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Coronavirus

- Publicada em 25 de Agosto de 2021 às 13:02

Avanço da vacinação e variante Delta: pandemia vive momento de indefinição

Cuidados, como o uso de máscara, seguem sendo indispensáveis

Cuidados, como o uso de máscara, seguem sendo indispensáveis


CHRIS DELMAS/AFP/JC
Juliano Tatsch
A pandemia do novo coronavírus vive um momento de indefinição no Brasil, e, mais especificamente, no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre. Ao mesmo tempo em que a vacinação avança – na Capital já chegou na última faixa etária para a aplicação da primeira dose -, as mutações no vírus Sars-Cov-2 e a disseminação da variante Delta no País faz com que os níveis de alerta e atenção tenham de ser mantidos. Um exemplo disso está no crescimento das internações e Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) na capital gaúcha em razão da Covid-19.
A pandemia do novo coronavírus vive um momento de indefinição no Brasil, e, mais especificamente, no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre. Ao mesmo tempo em que a vacinação avança – na Capital já chegou na última faixa etária para a aplicação da primeira dose -, as mutações no vírus Sars-Cov-2 e a disseminação da variante Delta no País faz com que os níveis de alerta e atenção tenham de ser mantidos. Um exemplo disso está no crescimento das internações e Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) na capital gaúcha em razão da Covid-19.
Em comparação com o pico da pandemia, ocorrido entre os meses de março e abril deste ano, o cenário atual da pandemia no Estado é muito melhor. Há cinco meses, no dia 27 de março, por exemplo, havia 2.634 pessoas internadas em leitos intensivos no Rio Grande do Sul com diagnóstico confirmado pera o novo coronavírus. Nesta terça-feira (24), são 573 pessoas em UTI com a doença.
Em Porto Alegre, o quadro também é bem melhor atualmente. A capital gaúcha chegou a ter 870 pacientes hospitalizados em estado grave em razão da Covid-19 no dia 25 de março. Nesta quarta-feira, eram 176 internados em UTI na cidade com a doença.
A melhora na situação está diretamente ligada ao processo de vacinação da população. Quanto mais os imunizantes chegam aos braços das pessoas, menor é o número dos que adoecem em razão da pandemia. Entretanto, a melhora no cenário somada à consequente liberação de atividades que promovem aglomeração de pessoas e à dispersão da variante Delta pode criar uma mistura potencialmente perigosa.
Para o epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Paulo Petry, uma análise da situação de momento da pandemia no RS precisa considerar dois aspectos. “O primeiro é que a vacina veio em tempo recorde e o Rio Grande do Sul, em geral, vacina muito bem. Demorou, mas, quando as doses chegam, o Estado se mostrou com capacidade de vacinar. As vacinas se mostram muito boas e isso se refletiu nas internações”, observa.
O outro, aspecto, porém, é o que preocupa. Com o tempo de circulação do vírus, ele tende a ter mutações. E foi exatamente isso que ocorreu. “Tivemos um pico em março e abril com a variante de Manaus. E, agora, temos isso com a variante Delta. O cenário é de muitos vacinados, então temos uma certa resistência. Mas é um quadro que preocupa. Mesmo vacinados, devemos continuar nos cuidando. Por isso, vejo com muita preocupação as flexibilizações feitas pelo nosso prefeito. Estamos em um momento delicado”, alerta o doutor em Epidemiologia. Na sexta-feira passada, a prefeitura de Porto Alegre reduziu as restrições para ocupação máxima de pessoas ao mesmo tempo em praticamente todas atividades
A própria vacinação, mesmo que avançando e com um grande engajamento por parte da sociedade, traz desafios aos gestores públicos. Somente em Porto Alegre, por exemplo, conforme o secretário municipal da Saúde, Mauro Sparta, há cerca de 50 mil pessoas com a segunda dose em atraso. Além disso, há aqueles que ainda resistem à serem imunizados e acabam colocando em risco a todos. “A vacina é um bem coletivo. É obvio que ela protege individualmente, mas ganha eficácia quando a coletividade se vacina. Essas pessoas (que não se vacinam) atentam contra a própria vida. A mortalidade da variante Delta é muito maior em que não é vacinado. Então, a pessoa está se expondo como indivíduo. Mas também está expondo a coletividade. A tal imunidade coletiva começa a furar. Se o vírus encontra pessoas suscetíveis, ele tende a se replicar. Elas fazem mal a elas e ao coletivo. A vacinação é um exercício de cidadania”, enfatiza Petry.
Ainda em relação à liberação de atividades e eventos com público, o epidemiologista acredita que é cedo para se avançar nas flexibilizações, inclusive no futebol, como já ocorre em outras cidades como Belo Horizonte e Brasília. “Faço parte da comissão de medicina e saúde da Federação Gaúcha de Futebol. Estamos discutindo isso. Aqui, não recomendamos por enquanto o público, em função dessas novas variantes todas. Vemos com preocupação as flexibilizações. Apesar da vacinação ter avançado, a variante e sua disseminação preocupa. Nos países que vacinaram mais, liberaram o uso de máscaras, e a variante se propagou rapidamente. Estamos observando ainda”, destaca.

