A Rússia anunciou nesta sexta-feira (5) a expulsão de diplomatas da Alemanha, da Suécia e da Polônia, sob acusação de que eles teriam participado de protestos ilegais no mês passado contra a prisão do líder opositor Alexei Navalny.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse, em comunicado, que considerou as ações deles "inaceitáveis e incompatíveis com o status diplomático". O total de expulsos não foi informado.
Uma onda de protestos começou na Rússia em 23 de janeiro, contra a prisão de Navalny, um líder opositor que critica o governo de Vladimir Putin. Mesmo em meio a um inverno rigoroso, houve atos em cerca de 100 cidades naqueles dias. Milhares de pessoas foram presas por participar dos protestos, que não tinham autorização do governo.
Navalny foi envenenado em agosto de 2020, e acusou diretamente Putin pela tentativa de assassinato. Ele foi tratado em Berlim, onde os médicos afirmaram ter encontrado o famoso veneno dos serviços secretos russos Novitchok (novato) em seu corpo.
Depois, Navalny divulgou a gravação de um trote que deu em um dos agentes do FSB (Serviço Federal de Segurança) apontados como autores do ataque - nele, o espião acha que fala com um superior e admite ter colocado veneno na cueca do ativista no quarto de hotel. O Kremlin nega qualquer envolvimento, e Putin brincou no fim do ano que, se a Rússia quisesse matar Navalny, o teria feito.
O ativista foi preso ao voltar à Rússia, em 17 de janeiro. Ele é acusado formalmente de violar os termos de sua liberdade condicional - teve uma sentença de prisão por fraude comutada em 2014, algo que ele chama de perseguição judicial. Embora nominalmente independente, o Judiciário russo é usualmente alinhado ao Kremlin.
Blogueiro e advogado, Navalny surgiu na cena pública nos protestos contra Putin em 2012. No ano seguinte, candidatou-se a prefeito de Moscou e amealhou enormes 27%. Mas foi em 2017 que ele apareceu para o mundo, ao comandar via internet a convocação de uma jornada de protestos que uniu milhares nas ruas da Rússia. Devido a acusações judiciais, foi barrado de concorrer contra Putin em 2018. Passou então a uma tática dentro da política: fomentar qualquer candidatura em nível regional que fosse contrária ao Rússia Unida, o partido do governo.
Ele logrou sucessos simbólicos importantes nos pleitos locais de 2019 e 2020, e sua volta à Rússia era vista como uma preparação para o embate das eleições parlamentares de setembro. Agora, com ele preso, há a expectativa de que sua esposa, Iulia Navalnaya, possa ganhar destaque na oposição a Putin.