Quatro governadores celebram os 90 anos de Simon em Capão da Canoa

A comemoração pública dos 90 anos do ex-governador Pedro Simon lotou, neste sábado (1), o Clube do Estádio Mariscão, em Capão da Canoa, cidade onde o político liderou uma caminhada histórica, há 35 anos, em favor das Diretas Já. A homenagem organizado pelo MDB gaúcho, com apoio da Fundação Ulysses Guimarães, também foi responsável por unir na cidade litorânea quatro ex-governadores gaúchos, incluindo Simon: Germano Rigotto (MDB), Yeda Crusius (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB).

Representantes de diferentes partidos (PDT, PP, PSDB e PSB, por exemplo) saudaram a data e lembraram a trajetória do ex-governador, nascido em 31 de janeiro de 1930, em Caxias do Sul. Rigotto, conterrâneo de Simon, que poderá voltar a disputar uma vaga no Congresso nas próximas eleições, se disse um forte apoiador da proposta de Simon referente à Lei Kandir, para que seja usada com compensação às dívidas do Estado com a União. Ele admite que a cobrança em si é pouco ou nada viável, mas a compensação, sim.

“A cobrança dos valores da Kandir é impossível, a compensação, não. Isso significaria anular toda a dívida ou boa parte do montante. E é a união de diferentes esforços que pode levar a isso”, destacou Rigotto.

Yeda, em sua fala, agradeceu ao aniversariante a própria carreira. Disse que foi, inicialmente, pelas mãos de Simon que fez um carreira política tão expressiva. E garante que não foi a única mulher que, graças ao apoio dele, entrou na política.

“Ele sempre foi um apoiador das mulheres na política. Foi pelas suas mãos que eu e muitas outras mulheres estão na política e nas gestão pública”, elogiou Yeda.

Entre as muitas lembranças da importância de Simon para a política nacional e para a democracia, Sartori resumiu o decano como uma “estrutura”. “Ele é uma legenda e uma estrutura sólida, que capacitou muita gente, em diferentes sentidos. E, infelizmente, são líderes como ele o que nos fazem tanta falta hoje”, disse Sartori.

Apesar de ter participado de um encontro político em Capão da Canoa na sexta-feira, o atual governador do Estado, Eduardo Leite, não esteve presente nas homenagens. A agenda oficial do governo do Estado previa a participação de Leite na abertura do 33º Rodeio Crioulo de Vacaria.

Aplaudido e lembrado por diferentes lideranças políticas, amigos e miliantes pelos feitos ao longo de 65 anos de política, Simon é apontado como o governador das Estradas, pela extensão de rodovias pavimentadas em seu governo, e pela criação do Fundopem. Hoje, agrega forças de todos os lados para que a Lei Kandir vire moeda de compensação aos débitos do Estado com a União. Pelas causas que defende e pela imagem que sempre manteve de austeridade, com os recursos públicos e os próprios, foi definido pelo atual presidente do MDB no Estado, o deputado federal Alceu Moreira, como um exemplo atual e necessário.

"Não existe nova ou velha política, existem bons ou maus políticos. E dos bons, Simon é o maior exemplo", resumiu Moreira.

Há 35 anos, em Capão da Canoa, o político liderou uma caminhada histórica em favor das Diretas Já. As imagens da caminhada pela democracia, liderada por Simon no dia 19 de fevereiro de 1984, na beira da praia, se tornaram um símbolo do movimento e da própria trajetória política do também ex-senador.

"A ideia era fazer a caminhada em Porto Alegre, naquela que hoje é a Esquina Democrática, mas as pessoas ainda tinham medo. Viemos, então, para Capão, onde na beira da praia se começou uma caminhada que depois se espalhou pelo Brasil", lembrou Simon.

Foi essa capacidade agregadora de Simon que levou moradores da região, onde ele vive parte do tempo, em Rainha do Mar, e políticos de todo o Rio Grande do Sul e de fora do Estado a se reunirem na manhã de sábado novamente em Capão da Canoa.