A acusação contra Navalny, entretanto, diz respeito a um suposto uso fraudulento de doações feitas a organizações sob seu controle para cobertura de despesas pessoais, como viagens ao exterior. De acordo com a denúncia do Comitê Investigativo da Rússia, órgão destinado à análise de crimes graves, o ativista e outros indivíduos não identificados teriam se apropriado de cerca de 356 milhões de rublos (cerca de R$ 25 milhões).
Em uma publicação no Twitter, Navalny escreveu que já esperava que o presidente russo tentasse colocá-lo na prisão depois de não conseguir matá-lo. "Putin está pessoalmente por trás de tudo. Ele é um ladrão, pronto para matar aqueles que se recusam a permanecer calados sobre seus roubos", disse.
O opositor sofreu uma intoxicação em agosto, quando ajudava oposicionistas a se preparar para a eleição local em Tomsk, na Sibéria. O avião em que estava teve de fazer um pouso de emergência e, depois de discussões entre sua mulher e os médicos, ele foi transferido, em coma, para
Berlim, onde permanece desde que teve alta, há três meses.
Na Alemanha, os médicos apontaram envenenamento por Novichok, uma substância neurotóxica cujo uso remonta aos espiões da União Soviética. Laboratórios independentes da França e da Suécia também chegaram à mesma conclusão e, por esse motivo, a Rússia anunciou na semana passada a imposição de sanções contra representantes das embaixadas dos três países.
Na segunda-feira (28), o serviço penitenciário da Rússia deu um ultimato a Navalny: caso ele não voltasse ao seu país de origem até o prazo determinado - a manhã desta terça - seria preso por violar uma pena suspensa que ele cumpre devido a uma condenação em 2014.
O blogueiro está cumprindo pena suspensa de três anos e meio de prisão devido a um caso de roubo que ele diz ter motivação política. Seu período de liberdade condicional expirará nesta quarta-feira (30).
Citando um artigo na publicação médica britânica The Lancet, o Serviço Prisional Federal disse que Navalny teve alta do hospital em Berlim no dia 20 de setembro e que todos os sintomas do que o órgão chamou de "sua doença" desapareceram em 12 de outubro.
"Portanto, o condenado não está cumprindo todas as obrigações que lhe são impostas pelo tribunal e está fugindo da fiscalização da Inspetoria Criminal", disse o serviço penitenciário, em um comunicado.