Um problema reportado por diversos setores no Brasil, de dificuldade de reposição de insumos na indústria, vai provocar uma pisada no freio na produção de veículos e adoção de férias coletivas. A fábrica da General Motors em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), cancelou aumento da jornada e marcou descanso coletivo para março.
Indústrias automotivas têm menor estoque na história, diz Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
As medidas foram comunicadas na sexta-feira (8) à direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra). A companhia não informou sobre as decisões que atingem os mais de 5 mil funcionários em atividade no Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (Ciag) que integram a GM e os 18 sistemistas.
Atualmente, são dois turnos de trabalho para montar unidades do Onix. Para se ajustar ao regime de abastecimento de autopeças, foram suspensas uma hora extra diária e trabalho aos sábados que ocorreriam em fevereiro. As férias serão de duas semanas no começo de março, mas podem ser ampliadas em mais uma semana, segundo o Sinmgra.
Em 2019, o complexo estreou nova plataforma de carros, parte do último ciclo de investimentos da montadora no Brasil. O Ciag teve R$ 1,4 bilhão de aportes. A pandemia afetou a produção no primeiro semestre, com interrupção da atividades e depois retomada em ritmo lento. Ainda há 600 empregados que seriam do
terceiro turno em licença remunerada, com prazo até abril, de acordo com acordo firmado entre a empresa e o sindicato.
Além de Gravataí, a unidade da GM em São José dos Campos sofreu impactos e teve de adiar em três dias o retorno do recesso do fim do ano. A retomada foi na quinta-feira passada. Pneus e peças de aço são os itens que mais faltam, mas há escassez de materiais plásticos e vidro.
A Anfavea diz que os estoques são suficientes para suprir 12 dias de demanda. O normal seria ter giro para 30 a 35 dias de vendas. A associação projeta que os problemas com componentes se arraste até fevereiro e relaciona a situação ao recrudescimento da pandemia. Restrições em número de trabalhadores nas linhas e também maiores dificuldades em receber mercadorias dos portos compõem o quadro que leva à desaceleração na produção de veículos.
Com informações da agência Estado