“A pandemia vai ter um fim, sem dúvida”

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Epidemiologista da Ufrgs, Petry defende a manutenção das restrições a aglomerações (Paulo Petry/Arquivo pessoal/Divulgação/JC)
O modo como a pandemia do novo coronavírus se comporta dificulta a realização de uma projeção com bom nível de segurança a respeito de quando ela chegará ao fim. Não são poucos os que, inclusive, acham que ela nunca irá acabar, na medida em que o novo coronavírus permaneceria em constante mutação. Paulo Petry, porém, vê o cenário com um olhar mais positivo. "A projeção exata não temos como fazer. Mas se visualiza o fim da pandemia. Ela vai ter fim, sem dúvida. O próprio vírus tem uma capacidade limitada de mutação. Ele não vai ficar em mutação eternamente”, aponta.
O tempo de duração de uma pandemia depende de vários fatores. Ritmo de disseminação, capacidade de mutação do vírus, respeito aos protocolos sanitários, velocidade na criação e aplicação de vacinas, desenvolvimento de medicamentos específicos entre outros. A pandemia do novo coronavírus já dura, no Brasil, quase um ano e sete meses. É bastante tempo, mas não chega a ser um período inédito. A da gripe espanhola, por exemplo, durou mais de dois anos, entre 1918 e 1920.
A pandemia atual, porém, se dá em um momento da história muito diferente. “A disseminação dessa pandemia é mais ágil. Antes era mais lento. A aviação, por exemplo não era tão rápida. Mas, temos a vacina. Fora a Covid-19, a vacina mais rápida na história foi a da caxumba, em 1966, que demorou quatro anos para ser produzida. Nós, em um ano, tínhamos várias vacinas disponíveis. Foi um progresso muito grande”, destaca o epidemiologista da Ufrgs.
Por outro lado, a inexistência ainda de um antiviral com eficácia comprovada contra a doença chama a atenção. Entre as tentativas de uso de drogas para combater o Sars-Cov-2, as que mais geraram debatesse acalorados foram as da hidroxicloroquina e da ivermectina. Defendida ferrenhamente pelo presidente Jair Bolsonaro, a hidroxicloroquina foi usada com alguma frequência no início da pandemia, quando se testavam possibilidades de medicamentos. Com o passar do tempo, porém, provou-se que ela não ter eficácia alguma contra o novo coronavírus. Ainda assim, a defesa do uso da droga permanece. “Diria, sem medo de errar, que houve um grande vencedor: os laboratórios. Se formos pesquisar o incremento de venda desses medicamentos, antes da pandemia era nada. Foram aumentos na casa de 800% de faturamento. E nós perdemos. Eu até entendo, não sou radical, que, no primeiro momento, tenha havido esperança. É natural que haja uma esperança em algum remédio. Eu queria que tivesse funcionado. Nada contra. Mas o que vemos é que se mostrou que não funciona”, conclui Petry.
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