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- Publicada em 03 de Fevereiro de 2020 às 15:16

Coronavírus: piloto gaúcho contará em livro rotina de isolamento em Wuhan

Hubei tem ruas vazias e rotina alterada com as limitações no transporte e circulação de pessoas

Hubei tem ruas vazias e rotina alterada com as limitações no transporte e circulação de pessoas


Cleiton Calebe Guerra, arquivo pessoal
Thiago Copetti
A rotina de quem viveu no epicentro do contágio do coronavírus, em Wuhan, na China, vai virar livro pelas mãos de um gaúcho, o comandante de aeronaves Mauro Hart. Nascido em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, Hart mora na capital da província de Hubei há cinco anos.
A rotina de quem viveu no epicentro do contágio do coronavírus, em Wuhan, na China, vai virar livro pelas mãos de um gaúcho, o comandante de aeronaves Mauro Hart. Nascido em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, Hart mora na capital da província de Hubei há cinco anos.
No final de semana, os ministérios da Defesa e das Relações Exterior do Brasil anunciaram que mandarão para a cidade um avião para resgatar cerca de 50 brasileiros que estão lá e pediram ajuda do governo, em vídeo publicado no YouTube.
Hart, que vive na Ásia há 11 anos, já escreveu outro livro, Piloto Expatriado, narrando a vida em Taipei, em Taiwan, onde morou por seis anos. Desde janeiro, ele organiza uma espécie de diário de Wuhan, onde conta a rotina de quem vive em uma cidade gigante e isolada do resto do país para controle epidêmico.
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No dia 23 de janeiro, conta Hart, foi decretado o bloqueio da cidade, que começou gradual. Primeiro, foi interrompido o funcionamento do transporte público, foram fechadas as saídas da cidade e apenas carros particulares com autorização passaram a transitar em Wuhan, conta Hart.
No dia 24, o aeroporto da cidade fechou para voos comerciais, passando a ser permitido o pouso apenas de aeronaves de ajuda humanitária e para trazer insumos médicos ou para resgates que alguns países passaram a fazer.
“É uma medida drástica parar uma cidade 11 milhões de habitantes, algo quase inimaginável, mas aconteceu. O governo central da China impôs isso e acredito que seja corretíssimo para conter o avanço da doença”, avalia Hart, que evita ao máximo sair do apartamento onde vive.
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Hart reforçou o suprimento de comida e ficou três dias sem sair de casa até esse domingo. Foto: Arquivo pessoal
Nesse domingo (2), o gaúcho informou à reportagem do Jornal do Comércio que fazia três dias que não saía de casa. Mesmo as idas ao supermercado, são evitadas, e Hart formou um bom suprimento de mantimentos para permanecer em casa por até dois meses.
“Mas estou confortável e mentalmente bem. Dificilmente, o vírus chegará ao meu apartamento, no nono andar, porque ele não permanece suspenso no ar mais do que uns dois metros”, explica.
O comandante de aeronaves elogia o empenho da população chinesa em não sair de suas casas, além do apoio ao bloqueio da cidade, mesmo com as dificuldades enfrentadas. Ele comenta que Wuhan poderá permanecer bloqueada ainda ao longo de todo o mês de fevereiro, pelo menos.
“Não há uma previsão certa, talvez, até por dois meses, a cidade ficará bloqueada. Mas fevereiro é certo. Todos aqui estão empenhados em parar o avanço do vírus, inclusive os estrangeiros. É necessário para que não vire uma pandemia. Foi assim que se venceu a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), em 2003, quando eu também estava na China”, compara o piloto.
Na página Piloto Expatriado, no Facebook, Hart já está narrando a rotina em Wuhan para quem quiser ir acompanhado a história, como spoiler de seu novo livro. A única queixa de Hart é o preconceito. Muitas críticas e mensagens de ódio começaram a surgir nas redes sociais contra os brasileiros que estão pedindo ajuda ao governo. Ele explica que essa é a única forma de deixar a cidade. Mesmo quem tentasse comprar passagens, não conseguiria, já que não há voos comerciais saindo ou chegando na cidade.
"Um número considerável de pessoas expressa esse sentimento (de rejeição) com palavras agressivas. É triste ver isso. Achei que o sentimento das pessoas seria de tentar ajudar", lamenta Hart.
Wagner Dantas, que residia em Wuhan para estudar Mandarim, saiu antes do bloqueio da cidade e conta que a notícia da retirada dos brasileiros pelo governo foi comemorada no final de semana. Atualmente no Vietnã, ele ajuda a coordenar as ações do grupo que publicou o vídeo solicitando apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
“Por sorte acabei saindo antes da quarentena para viajar com minha namorada, logo depois descobri que a havia sido fechada. Mas meus amigos ficaram lá e começamos, de fora, a ajudar quem quisesse sair porque eles ou as famílias estão preocupados. Estão todos muito felizes com a notícia da retirada”, conta Dantas.
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