O mais importante nome da oposição ao governo russo, Alexei Navalny, foi envenenado, informou o Hospital Charité de Berlim em um comunicado nesta segunda-feira (24), citando resultados clínicos confirmados por laboratórios independentes.
Embora a substância exata que o envenenou ainda não seja conhecida, acredita-se que seja um inibidor dos nervos, segundo o comunicado do hospital. O documento acrescentou que Navalny continua em coma induzido artificialmente e que "não há perigo agudo para sua vida".
"Os resultados indicam envenenamento por uma substância do grupo de inibidores de colinesterase". De acordo com a agência de notícias Reuters, essas substâncias são drogas que podem aumentar a comunicação entre células nervosas no cérebro e às vezes são usadas para melhorar temporariamente ou estabilizar os sintomas de pessoas com demência. Seus efeitos colaterais incluem vômitos, dor de cabeça e alucinações.
Somente após repercussão internacional e demostrações de preocupação por parte da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Emmanuel Macron, foi que Navalny finalmente recebeu permissão para ser transferido para a Alemanha. Desde que chegou, está sob a proteção da Polícia Federal Criminal da Alemanha, que também fornece segurança para Merkel e outros funcionários do governo.
Navalny, dos maiores críticos do Vladimir Putin, é conhecido por seus vídeos no YouTube expondo corrupção e suborno por políticos, burocratas e oligarcas russos. Ele foi impedido de concorrer à eleição presidencial em 2018 e já foi preso por organizar protestos não autorizados.
O incidente pode prejudicar ainda mais as relações tensas da Rússia com seus vizinhos europeus, que a acusam de ataques a dissidentes na Europa no passado, o que o Kremlin rejeita.
Relembre outros casos de envenenamento ligados à Rússia
Sergei Skripal e sua filha, Yulia
Yulia Skripal vive em Londres, sob proteção do Estado britânico. FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOCK/JC
Em 4 de março de 2018, Sergei Skripal, um ex-espião duplo russo de 66 anos, e sua filha, Yulia, de 33 anos, foram encontrados inconscientes no banco de um parque na cidade britânica de Salisbury, após deixarem um restaurante.
Ambos foram envenenados com Novichok, um grupo mortal de agentes nervosos desenvolvidos pelo Exército soviético entre 1970 e 1980. Foi a primeira vez em que o uso de um agente nervoso de nível militar foi usado em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial. Na época, a premiê britânica Theresa May culpou a Rússia pelo ataque e foi apoiada por aliados europeus e pelos EUA.
Yulia ficou 20 dias em coma. Hoje vive em Londres, em uma localização secreta, já que está sob proteção do Estado britânico. Sergei Skripal, passou dois meses no hospital e, apesar de não se ter notícias, acredita-se que também viva na capital inglesa sob proteção do governo.
Alexander Litvinenko
Alexander Litvinenko, de 43 anos, morreu em 23 de novembro de 2006, depois de 24 dias internado. FOTO: AFP/JC
Ex-agente do Serviço Federal de Segurança russo (FSB, sucessor da KGB), Alexander Litvinenko, de 43 anos, morreu em 23 de novembro de 2006, depois de 24 dias internado em Londres.
Em carta divulgada após sua morte, Litvinenko responsabilizou o presidente russo, Vladimir Putin, pela sua morte.