a vacinação

Em fevereiro, o Uruguai recebeu 192 mil doses da Coronavac, do laboratório Sinovac, e iniciou a campanha de imunização há poucos dias. No Departamento de Rivera, ao menos 15 mil pessoas já foram vacinadas com as primeiras doses, de acordo com o intendente do departamento, Richard Sander. Uma nova carga de 1,5 milhão de doses deve chegar ainda nesta semana para impulsionar a campanha.
O Uruguai, que pretende vacinar o mais rapidamente possível seus 3,5 milhões de habitantes, também espera uma carga de 450 mil vacinas da Pfizer até o fim de abril. Desde o início da pandemia, o país registrou 71.691 casos e 712 mortes. Apesar dos números baixos, em comparação com os vizinhos, o Uruguai foi um dos últimos países da região a começar a vacinação.
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