Como suportar o preço do quilo do arroz que não para de subir em Porto Alegre? Esta é a pergunta que domina consumidores desde 2020 e mantém a fervura na largada do ano. E o cenário não é nada apetitoso: a cesta básica da Capital mostrou que o alimento subiu 94,2% em 12 meses e 6,5% somente no mês passado.
Nos supermercados, é difícil conseguir oferta do quilo a menos de R$ 5,00. Quando tem promoção, o estabelecimento limita o número de unidades. A
valorização do arroz, que deve continuar em 2021, está ligada ao aumento das exportações, que ganharam atratividade devido ao dólar e à menor oferta do alimento em regiões produtoras no mundo na pandemia, maior consumo interno e produção que não chegou a ter ampliação para dar conta da demanda aquecida no último ano. O setor
busca crescimento da colheita este ano.
O tamanho da elevação do cereal pode ser medido na comparação com o reajuste médio dos 13 itens da pesquisa que ficou em 1,72% em janeiro. O óleo de soja, que tem alta de 107,6% desde fevereiro de 2020, deu um respiro em janeiro, com o recuo de 3,03%. Já a batata também desafiou os orçamentos domésticos, com alta de quase 10% em um mês e acumulado de 98,7% em 12 meses.
Um item que tem impacto importante na dieta dos gaúchos, a carne, quase não variou no mês passado, com leve avanço de 0,4%. Ainda nas elevações mais impactantes do mês, figuram o quilo da banana, que ficou 6,7% mais caro, o do açúcar, 6,5%, e o da farinha de trigo, 6,24%. O feijão teve acréscimo no valor médio de 1,3%, depois de acumular 63,4% desde fevereiro do ano passado.
Já entre os três alimentos que tiveram redução de preços está ainda o leite, com queda de 2,39%, mas que ainda tem muita "gordura" para queimar, pois chegou a alta de 27,17% em 12 meses. A maior oferta do produto no setor primário também pesa na formação de preço na gôndola.
A cesta ficou em R$ 626,25 na Capital, o quarto maior valor nas 17 capitais incluídas no levantamento do Dieese, que coordena a coleta de informações nos estabelecimentos.
Em 12 meses, o conjunto de alimentos variou 24,51% no bolso dos porto-alegrenses. Foi preciso trabalhar 125 horas e 15 minutos para comprar os ingredientes básicos em um mês. A cesta consome 61,55% do salário mínimo, hoje de R$ 1,1 mil.
Segundo o Dieese, as maiores altas foram em Florianópolis, de 5,82%, Belo Horizonte (4,17%) e Vitória (4,05%). Já teve redução de valor em Natal (-0,94%), João Pessoa (-0,70%), Aracaju (-0,51%) e Fortaleza (-0,37%).