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Energia

- Publicada em 10 de Março de 2019 às 19:43

Nova subestação da Ufrgs acaba com queda de luz no campus do Vale

Estrutura recebeu aporte total de quase R$ 20 milhões, com parte da linha de transmissão subterrânea

Estrutura recebeu aporte total de quase R$ 20 milhões, com parte da linha de transmissão subterrânea


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Quem tem aula no campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), no bairro Agronomia, zona leste de Porto Alegre, sabe que a energia cai nas horas em que mais se precisa dela: nos calores insuportáveis da Capital e temporais. Mas para quem vai começar o ano letivo, uma boa notícia. Apagões agora só se houver alguma queda em linha de transmissão vinda de grandes hidrelétricas ou um blecaute geral.
Quem tem aula no campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), no bairro Agronomia, zona leste de Porto Alegre, sabe que a energia cai nas horas em que mais se precisa dela: nos calores insuportáveis da Capital e temporais. Mas para quem vai começar o ano letivo, uma boa notícia. Apagões agora só se houver alguma queda em linha de transmissão vinda de grandes hidrelétricas ou um blecaute geral.
O campus estreia nesta semana, justamente quando começa o primeiro semestre letivo, sua nova subestação de energia, que recebeu investimento de quase R$ 20 milhões, tem tensão de 69 kV e fez parte do programa Ufrgs Sustentável, voltado à alternativa de redução de uso e de modalidade de fontes de energia. Na passagem de quarta-feira (13) para quinta-feira (14), o campus será ligado à nova estrutura, que já está energizada, com rebaixamento da tensão para 13,8 kV para abastecer a comunidade interna.
"A Ufrgs vai ter uma rede só para ela. Hoje compartilhamos o consumo com outros usuários. Se tiver qualquer problema ou se o consumo aumenta, já era (a luz)", diz o superintendente de Infraestrutura da universidade, Edy Isaías Junior. "A partir de agora a estabilidade será muito maior", assegura Isaías Junior. Outra vantagem do investimento é que a capacidade instalada será de 20 MVA (megavolt ampere), que é de quase três vezes a necessidade normal do campus, que tem sido, em média, de 6 MVA, mas que em dias de pico, chega a 9 MVA, contrasta o titular da Superintendência de Infraestrutura (Suinfra). 
"Vamos ter folga de energia dando condição para a universidade fazer suas expansões por 20 a 30 anos, que incluem novos laboratórios, como a unidade de produção de kits para testes do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Medicamentos (CPDIM), e unidade da engenharia", ressalta Isaías Junior. Muitas das necessidades estavam aguardando maior suporte há uma década, observa ele.
Quando ocorre consumo acima do contratado, há outro efeito colateral indesejado, que é o aumento da conta de luz. A CEEE-D, que é a distribuidora, multa a Ufrgs por consumir mais que o contratado, que são 5,1 MVA. Outro detalhe: independentemente de ter aulas ou não, o campus tem uma demanda permanente de 2 MVA, devido aos laboratórios com equipamentos que nunca podem ser desligados, como ultrafreezers que operam a 80 graus centígrados negativos. "Temos toda a pesquisa da Antártica armazenada aqui", ilustra o superintendente.
Por essa razão também, a instituição de ensino precisa manter 40 grupos de geradores a óleo diesel para suprir a energia quando falta. "Cada vez que cai a energia, é uma continha de R$ 25 mil (com diesel)", alarma-se o gestor. E tem ainda o contrato de manutenção corretiva e preventiva dos geradores, de R$ 40 mil por mês.
Com a subestação, espera-se reduzir essa despesa, além da própria conta com a distribuidora, pois a Ufrgs mudará o status de usuário, ao receber energia bruta e transformá-la. A universidade vai comprar no atacado.
Somente no campus do Vale, que representa 50% da despesa total de R$ 2,5 milhões por mês do estabelecimento federal de ensino, a queda será de 20% no primeiro ano. Depois, a redução pode chegar 40% em toda a Ufrgs, pois a instituição poderá negociar contrato de fornecimento no mercado aberto de energia, que valerá para todo o consumo. "Só com a economia em toda a universidade vamos abater o investimento na subestação em quatro anos", comemora o gestor.

Parte da linha de transmissão teve de ser enterrada e passa sob o Dilúvio

Consórcio com cinco empresas executou projeto, que conecta campus à subestação da CEEE

Consórcio com cinco empresas executou projeto, que conecta campus à subestação da CEEE


MARCELO G. RIBEIRO/JC
O aporte para construir a nova subestação foi bancado com um terço de recursos próprios e dois terços pela União. O projeto e a execução levaram cerca de três anos, entre 2015 e fim de 2018. A contratação foi feita por meio do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) e quem venceu foi o consórcio liderado pela Tecnova Energia e integrado ainda pela Comtrafo, Drilling, Montenge e SPM. A inauguração oficial ocorreu em fevereiro.
A instalação da subestação teve peculiaridades devido à localização do campus, que impôs exigências para licenciamento ambiental na prefeitura da Capital. Para poder puxar a linha de transmissão de três quilômetros, desde a Subestação Porto Alegre 6 (PAL 6) da CEEE até o campus, parte da ligação de cabos teve de ser subterrânea (um quilômetro) e os outros dois quilômetros aéreos.
"Perfuramos até um metro para enterrar os cabos de 69kV, que incluiu um trecho sob o Arroio Dilúvio", descreve Isaias Junior, citando que a tecnologia é de uma empresa italiana (a Prysmian), que tem know how e aporta confiabilidade isolamento necessários. O custo da linha subterrânea representou um terço do valor da obra.
Dentro do programa Ufrgs Sustentável, a instituição deve diversificar as fontes de energia. Estudos já ocorrem para implantar geração fotovoltaica usando telhados como coletoresda Casa de Estudante, no Centro, e em áreas de estacionamento, adianta Isaías Junior. "Ao gerar, vamos aliviar ainda mais a nova conta de luz." Nos meses de janeiro e fevereiro, a Ufrgs reduziu o horário de funcionamento para gastar menos com energia.