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Internacional

- Publicada em 18 de Janeiro de 2021 às 21:58

Navalny pode pegar 3,5 anos de prisão por violar termos da condicional

Preso no domingo, ativista convocou, por vídeo no YouTube, protestos de rua contra o Kremlim

Preso no domingo, ativista convocou, por vídeo no YouTube, protestos de rua contra o Kremlim


ALEXANDER NEMENOV/AFP/JC
O líder opositor Alexei Navalny pode pegar 3,5 anos de prisão após ser detido ao voltar para a Rússia no domingo (17), 150 dias depois de deixar o país em coma devido a um envenenamento que ele atribui ao governo de Vladimir Putin.
O líder opositor Alexei Navalny pode pegar 3,5 anos de prisão após ser detido ao voltar para a Rússia no domingo (17), 150 dias depois de deixar o país em coma devido a um envenenamento que ele atribui ao governo de Vladimir Putin.
Desafiador, ele convocou protestos de rua contra o Kremlin em um vídeo postado em seu canal no YouTube antes de receber uma sentença provisória, expressa em 15 minutos numa corte de Moscou porque ele teria violado os termos condicionais de suspensão de uma condenação por fraude.
Ele ficará preso por até 30 dias, mas no dia 2 de fevereiro haverá uma nova audiência em que poderá ser reativada a sentença de 2014, segundo seus advogados divulgaram em redes sociais. "Esse velho ladrão (Putin), escondido num bunker, senta e treme de medo. Eles têm medo e, portanto, estão fazendo tudo tão urgente, em segredo, numa correria. Eles estão com medo e têm medo de vocês", disse Navalny.
"Não tenham medo de tomar as ruas. Não por mim, mas por vocês e pelo seu futuro", completou. O Fundo Anticorrupção, ONG do ativista e blogueiro, pediu a retomada dos atos de sábado contra o governo - que chacoalharam grandes cidades russas em 2017 e 2019.
Para Sam Greene, diretor do Russia Institute do King's College de Londres, a prisão denota fraqueza do regime de Putin. Em suas redes sociais, escreveu que não é o caso, contudo, de esperar protestos. "Os russos não sentiram nada quando Navalny foi envenenado", disse.
Navalny foi preso ao desembarcar em Moscou na noite de domingo (17). Seu voo vindo de Berlim foi desviado de aeroporto, numa nada disfarçada tentativa de evitar aglomerações em seu favor.
O aeródromo original da chegada, Vnukovo, foi ocupado por forças de segurança, e 53 pessoas acabaram presas. Em Cheremetievo, onde por fim desembarcou, Navalny não passou da cabine de checagem de passaporte. Seus advogados reclamaram não ter tido acesso ao ativista por 15 horas, assim como sua noiva, Iulia.
Navalny estava na Alemanha depois de se recuperar do envenenamento pelo que os médicos afirmaram ter sido uma dose de Novitchok (novato, em russo), uma neurotoxina fatal em alta concentração usada tradicionalmente pelos serviços secretos soviético e russo.
O Kremlin nega qualquer participação no episódio, e analistas apontam que uma ação de políticos locais insatisfeitos com Navalny pode estar na raiz do episódio. O ativista estava em Tomsk (Sibéria) ajudando a elaborar dossiês de denúncias contra candidatos do partido de Putin na região na eleição local de setembro.
A história foi considerada fantasiosa pelo FSB, mas levada a sério fora do país. Navalny estava na Alemanha e começou a preparar sua volta. Em dezembro, o Serviço Federal Prisional avisou que teria de prender o ativista porque sua ausência feria a condicional por uma condenação de 2014, que Navalny diz ter sido forjada. Ele também responde a outro processo criminal pela mesma acusação.
Assim, sua detenção era previsível. Ainda que nunca tenha angariado apoio como candidato presidencial, algo que tentou ser sem conseguir em 2018, Navalny aposta no fastio dos russos com a era Putin, iniciada no fim de 1999. Em setembro, haverá eleições parlamentares, e ele está disposto a comandar um processo de voto útil nacional em qualquer candidato com mais chance do que do partido do regime, o Rússia Unida. Aparentemente, o Kremlin não está querendo aceitar riscos.
A União Europeia também foi na mesma linha, com os bálticos ex-soviéticos Lituânia e Estônia, sempre temerosos dos antigos mestres em Moscou, pedindo sanções contra o Kremlin.
A Alemanha, que recebeu e tratou o então moribundo Navalny em agosto, também condenou a prisão. Mas o porta-voz de Angela Merkel, Steffen Seibert, foi realista quando questionado se o episódio não deveria ser punido com o fim da construção do gasoduto NordStream 2, um projeto conjunto Berlim-Moscou.
A resposta foi um sonoro não da "realpolitik". Cerca de 40% do gás que alimenta a maior economia europeia vem da Rússia, e dobrar a capacidade de envio do produto pelo mar do Norte, sob o qual corre já o NordStream 1, é uma prioridade de Merkel e um investimento bilionário de empresas europeias.
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